
AGÊNCIA CBIC
Crédito imobiliário avança sem medo da escassez de recursos
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25/07/2012 :: Edição 367 |
Jornal Valor Econômico – 25/07/2012 crédito imobiliário avança sem medo de escassez de recursos Ao que tudo indica, os candidatos a tomar crédito imobiliário não precisam se preocupar. O pânico de a principal fonte de recursos para o financiamento habitacional secar, presente nas discussões dos bancos nos últimos anos, já não existe mais. Antes, todo mundo estava muito preocupado com a questão do 'funding' em razão do crescimento da carteira. Mas isso não existe mais, afirma Octávio de Lazari Junior, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Nós sempre dizíamos que aquele crescimento não se manteria por muito tempo, afirma. O avanço ao qual Lazari se refere é o que pode ser visto no gráfico ao lado. Entre 2003 e 2008, o total emprestado pelos bancos para o brasileiro comprar a casa própria deu saltos incríveis. Nesse período, as taxas de dois dígitos superaram de longe o percentual de crescimento do saldo da caderneta de poupança, a principal fonte dos bancos privados para financiar a compra da casa própria. Nessa época, eu ouvia que a escassez de 'funding' era grave e aconteceria em dois anos. Não aconteceu. Hoje, brinco que estaremos sempre a dois anos de distância dessa escassez de recursos, afirma Marcelo Prata, presidente do Canal do Crédito. Prata chama a atenção para o fato de o saldo da poupança crescer mesmo depois da mudança nas regras da remuneração, em maio. Com a taxa básica de juros, a Selic, a 8% ao ano, os novos depósitos são remunerados a 5,6% ao ano mais a Taxa Referencial (TR). Os depósitos antigos são remunerados a 6% ao ano mais TR. Mesmo ganhando menos e tendo a rentabilidade atrelada à flutuação da Selic até o teto de 8,5% ao ano, o brasileiro tem investido seu dinheiro na caderneta. Um fator que ajuda a explicar essa preferência é a baixa rentabilidade de fundos conservadores, descontados o Imposto de Renda (IR) e a taxa de administração. Os fundos DI e renda fixa mais acessíveis ao investidor do varejo têm taxas de administração muito altas. Acabam não sendo a melhor opção, afirma Marcelo d'Agosto, autor do blog O Consultor Financeiro, no portal Valor . Em junho, o saldo líquido acumulado da poupança era de R$ 353,67 bilhões, segundo os dados do Banco Central (BC). Os passos largos do financiamento habitacional merecem uma ponderação. O crescimento é tão robusto porque a carteira ainda é, na verdade, muito pequena. Um dado que evidencia isso é o estoque total dessas operações, medido pelo BC. De acordo com o relatório mais recente, o crédito habitacional atingiu R$ 229 bilhões em maio. O valor representa apenas 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB). Nessa conta, o BC considera os empréstimos financiados com dinheiro da caderneta de poupança e também do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Cerca de 35% desses recursos vêm do FGTS, segundo a Abecip. E a maior parte desse montante não chega aos bancos privados. Fica com a Caixa Econômica Federal. Segundo Lazari, da Abecip, o setor continua trabalhando para consolidar fontes alternativas de captação de recursos para o crédito imobiliário e criar algumas novas – mesmo não prevendo qualquer sinal de escassez de recursos. Lazari estima a existência de R$ 54 bilhões captados a partir de Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e mais, aproximadamente, R$ 30 bilhões em Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRIs). As LCIs são títulos de renda fixa que podem ser emitidos por qualquer instituição autorizada pelo BC e que tenha carteira de crédito imobiliário. Além dessas duas fontes alternativas de captação, estamos trabalhando na criação da letra financeira imobiliária, afirma o presidente da Abecip. O novo instrumento tem como inspiração os covered bonds, títulos para o financiamento imobiliário na Europa, e vem sendo estudado há pelo menos dois anos. |
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