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28/02/2018

Indústria da construção civil debate ética e compliance em Joinville

Joinville recebeu ontem (27/02) a 13ª edição do Seminário “Ética & Compliance para uma Gestão Eficaz”. Promovido pela CBIC e pelo Sesi Nacional, o evento já percorreu várias cidades brasileiras com o objetivo de debater a ética nos negócios e os mecanismos de controle e combate à corrupção. Em Joinville, a iniciativa contou com a parceria do Sinduscon Joinville e reuniu cerca de 80 pessoas no Salão Nobre da Associação Empresarial (ACIJ), além de especialistas sobre o tema.

A jurista Eliana Calmon, ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e especialista em Direito Público Administrativo e Tributário, destacou que ética é questão de sobrevivência. “O brasileiro precisa despertar deste sono profundo e fazer a sua parte. Não podemos mais esperar que o governo resolva tudo. Os políticos não vão mudar. A grande mudança está em nós”, disse. Mencionou as lições deixadas pela Operação Mãos Limpas, realizada há 25 anos na Itália. “Vivemos no Brasil uma situação muito parecida com a da Itália naquela época, mas a diferença é que o mundo mudou. A participação popular é essencial no combate à corrupção. Mais importante do que ser letrado ou especialista em leis é ser cidadão”, defendeu.

Reputação foi outro tema amplamente explorado. Doutor em Ciências Políticas e especialista em Comportamento Eleitoral e Instituições Políticas, Leonardo Barreto lembrou que, sem confiança, a indústria não avança. “Confiança está diretamente ligada à reputação, integridade e compliance. A gestão da reputação é um dos maiores desafios para as empresas”, avaliou, citando pesquisas sobre o tema. “Um estudo sobre integridade e ambiente de negócios revelou que 30% das empresas afirmaram desconfiar já terem perdido um contrato para um concorrente que pagou suborno e 40% disseram ter desistido de um contrato em razão de terem identificado risco de corrupção”, comentou. Consultor da CBIC na elaboração do Guia de Ética & Compliance da Construção Civil, Leonardo lembrou que a intenção do documento é ser um guia prático e aplicável ao dia a dia das organizações.

Para o coordenador do Centro de Apoio da Moralidade Administrativa do Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC), Samuel Dal-Farra Naspolini, a luta pela conformidade jurídica e o cumprimento às leis sempre foi um desafio às atividades produtivas. “A corrupção não é um fenômeno individual e muito menos um desvio de conduta de um único profissional. Infelizmente faz parte da estratégia de muitas empresas que se utilizam deste recurso para a manutenção de negócios. Por isso, a punição para pessoas jurídicas prevista na Lei Anticorrupção pode ser considerada uma revolução.”

“A reputação e a imagem afetam diretamente os negócios e, para a Tigre, temas como sustentabilidade, ética e compliance são considerados pilares de crescimento”, comentou o diretor Jurídico de Relações Institucionais e Compliance Officer da Tigre, Alencar Guilherme Lehmkuhl. Desde 2013, a Tigre conta com um Código de Conduta – atualizado em 2017 – e um Comitê de Ética. “Para ser sustentável, um negócio precisa estar alicerçado em pilares como rentabilidade financeira, respeito ao meio ambiente, responsabilidade social, ética e transparência”, afirmou.

“A história recente nos mostra que a forma de fazer negócios no Brasil precisa mudar e a CBIC defende a concorrência legal. É essencial aprimorar a discussão sobre ética e compliance nas organizações e atuar diretamente na prevenção dos desvios”, enfatizou a presidente do Fórum de Ação Social e Cidadania (Fasc) da CBIC, Ana Cláudia Gomes.

“A sociedade está cansada da falta de honestidade, de compromisso e de valores. Não há mais espaço para desvios de recursos, inverdades e falta de transparência. É preciso modificar este quadro, sob pena de perdermos a esperança de construirmos um país mais justo e igualitário”, avaliou o presidente do Sinduscon Joinville, Mario Cezar de Aguiar.

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