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AGÊNCIA CBIC

27/09/2011

Alternativas para baixar o consumo

"Cbic"
27/09/2011 :: Edição 185

 

Jornal Valor Econômico/BR 26/09/2011
 

Alternativas para baixar o consumo

A busca por um uso mais racional de energia elétrica nas residências e edifícios comerciais e públicos deixou, há um bom tempo, de ser assunto para ONGs e universidades e já integra o dia a dia das construtoras. A adoção de tecnologias como os sistemas termosolares que produzem energia térmica a partir da luz solar para o aquecimento de água e os de ar condicionado mais eficientes tornou-se prática bastante difundida nos projetos das construtoras, oferecendo redução do consumo de energia para os usuários das edificações sem comprometer o seu conforto.
 O passo mais recente nessa frente foi o lançamento, em 2009, do Procel Edifica, um subprograma de etiquetagem do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), conhecido pelo Selo Procel, que é aplicado, por exemplo, a equipamentos eletrodomésticos eficientes no consumo de eletricidade. "A etiquetagem tem a função de promover a construção de edifícios mais eficientes, ao estabelecer índices mínimos de eficiência energética a serem aplicados aos novos empreendimentos", afirma Maria Tereza Marques da Silveira, chefe da Divisão de Eficiência Energética em Edificações (DTPE)da Eletrobras. A estatal federal mantém a secretaria-executiva do Procel.
 Maria Tereza lembra que o processo de definição do programa de etiquetagem do Procel para edificações começou em 2001, como consequência do racionamento de energia elétrica. Os técnicos do governo federal identificaram nas edificações, durante o racionamento, um enorme potencial para o avanço na eficiência energética. "Até então, a eficiência energética, que já vinha.sendo considerada uma prioridade em outros países, não estava na agenda do Brasil, que tem uma matriz energética diferente", lembra Roberto Lamberts, coordenador do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (LabEEE), da Universidade Federal de Santa Catarina (USFC), uma referência nessa área. "A indústria da construção tem uma participação de 40% no consumo de energia global" explica Viviane Cunha, diretora da Viviane Cunha e Associados, empresa que atua como avaliadora do sistema de certificação ambiental de edifícios Bream, criado na Inglaterra.
 A definição do programa contou com a participação de universidades entre elas, a USFC e o seu LabEEE tiveram participação destacada na estruturação do programa. As construtoras também participaram, por meio da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). O trabalho resultou no lançamento, em 2009, do Programa Nacional de Etiquetagem de Edificações Comerciais, de Serviços e Públicas e,em2010, do mesmo programa para edificações residenciais. A etiquetagem envolve a classiScação dos edifícios em níveis que vão de A a E, partindo dos mais aos menos eficientes. "Já emitimos 26etiquetas para edifícios comerciais, de serviços e públicos e 54 para edificações residenciais", diz Estefânia Neiva de Mello, arquiteta da DTPE da Eletrobras e colaboradora do Procel Edifica.
 A observação dos padrões instituídos pela etiquetagem resulta em ganhos de consumo de até 50% no caso de edifícios na planta e de 30% em reformas de edifícios já existentes. Segundo informaçòesdaEletrobras,aadesão à etiquetagem é, atualmente, voluntária e a expectativa é que a partir de 2014 se torne compulsória para os empreendimentos novos e também para os retrofitados, diz Maria Tereza. "Para isso, outro importante passo é a implantação do Plano de Etiquetagem de Edifícios Públicos,uma espécie de guia para facilitar e fomentar a etiquetagem nessa esfera", acrescenta Estefânia. Segundo ela, a meta do programa agora é dar continuidade à capacitação profissional e promover o surgimento de organismos de inspeção de etiquetagem de edificações creditados, para ampliar a adoção voluntária da etiqueta.
 Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, diretor do Sindicato da Construção de São Paulo (SindusCon-SP), elogia a iniciativa, mas argumenta que o processo de etiquetagem instituído no Brasil se aplica somente a edificações novas. "Como pegar um edifício antigo e fazer as adaptações necessanas para que possa se adaptar à nova realidade?", questiona. Vasconcellos prevê uma mudança significativa na forma de construção dos edifícios no Brasil até 2020, apesar dos gargalos que vê no processo de etiquetagem de edifícios. "A adaptação às exigências não é fácil", afirma. "Não existem laboratórios certificados pelo Inmetro para fazer a etiquetagem", exemplifica. O diretor do Sinduscon-SP explica também que as análises são realizadas por meio de um software, que faz simulações com o nível de eficiência energética das edificações. A entidade participou do processo de elaboração do sistema de etiquetagem representando a CBIC. "É preciso de gente capacitada para lidar com esse software", diz ele. Vasconcellos lembra que o governo está cuidando do treinamento de pessoal, porém afirma que "esse processo não vai acontecer em um ou dois anos".
 Mas os consumidores estariam dispostos a pagar mais paramoraremumapartamento mais eficiente, do ponto de vista do consumo de energia? Segundo estudos realizados pela Tecnisa Construtora e lncorporadora com 15 de seus projetos voltados para o segmento econômico que tem como alvo famílias com renda a partir de cinco salários mínimos , para se atingir o nível B da etiquetagem do Procel, as mudanças efetuadas no projeto representam um custo extra de 0,5% a 1,5% em relação ao gasto usual; para obter o nível A, o mais alto da etiquetagem, as medidas necessárias oneram os projetos entre 1,5% e 3% do valor normal.
 "Fizemos uma pesquisa sem muito critério científico, mas reveladora, no que tange ao interesse dos consumidores em relação a essa questão", diz o gerente de desenvolvimento tecnológico da construtora, Maurício Bernardes. O público da pesquisa foi um grupo pequeno de clientes interessados na compra de apartamentos do Guarulhos Flex, o primeiro empreendimento da empresa a receber a etiqueta do Procel. "Dos consumidores consultados, 40% já conheciam os atributos do Procel Edifica. Dessetotal,62%afirmaramqueesses atributos influenciariam sua decisão de compra e 65% disseram que estariam dispostos a pagar até 5% a mais por conta desse diferencial", diz Bernardes.
 De acordo com o professor Roberto Lamberts, coordenador do LabEEE/UFSC, não basta as edificações contarem com eficiência energética. "É preciso que as famílias sejam eficientes", diz ele. Lamberts cita um estudo comparativo realizado na Austrália que comparou o comportamento de duas famílias, uma morando em uma edificação eficiente e a outra, em uma residência normal "A família que morava na casa normal tomou a experiência como uma competição e consumiu menos energia que a da casa eficiente", diz ele.
 Assim como o Procel Edifica, os sistemas termosolares vêm ganhando espaço nos últimos anos. Segundo Aldo Passos Batista, diretor-presidente da E2Solar, companhia que fabrica equipamentos de aquecimento solar, já existem leis municipais e estaduais que obrigam o uso de aquecimento solar como forma de otimizar o uso de energia. O aquecimento da água a partir da energia solar, utilizado frequentemente como substituto do chuveiro elétrico nas residências, pode proporcionar uma redução de até 50% na conta de luz. Segundo Batista, a demanda por esses equipamentos tem crescido à ordem de dois dígitos por ano, nos últimos cinco anos. Com os programas de moradia popular, a previsão é de que o crescimento deverá ser duplicado nos próximos três anos, diz ele.
 Outra novidade na área de energia é a ISO 50001, norma de gestão energética considerada maisuminstrumentoimportante para estimular e a distinguir as construções energeticamente eficientes das convencionais. Publicada em junho último pela International Organization for Standardization, a norma vem sendo considerada "a bola da vez" entre os processos de certificação, diz Alair Collaco, especialista em eficiência energética da empresa de consultoria Andrade & Canellas. Ele calcula que uma empresa que venha a ter a certificação obterá, com a observação dos condicionantes para tal, uma redução do consumo de energia de 14% a 15%.

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