O Estado de S. Paulo/BR
Criação de emprego formal cai 35,6%
Crise na economia mundial abala o Brasil e saldo de vagas com carteira assinada em 2012 mostra o pior resultado em três anos.
João Villaverde e Anne Warth e Eduardo Rodrigues
O saldo de vagas com carteira assinada abertas no País em 2012 foi de 1,3 milhão, informou ontem o Ministério do Trabalho. É o pior resultado desde 2009. Ele representa queda de 35,76% na comparação com o saldo de 2011 e é metade dos 2,6 milhões registrados em 2010. O ritmo do mercado de trabalho no ano passado foi semelhante ao de dez anos atrás. Mas o governo aposta que o resultado será melhor neste ano. Espera-se a criação de ao menos 1,7 milhão de vagas formais em 2013.
"Houve desaquecimento na economia mundial, e o Brasil sofreu também", disse o ministro do Trabalho, Brizola Neto. "Mas as várias medidas tomadas pelo governo ao longo do ano passado vão surtir efeito neste ano, quando a retomada da economia puxará o emprego."
De acordo com o ministro, o resultado verificado em 2012 pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foi especialmente influenciado pelo salto nas demissões registrado em dezembro.
No mês passado, números parciais indicam que houve 496,9 mil mais demissões do que contratações. Os dados finais para dezembro, no entanto, só serão conhecidos nos próximos dias, quando o ministério contabilizar as informações de empresas que despacharam documentos fora do prazo. No entanto, os técnicos descartam uma mudança profunda que faça com que os dados de 2012 superem, por exemplo, aqueles registrados em 2009, ano marcado pela explosão da crise mundial.
Indústria. Foco de praticamente todos os esforços do governo, a indústria de transformação aumentou seu saldo de empregados com carteira assinada em apenas 1% entre 2011 e 2012 – somente 86,4 mil vagas. Fabricantes de calçados, que estão desde o fim de 2011 com o benefício da desoneração da folha de pagamentos, registraram saldo líquido negativo em 2912, com o corte 9,6 mil empregos.
O setor de serviços foi responsável pelo maior número de vagas criadas no ano passado (666,1 mil postos), seguido pelo comércio, que criou 372,3 mil vagas, e pela construção civil, com 149,3 mn empregos formais. Estes dois últimos setores foram inseridos, em dezembro, no Plano Brasil Maior. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, desonerou a folha de pagamentos das empresas do comércio varejista e da construção civil. A medida entra em vigor apenas em abril.
Salários. "Além dos estímulos diretos ao setor produtivo tomadas pelo governo, a própria redução das taxas de juros terá efeito pleno este ano, e isso será crucial para acelerar a contratação de mão de obra", afirmou o ministro Brizola Neto, para quem a boa notícia de 2012 foi a melhora do salário médio de admissão dos trabalhadores. Em média, um trabalhador contratado em 2012 teve salário de R$ 1.011,77 registrado em sua carteira de trabalho, valor superior à média de R$ 96645 no ano anterior.
"Com salários maiores, o consumo vai se manter e, assim, sustentar a atividade econômica", afirmou Brizola Neto, Ele ressaltou que "este processo será ainda mais forte em 2013".
O ministro aposta no poder de fogo dos fundos que estão sob seu controle para acelerar o ritmo das contratações. Os investimentos com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) devem criar 2,74 milhões de vagas formais neste ano, prevê a Pasta, ante 2,61 milhões em 2012.
Já o dinheiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)deve render cerca de 2 milhões de empregos formais neste ano.Crise na economia mundial abala o Brasil e saldo de vagas com carteira assinada em 2012 mostra o pior resultado em três anos.
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