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04/05/2018

GT sobre Conforto Ambiental e Eficiência Energética: lições a partir do Conferência de Windsor 2018 “Rethinking Comfort”

A primeira edição da série de Conferências de Windsor sobre Conforto Térmico foi organizada pelo grupo de pesquisadores na área de conforto da Oxford Brookes University liderado por Susan Roaf e Fergus Nicol e sediada na Cumberland Lodge Conference Centre no Great Park de Windsor, Inglaterra, durante três dias, em agosto de 1994. O formato de “imersão total” da conferência favorece interações sociais informais além das sessões técnico-científicas, em local propício para reflexões e geração de novas ideias. Já nessa primeira reunião, em 1994, notou-se o foco no usuário, com menos atenção a aspectos técnicos relacionados a sistemas artificiais ou naturais de aquecimento e resfriamento.

O mote da última Conferência de Windsor foi o repensar o conforto (“Rethinking Comfort”). Após um século de pesquisa em conforto térmico, os modelos de conforto ainda não são capazes de prever as condições ideais que o garantam.  Ao longo da trajetória científica na área, foram estabelecidos inicialmente métodos baseados em modelos fisiológicos em estado estacionário, com a definição de zonas de conforto cada vez mais restritivas.  Mais tarde, tais métodos foram relativizados, incorporando as influências de contextos locais e regionais e a possibilidade dos ocupantes de gerir termicamente o ambiente construído. Concomitantemente, a pesquisa em conforto passou a ter importância também no âmbito do espaço aberto, para fins de desenho urbano e de previsão de catástrofes, tais como ondas de calor e mudanças climáticas, notadamente em estudos na área de Biometeorologia.

Em espaços abertos, a inadequação de índices de conforto mostrou-se cada vez mais evidente, sendo atualmente generalizado o conceito de calibração de índices térmicos para determinado local e considerando os anseios e preferências da população local. Somada a isso, a abordagem de conforto adaptativo para ambientes naturalmente ventilados flexibilizou a definição de zonas de conforto, que passam de fixas a variáveis, levando-se em conta o potencial de adaptação (sazonal, comportamental) dos ocupantes e demonstrando que, de fato, não existe uma única “temperatura de conforto”.

A condição de conforto deve ser vista como parte de um sistema dinâmico que envolve dimensões psicológicas, locacionais e comportamentais pertencentes a um amplo espectro de contextos culturais e climáticos.  Fatores contextuais influenciam na percepção do usuário de determinado espaço térmico.

Na Conferência de Windsor de 2018, estudos na área fisiológica apontaram para a necessidade em termos de saúde humana de se fugir de padrões rígidos de conforto. Além da necessidade de se estudar os potenciais de adaptação humana frente às mudanças climáticas, alguns estudos apresentados mostram a necessidade de se submeter o corpo a variações térmicas de modo a garantir melhores condições de saúde. Ou seja, a busca até então por monotonia e uniformidade térmica, como a garantida por uma permanente exposição do corpo a ambiente climatizados artificialmente, pode ser prejudicial à saúde humana. Do ponto de vista de gastos energéticos, tal comprovação traz novo ímpeto a iniciativas de conservação, como a garantia de conforto individualizado, por exemplo. Desafios a serem explorados em estudos nacionais nas áreas de conforto, desempenho e eficiência energética.

Nota: a NBR 16401, Parte 2 (Conforto Térmico) está aprovada no CB55 da ABNT, apenas aguardando a conclusão da discussão das Partes 1 e 3  e já incorpora o conhecimento mais recente de conforto adaptativo. A consulta pública está prevista para este ano.

 

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