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15/06/2018

Setor apoia reformulação da Lei de Licitações, mas considera fundamental aperfeiçoamento do substitutivo que aguarda parecer da Comissão Especial da Câmara dos Deputados

Nova lei impactará todas as futuras licitações e contratações públicas do País

Vigente há mais de duas décadas, o Congresso Nacional vem trabalhando para a reformulação da Lei de Licitações (Lei 8.666/93), que vem sendo acompanhado de perto pelo setor da construção. A proposta que ganhou força neste ano, como parte da agenda microeconômica da Câmara dos Deputados, foi validada em 2016 pelo Senado Federal e aguarda aprovação na Comissão Especial da Câmara dos Deputados, destinada a proferir parecer ao Projeto de Lei 1292/1995 que revoga as leis de Licitação e do Pregão e, parcialmente, a Lei do Regime Diferenciado de Contratações (RDC) –, criando normatização única para as modalidades de licitação e contratos da Administração Pública. A ideia é aprovar o PL no plenário da Casa antes das eleições e mandar para anuência final do Senado até o fim do ano, antes de ser encaminhado à sanção do presidente da República.

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) avalia apropriada a criação de um novo marco legal para licitações e contratos – uma das bandeiras da Frente Parlamentar de Apoio à Industria da Construção e do Mercado Imobiliário, lançada nesta semana com apoio da CBIC – para aprimorar a qualidade das contratações com o Poder Público e gerar oportunidades de negócios. Mas, justamente porque ela impactará todas as futuras licitações e contratações públicas do País, reputa fundamental o aperfeiçoamento de alguns pontos do substitutivo do relator, deputado federal João Arruda (PMDB/PR), que deve ser votado na próxima semana, na Comissão Especial presidida pelo deputado Augusto Coutinho (SD/PE).

Para o presidente da Frente Parlamentar, deputado Edmar Arruda (PSD), a nova Lei de Licitações precisa garantir mais transparência e eficiência, bem como contribuir para a redução da burocracia e da corrupção. “Se conseguirmos alcançar esses objetivos, vamos contribuir para a melhoria das políticas públicas”, salientou, completando que “obras atrasadas ou paralisadas são alguns dos graves prejuízos à sociedade que precisam ser enfrentados”.

Na avaliação do presidente da Comissão de Infraestrutura (COP) da CBIC, Carlos Eduardo Lima Jorge, o substitutivo não avança no sentido de corrigir distorções verificadas nos processos licitatórios, que induzem à corrupção. “Ao contrário, cria dispositivos que ampliam essa possibilidade”, alerta. Para Lima Jorge, ao não considerar os princípios de simetria no regime de contratos e de maior segurança jurídica nos processos licitatórios, o projeto não avança em especificar com clareza os encargos e penalizações moratórias, que são devidos pela Administração Pública nos casos de atraso na remuneração do contratado. “A
prerrogativa de atraso, que é mantida para a Administração pública, tem gerado casos de preferências nos pagamentos, o que é inadmissível”, diz.

MERECEM APERFEIÇOAMENTO

Para aprimorar o texto proposto pela Comissão Especial, o setor da construção considera importante a inserção de algumas medidas no PL, como, por exemplo, as referentes a Licitações Internacionais; Processamento das licitações de obras ou serviços de engenharia exclusivamente pelo modo fechado; Detalhamento dos reajustes no contrato e disciplina sobre encargos de mora; Exequibilidade de propostas; Regras mais claras para medição; Regramento adequado para o cumprimento de vagas por pessoa com deficiência; Uso da arbitragem; Não aplicação de descontos lineares, e Critério de julgamento por técnica e preço, sobretudo para contratação de projetos.

Sobre a questão do valor de referência para obras e serviços de grande porte, a CBIC considera fundamental a definição do valor em R$ 300 milhões, já que ele orientará a aplicação de outros dispositivos legais relativos à contratação de grandes obras. O substitutivo estabelece em R$ 100 milhões o valor para contratações de grande vulto. A quantia, no entanto, além de não refletir as diferenças regionais, também não retrata a realidade das obras de construção pesada efetuadas pelo País, que é de mais de R$ 300 milhões.

O setor defende também a supressão de artigos referentes a peculato e estelionato e a criação de crime específico para sobrepreço e superfaturamento, com pena de reclusão de quatro a doze anos, tendo em vista que já há definição legal para os crimes de fraude e licitação.

Quanto ao Licenciamento Ambiental, a sugestão é no sentido de que a obtenção da licença ambiental seja prévia ao edital e de que a licença de instalação já preceda a ordem de serviço. “Isto supriria uma lacuna que tem gerado inúmeros casos de atrasos e paralisação de contratos. É um erro induzir à empresa contratada a responsabilidade pelo licenciamento ambiental. A Administração Pública tem mais competência e rapidez para resolver esse problema”, ressalta Lima Jorge. Para a execução das obras, a defesa é no sentido de que a Administração contratante realize previamente as desapropriações, desocupações ou servidões de passagem necessárias, antes da publicação do edital.

Em relação à garantia de proposta, o setor entende que ela é boa e faz com que as empresas honrem os compromissos assumidos, mas não vê sentido em elevar o valor. Como a garantia já apresenta bons resultados na lei atual, deve ser mantida em 1%. Já em relação à “garantia de performance”, deveria ser exigida para todas as obras. Para evitar a oneração das ofertas e do contrato administrativo, o limite percentual proposto é de até 10% para obras comuns e de 20% a 30% para obras de grande vulto, desde que haja alteração no valor de obras de grande vulto para R$ 300 milhões.

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