
AGÊNCIA CBIC
CIE-COIC realiza 50ª reunião ordinária em São Paulo com comitê do Sinduscon-SP

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) realizaram, nesta quarta-feira (25), a 50ª Reunião Ordinária do Comitê de Inteligência Estratégica (CIE) da Comissão de Obras Industriais e Corporativas (COIC/CBIC). O encontro, promovido em formato híbrido, ocorreu na sede do Sinduscon-SP e reuniu representantes dos dois comitês para debater temas estratégicos do setor, com destaque para os impactos da Reforma Tributária nas obras industriais.
O evento marcou a primeira reunião conjunta entre a COIC/CBIC e o Comitê de Obras Industriais do Sinduscon-SP, criado recentemente, consolidando uma agenda integrada e colaborativa para o fortalecimento do setor.
Tiago Rossi, coordenador do comitê paulista, deu as boas-vindas. “Essa iniciativa de promover o encontro entre CBIC e Sinduscon-SP pode trazer muitos frutos. É uma oportunidade de construir agendas em conjunto, buscar sinergias e conhecer os planos de trabalho de cada grupo”, disse.
COIC e os desafios do setor
Na sequência, Ilso Oliveira, vice-presidente da COIC, apresentou os principais projetos da COIC e a relevância do segmento de obras industriais. “O mercado de obras industriais responde por cerca de um terço do setor de construção no Brasil. Estimamos investimentos da ordem de R$ 600 bilhões em CAPEX entre 2025 e 2028. Nosso trabalho tem sido mostrar à sociedade a importância da engenharia, promover alianças e incentivar práticas de gestão compartilhada”, afirmou.
Ilso também ressaltou o papel dos Roadshows organizados pela comissão. “Hoje realizamos o 13º Roadshow e teremos uma palestra imperdível do Tiago Rossi sobre inovação e gestão. Além disso, seguimos estimulando a criação de comitês estaduais, como já ocorre no Paraná, Espírito Santo e agora em São Paulo. O próximo passo será Mato Grosso do Sul”, destacou.
Reforma Tributária e obras industriais
Um dos momentos centrais da reunião foi a apresentação de Fernando Guedes, presidente executivo e vice-presidente jurídico da CBIC, que detalhou os principais impactos da Reforma Tributária no setor de obras industriais.
“A reforma trará uma mudança cultural profunda. Não é apenas uma substituição de tributos, é uma transformação do modelo de negócio. Mesmo com a vigência prevista para 2027, as empresas já precisam se preparar”, alertou Guedes.
Entre os pontos abordados, ele destacou a mudança no regime de não cumulatividade, que deverá trazer mais transparência e permitir o aproveitamento pleno de créditos tributários. Guedes também abordou os desafios específicos envolvendo consórcios, sociedades de propósito específico (SPEs) e sociedades em conta de participação (SCPs), além de regimes especiais como o REIDI e a desoneração de bens de capital.
“Precisamos refletir sobre como essas mudanças afetarão nossos contratos, especialmente nas compras diretas. A lógica tributária muda e isso pode alterar a forma como negociamos com nossos clientes”, concluiu.
Foco técnico e institucional
Tiago Rossi apresentou em detalhes o funcionamento do novo Comitê de Obras Industriais do Sinduscon-SP, que conta com 15 empresas associadas e foca em segmentos como saneamento, papel e celulose, indústria de alimentos e bebidas, química e automotiva.
“Nossa atuação é complementar ao que a COIC já realiza. Enquanto o foco lá está em indústrias pesadas como óleo e gás e mineração, aqui olhamos para setores médios e leves. E sentimos a necessidade de um índice próprio que reflita os custos dessas obras”, disse.
O comitê já estruturou grupos de trabalho para enfrentar temas estratégicos, entre eles a criação de um índice nacional de custos (INCC) voltado exclusivamente para obras industriais e as implicações da Reforma Tributária. À frente do grupo de trabalho sobre a reforma está Marcela Milano, vice-presidente da Matec Engenharia, que tem liderado as discussões com foco na disseminação do conhecimento dentro e fora das construtoras.
“Não podemos restringir esse debate às áreas fiscal e contábil. É fundamental envolver setores como comercial, orçamento e suprimentos. Além disso, precisamos preparar nossos fornecedores, porque a correta gestão dos créditos tributários dependerá também da governança que eles adotarem”, destacou Marcela.
Ela sugeriu ainda a adoção de cláusulas contratuais que prevejam rediscussões em caso de mudanças significativas provocadas pela reforma. “Obras com execução prevista a partir de 2026 precisam já incorporar esse tipo de cláusula jurídica”, disse.
Próximos passos
Encerrando a reunião, os participantes reforçaram o compromisso com o aprofundamento técnico dos temas debatidos e o alinhamento de esforços entre os comitês.
“O trabalho conjunto entre a CBIC e os Sinduscons estaduais tem potencial para transformar a forma como o setor encara seus desafios. Estamos construindo pontes que trarão benefícios a toda a cadeia produtiva da construção industrial e corporativa”, destacou Ilso Oliveira.
O tema tem interface com o projeto “Sustentabilidade das Empresas de Obras Industriais e Corporativas”, da COIC/CBIC, com a correalização do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).