
AGÊNCIA CBIC
27/09/2011
Analista prevê BCs cortando juros
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27/09/2011 :: Edição 185 |
Jornal do Commercio RJ/RJ 27/09/2011
Analista prevê BCs cortando juros
A redução na expectativa de crescimento da economia mundial, provocada pelo agravamento da crise nos Estados Unidos e na Europa, deverá levar os conselhos dos bancos centrais de todos os países a afrouxarem suas respectivas taxas de juros a partir de novembro, previu o economistachefe do PNB Paribas, Marcelo Carvalho. "O choque global pode ser entendido como choque negativo de oferta. A priori não parece boa notícia para crescimento econômico, mas ao mesmo tempo pode contribuir para a redução da inflação", explicou o analista.
Segundo Carvalho, a mudança na política monetária feita pelo Banco Central (BC) brasileiro na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deve continuar para amenizar a influencia do cenário externo sobre o crescimento econômico do País. No final de agosto, a instituição financeira diminuiu a taxa básica de juros da economia (Selic) para 12% ao ano. "O cenário internacional está mais difícil para países emergentes e há sinais de desaceleração econômica mais intensos", afirmou. Para ele, a próxima reunião do Copom, em outubro, deve baixar novamente a Selic em 0,5 ponto percentual.
"Prevemos que, até o final do ano que vem, a taxa cairá três pontos percentuais, para 9,5%", disse o analista.
As previsões do PNB Paribas também apontam para uma desaceleração no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional para 3,5% este ano, e abaixo de 3% em 2012. "Hoje temos fundamentos macroeconômicos mais fortes do que no passado e inclusive melhores do que em países desenvolvidos.
Por isso estamos mais preparados para enfrentar esse período de incertezas", tranquilizou Carvalho. Ele ressaltou, entretanto, que a crise internacional deverá trazer consequências para o Brasil, como a inflação acima da meta por tempo maior do que o previsto inicialmente.
"O contexto de inflação pressionada no País é anterior ao agravamento da crise, e tem a ver com o setor de serviços, devido ao aquecimento do mercado de trabalho e aumento real nos salários", contextualizou o economista. Além disso, segundo ele, a desvalorização do real frente ao dólar deverá contribuir para o aumento nos preços.
"Essa pressão deve ser temporária, entretanto, porque o nível de liquidez global está alto, o que atrai capital estrangeiro para o Brasil e valoriza a moeda brasileira em relação à americana", analisou.
DEMANDA. A demanda aquecida não sofre influência apenas de fatores externos, como a frágil situação econômica internacional, mas de políticas econômicas nacionais, como a manutenção da Selic, da taxa de juros cobrada pelos bancos, pela condição de crédito, e confiança da população em relação ao futuro, explicou Carvalho.
"A decisão de consumo depende basicamente de como está o bolso do consumidor final, e nesse aspecto o mercado brasileiro está robusto", disse Carvalho.
O economista-chefe do PNB Paribas afirmou que para o Brasil continuar preparado para enfrentar a crise é primordial que o governo cumpra a meta de superávit primário. "É preciso reassegurar o crescimento do País em suas próprias bases, investir em infraestrutura e em setores que permitam crescimento sustentável de longo prazo, como em educação" exemplificou.
Segundo Carvalho, a maior lição aprendida com a atual crise nos Estados Unidos e na Europa é de que com o quadro fiscal não se brinca. "Se faz necessário esforço para reforçar as contas publicas sem deixar de investir", defendeu. Para o analista, quanto mais apertada for a política fiscal, mais espaço haverá para corte nos juros. "No ano que vem, economia deverá crescer menos e a arrecadação será menor, mas investimentos não poderão ser contidos, até por causa dos eventos que vamos sediar", lembrou Carvalho.
No Brasil, o economista disse acreditar que ainda não há bolha de crédito. "Mas é preciso acompanhar de perto. Crises financeiras são geralmente precedidas por excesso de credito, mas o BC tem adotado medidas macroprudenciais para evitar sua expansão demasiada."
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