Logo da CBIC
30/06/2021

Conjur debate novas leis e a segurança jurídica na construção civil

Os membros do Conselho Jurídico da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) se reuniram virtualmente na terça-feira (29/06) para discutir previamente os temas do VI Seminário Conjur/CBIC – Construindo o Direito, iniciado ontem, com a aula magna do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), professor Carlos Ayres Britto. Inscreva-se e participe do evento.

O evento 100% online termina nesta quarta-feira (30/06), cumprindo o seu papel de debater as “Novas Leis e a Segurança Jurídica na Construção Civil”. O próximo seminário, em março de 2022, será em Belém/PA.

Já na abertura da reunião, o presidente do Conjur/CBIC, José Carlos Gama, agradeceu o apoio dos conselheiros das entidades de Pernambuco (Ademi e Sinduscon) na execução do seminário.

Sobre Vícios Construtivos, Gama informou que a CBIC deu início a um projeto sobre a temática, em função do número absurdo de ações no País contra a Caixa, principalmente relacionadas ao programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) faixa I.

“O objetivo é tratar o tema, tanto a nível do Executivo, quanto do Legislativo e do Judiciário”, disse Gama. Os quatro grupos criados pelo projeto, de acordo com o faturamento das empresas, serão acompanhados por conselheiros do Conjur, que serão a ponte entre as construtoras e a CBIC. São eles: Carolina Ribeiro Botelho (Região Norte), Raul Amaral (Nordeste), Danila Oleinik (Sudeste), Rosane Machado Carneiro (Sul) e Andrea Mourão (Centro-Oeste).

As empresas do setor ainda podem aderir ao projeto. Confira!

José Carlos Gama, presidente do Conjur/CBIC

Impactos da Lei de Recuperação Judicial

O especialista em Recuperação Judicial, mestre em Direito pela Universidade de Lisboa, Laerte Castro Alves, abordou o tema da Reforma da Lei de Recuperação Judicial, cuja Lei nº 14.112/2020 entrou em vigor em janeiro de 2021, e seus impactos na construção civil.

“A reforma teve como principal objetivo tornar o processo mais eficiente, com maior chance de êxito na recuperação, e celeridade na venda dos ativos, no caso de falência”, frisou.

Dentre os impactos da Lei, Laerte Alves ressaltou a redução de custos com a negociação preventiva e dispensa de editais; maior possibilidade de intervenção da Fazenda Pública na recuperação, e um rápido retorno para o empresário do mercado.

Como principais inovações para o setor, citou: previsão de financiamento para o devedor em recuperação; constatação prévia após a distribuição do pedido recuperacional; definição de vendas de Unidade Produtiva Individual (UPI), e consolidações processuais substanciais, que permitem que um conglomerado de empresas requeira a recuperação judicial dentro de um só processo.

Reforçou que o Patrimônio de Afetação (PA) pode estar sujeito à recuperação judicial, desde que não no formato da Consolidação.

Sobre a importância das soluções consensuais de conflitos na construção civil, o diretor do Instituto Brasileiro de Direito Imobiliário (Ibradim), Arthur Rios Júnior, destacou que o Brasil tem cerca de 80 milhões de processos judiciais e ressaltou a necessidade de segurança jurídica no mercado imobiliário.

Citou que em Goiás há uma grande demanda por mediação e arbitragem e as questões são resolvidas de forma rápida.

As câmaras de mediação e arbitragem foram constituídas por entidades como o Secovi-GO. Atualmente, o quadro é composto por 30 árbitros, que promovem cerca de 8 mil protocolos no âmbito da construção civil e das imobiliárias.

Como vantagem, citou a facilidade de fazer acordos com qualidade de título executivo judicial.

Vícios construtivos na construção civil

O assessor jurídico Felipe Cunha, da Ademi-PE, destacou que as ações sobre vícios construtivos na construção civil estão atingindo todos os estados do país. “São ações subjetivas, com muitas variantes, que têm prejudicado o incorporador”, diz, reforçando que são mais de 80 mil ações apuradas até o momento.

Exemplificou com uma denúncia feita junto a OAB de Pernambuco contra dois escritórios de advocacia que atuam contra incorporadoras, onde se constatou que eles replicaram o laudo de um imóvel para outras 30 unidades. Além disso, informou que a solicitação tem sido de pagamento de indenização por dano moral e não conserto da falha indicada.

Cunha mencionou também processo disciplinar junto ao Crea-PE contra engenheiro que estava em conluio com escritórios de advocacia. Neste sentido, a conselheira Andrea Mourão citou problema enfrentado em Brasília com relação a perito com desconhecimento sobre as normas técnicas.

Relação de Trabalho durante a pandemia

O assessor jurídico Felipe Boaventura (Sinduscon-GO) fez uma apresentação prévia sobre as normas legais que alteraram as relações de trabalho durante a pandemia da Covid-19 e a aplicação das MPs 1.045/21 e 1.046/21 na Justiça do Trabalho e seus impactos na construção civil.

Destacou como uma das principais polêmicas a caracterização da Covid-19 como doença laboral, que resultou na suspensão do art. 29 da MP 927/2020, que disciplinava o reconhecimento do enquadramento do novo coronavírus como doença laboral.

“A jurisprudência, na nossa interpretação, é de que ela tende a aplicar o previsto no art. 20 da Lei 8.213/91 (Lei Geral da Previdência Social), que afasta a caracterização de doenças epidêmicas como acidente no trabalho. A não ser que elas estejam associadas aos riscos específicos da atividade”, disse.

Boaventura informou também sobre como proceder em relação à vacinação, ao retorno dos funcionários do grupo de risco e aos trabalhadores que se neguem a receber a imunização.

Nova Lei de Licitações e suas repercussões para a construção civil

O conselheiro Rafael Mota (Sinduscon-DF) tratou da nova Lei de Licitações, sancionada em abril e com vigência a partir de 2023, e suas repercussões para a construção civil.

Dentre as inovações, destacou que a Lei reuniu o Regime Diferenciado de Contratação (RDC) e o Pregão, deixando de fora apenas a Lei de Estatal.

Rafael Mota ressaltou ainda alguns mantras trazidos pela nova lei, como: sustentabilidade ambiental, diversidade, incentivo ao trabalho no caráter da competitividade, governança e integridade. A lei cria também novos institutos como contratação integrada e sem integrada e conta com um capitulo específico sobre Alocação de Risco.

Demandas Conjur

Ficou acertado que o Grupo Tributário do Conjur/CBIC vai elaborar paper sobre a implicação do segundo pacote de proposta da Reforma Tributária (PL 2337/2021) para a atividade do mercado imobiliário da construção civil a ser enviado aos empresários do setor.

Os conselheiros também foram convidados a apresentar até o dia 9 de julho sugestões de cursos de EAD da CBIC sobre temas jurídicos relacionados ao setor.

Os temas tratados na reunião, coordenada pelo conselheiro Raul Amaral (Sinduscon-CE), têm interface com o projeto “Segurança jurídica na indústria da construção” do Conselho Jurídico (Conjur) da CBIC, em correalização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).

COMPARTILHE!

Agenda CONJUR

Este Mês
Conselho Jurídico
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.