
AGÊNCIA CBIC
13/06/2012
Rio+20: saiba como economizar água e luz até em favelas
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13/06/2012 :: Edição 337 |
R7/BR 13/06/2012
Rio+20: saiba como economizar água e luz até em favelas
Enquanto na Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável) líderes mundiais discutirão políticas para transformar as atitudes de empresas e governos, cada pessoa pode deixar – com pouco dinheiro – sua casa mais "ecoeficiente", ou seja, gastar menos recursos naturais e gerar menos resíduos.
O R7 convidou um especialista em engenharia ambiental para ir ao Favela Inn Hostel, na comunidade Chapéu-Mangueira, no Leme, na zona sul do Rio. Autor do livro Minha casa sustentável , o arquiteto Heliomar Venâncio deu dicas de como qualquer imóvel pode ser transformado em uma construção sustentável.
O casal Wagner Luiz Machado e Cristiane de Oliveira, administradores do albergue, está reformando o imóvel para atrair mais turistas. Com apoio do Sebrae-RJ (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o projeto tem como objetivo ser um exemplo de que é possível ser sustentável a baixo custo.
Segundo Venâncio, a melhor hora para planejar um imóvel ecoeficiente é antes mesmo de sua construção, quando o investimento será em torno de 8% do valor da casa. Entretanto, caso a residência já esteja pronta, pequenos detalhes e decoração podem ser o caminho.
Wagner e Cristiane, que já usavam a laje da pousada para ser a área de lazer dos hóspedes, reformaram o ambiente tendo em vista um reaproveitamente eficiente: uma porta de blindex virou um tampo de mesa, cadeiras antigas receberam nova pintura, cartões postais e imagens de revistas viraram arte nas paredes e bambus do próprio morro fecharam uma das paredes. Cristiane fala sobre outros planos para unir reciclagem e decoração.
– Ainda vou reformar o sofá e cobrí-lo com calça jeans e faremos uma parede e luminárias de garrafas pet. Essa reforma sustentável mudou toda a minha maneira de pensar até na hora de cozinhar. Com cascas de banana faço um bolo, com casca de laranja e abacaxi faço doces e sucos. Aprendi que nada é lixo.
Para Venâncio, a maior mudança do albergue foi a troca do telhado de amianto por um feito com caixas de leite recicladas.
– Telhas de amianto não são mais permitidas e esquentam muito o ambiente, aumentando o consumo de energia com ventiladores ou ar-condicionado. O telhado feito com caixas de leite recicladas ou pintado com cores claras reflete mais os raios solares, diminuindo a temperatura no interior da casa.
Ecoeficiência da água e energética
Para quem mora em apartamento, também é possível ter um imóvel responsável com o meio ambiente ao adquirir equipamentos ecoeficientes e mudar hábitos de desperdício. O livro Minha casa sustentável aponta, por exemplo, que há diversos tipos de torneira que economizam água. A torneira com aerador reduz em até 30% o fluxo de água, mas dá a impressão de que está saindo mais quantidade.
Entretanto, a economia obtida com a torneira adequada não adiantará, se não vier acompanhada de uma nova forma de agir. Ao deixar a torneira aberta enquanto escova os dentes, o consumo é de 12 litros de água. Fechando-a, o gasto é de três. Além disso, uma torneira com vazamento pode significar perda de mais de 16 mil litros por ano, pois uma gota d"água perdida por segundo chega a consumir 46 litros por dia.
Outra dica do especialista é aproveitar a água da chuva, pois poderá reduzir em até 50% o consumo da água da concessionária e, consequentemente, diminuir a conta. A água pode ser captada do telhado, pátio ou laje e levada até um reservatório simples.
Caso a preocupação seja com a conta de energia, há diversas opções conforme a disponibilidade de investimento. O mais conhecido é o aquecimento solar da água por meio de painéis de energia. O tamanho e a capacidade das placas irão depender do consumo da moradia. Um painel de R$ 3.000 pode levar dois a três anos para compensar o investimento. No entanto, vale lembrar que chuveiros elétricos representam 30% a 40% da energia consumida na casa.
Uma possibilidade de fonte de energia que se destaca é o sistema fotovoltaico, por utilizar os raios solares para transformá-los em energia acumulada em baterias. Contudo, esse tipo de energia requer alto investimento, pois os equipamentos são caros e o sistema ainda foi pouco desenvolvido no Brasil.
De acordo com Venâncio, as vantagens de uma casa sustentável são claras: valorização do imóvel, redução do custo de manutenção, qualidade de vida para os moradores e o bem que se faz à natureza. Ele ressalta que o mais importante não é o dinheiro para se ter um imóvel assim, mas a vontade de obtê-lo.
– Todos podem ter uma construção responsável com o ambiente, depende da vontade de cada um. Acredito que, no futuro, quem não tiver um imóvel assim, vai ser considerado ultrapassado.
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