Brasil Econômico/BR
Construtoras se voltam para o mercado de alto padrão
Depois de investir no segmento de baixa renda e ficarem com altos estoques de imóveis, elas miram o público A
Passada a euforia com o programa Minha Casa, Minha Vida, que fez muitas empresas apostarem forte em imóveis para a baixa renda, o segmento de alto padrão volta a seduzir construtoras e incorporadoras de peso, além de novas entrantes no mercado.
Por trás disso estão fatores como o aumento da renda média dos brasileiros e a readequação das estratégias das companhias, que amargaram altos estoques de imóveis no segmento de baixa renda.
"A demanda por empreendimento de alto padrão ainda tem muito a crescer, devido ao visível aumento da renda no Brasil e ao crescimento desta fatiada população", disse o vice-presidente financeiro da Cyrela, José Florêncio, sem mencionar números.
Nos últimos cinco anos, o segmento representou, em média, 33% dos lançamentos da empresa. A Cyrela, bandeira de alto padrão do empresário Elio Horn, nunca abandonou sua origem, mas adequou seu plano de investimento à demanda do mercado, injetando recursos na Living e Plano & Plano, voltadas para a classe média, e Cury Construtora, que atua no segmento de baixa renda.
Os lançamentos dos imóveis de alto padrão -que chegam a superar R$ 10 mil por metro quadrado em alguns municípios- se concentram nas duas maiores cidades do país, onde a disputa por espaços é cada vez mais acirrada em bairros como Ipanema e Leblon, no Rio, e Moema, Jardins e Pinheiros, em São Paulo.
Visando esse mercado, a PDG Realty, que tradicionalmente dedica 15% de seus empreendimentos para o setor de alto padrão, avalia expandir sua atuação, ingressando em Belo Horizonte e em Brasília.
"Existe esse plano, mas para o ano que vem", afirmou o vice-presidente de incorporações da PDG, Antonio Guedes, explicando que a empresa ainda terá que adquirir terrenos para os projetos." O segmento de alta renda agrega valor à marca e traz margens boas", disse o executivo.
A margem bruta do setor de alta renda é de 30%a 35% enquanto empreendimentos do programa Minha Casa, Minha Vida oscilam entre 20% a 25%, de acordo com um analista que preferiu não ser identificado.
Segundo o Secovi-SP, o mercado de imóveis residenciais novos na capital paulista teve a maior alta de vendas e lançamentos para o mês de abril desde 2004, de 73,8% em relação a abril de 2012. Não há dados específicos sobre o desempenho por segmento.
A incorporadora norte-americana Related Brasil, que chegou ao país em fevereiro de 2012, quando o boom imobiliário já dava sinais de estafa, lançará este ano dois empreendimentos residenciais em São Paulo com Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 1,4 bilhão, com preços que variam entre R$ 9 mil e R mil reais o metro quadrado.
"São Paulo é uma metrópole como qualquer outra do mundo, com número crescente de milionários, helicópteros e bancos de investimento", disse o presidente da incorporadora, Daniel Citron.
A Related fechou uma parceria com a RealtOn, especializada em venda de estoques de terrenos, que formará uma equipe exclusiva para vender os empreendimentos da incorporadora, contratando 40 corretores até julho. Esses profissionais custam cerca de três vezes mais do que a média do mercado, segundo o presidente da RealtOn, Rogério Santos.
Os terrenos para o segmento de alta renda costumam ser de quatro a dez vezes mais caros do que os voltados para a média renda, enquanto os custos das obras tendem a ser no mínimo o dobro, de acordo com o vice-presidente de Incorporação e Terrenos Urbanos do Secovi-SP, Emílio Kallas. Com a baixa disponibilidade em áreas nobres, as empresas pagam mais caro pelas áreas,mas repassam os valores aos consumidores.
"A gente precisa olhar cem terrenos para fechar um ou dois negócios", diz Citron, da Related. "Mas as pessoas querem morar nessas regiões, perto de tudo e pagam por isso", acrescentou. Reuters e Redação
NÚMEROS
R$ 10 mil
É o preço médio do metro quadrado, ao consumidor final, de residenciais de alto padrão.
R$ 1,4bi
É o Valor Geral de Vendas de de dois empreendimentos residenciais da incorporadora americana Related Brasil, que aportou aqui em 2012
A demanda por empreendimentos de alto padrão ainda tem muito a crescer, devido ao visível aumento da renda no Brasil e ao crescimento desta fatia da população"
José Florêncio
VP financeiro da Cyrela
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