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09/11/2020

Artigo – Um panorama sobre a digitalização da construção

Eduardo Tassi Damião é engenheiro civil e mestre pela POLI-USP, especialista em desenvolvimento tecnológico pela Tecnisa e membro do Grupo CBIC Jovem.

Solon da Costa Souza Filho é engenheiro civil pela UFRGS, analista de projetos na Ambar e membro do Grupo CBIC Jovem.

O mundo está mudando cada vez mais depressa, novas tecnologias e soluções digitais surgem cada vez mais rápido, mas segundo estudo da McKinsey e da Deloitte a construção civil ainda é um setor pouco digitalizado e que investe pouco em tecnologia da informação, em comparação com outros outras indústrias.

Em nosso primeiro artigo Digitalização: resistir à mudança é uma alternativa, falamos sobre a importância do setor se digitalizar e trouxemos alguns exemplos de pesquisas que buscaram identificar o panorama de inovação e digitalização do mercado imobiliário e da construção civil.

Neste artigo, iremos nos aprofundar um pouco mais nas descobertas desses e outros estudos sobre os benefícios, as barreiras, as tecnologias adotadas e a maturidade das empresas em relação à digitalização, informações que serão complementadas com os resultados da nossa Pesquisa de Transformação Digital na Construção.

Benefícios

A importância da digitalização no setor não é apenas uma questão conjuntural, ela traz diversos benefícios práticos para as empresas. Analisando dados da pesquisa da Autodesk, na qual participaram 835 empresas de 12 países, sendo 45 brasileiras, e da pesquisa da AECWeb, que teve participação de 500 empresas nacionais, entre construtoras (70% das participantes), incorporadoras, empresas de engenharia, escritórios de arquitetura e empreiteiras, ambas citadas anteriormente, fica claro que a digitalização pode ajudar com um dos principais gargalos do setor: o aumento da produtividade; seja facilitando a gestão de projetos, o controle de custos e prazos, evitando desperdícios ou automatizando processos de uma maneira geral.

Barreiras

Mas se as empresas veem benefícios em se digitalizar, por que ainda estamos atrasados em relação a outros setores? Avaliando os dados da pesquisa da Ernst & Young (EY), na qual participaram empresas com atuação na Europa, América do Norte e Ásia, da pesquisa da British Standards Institution (BSI), que contou com a participação de 100 profissionais do setor e da pesquisa da AECWeb, citada anteriormente, percebemos que os desafios das empresas internacionais e nacionais são similares e que estão principalmente relacionados a limitações orçamentárias, falta de conhecimento em relação às novas tecnologias, preconceitos e cultura interna.

Tecnologias

A transformação digital não é apenas sobre adoção de tecnologias, mas, frente às principais barreiras apontadas, é importante que as empresas entendam quais são as tecnologias envolvidas nessa transformação. Segundo o estudo da BSI, citado anteriormente, a transformação digital da indústria da construção é obtida pela integração de 9 tecnologias principais: IoT; Big Data; Manufatura Aditivada (base da impressão 3D); Automação; Computação em nuvem; Inteligência artificial; Dispositivos utilizáveis (wearables); BIM; Robótica. Mas na visão das empresas do setor, quais trazem mais benefício e podem gerar mais impacto? Separamos resultados da pesquisa da BSI e da AECWeb, já apresentadas, e de um estudo internacional da Deloitte.

Startups e tecnologias

Muitas dessas tecnologias estão embarcadas nas soluções oferecidas por startups e são justamente as tecnologias que empresas do setor gostariam de implantar, caso não tivessem limitações orçamentárias, segundo dados da pesquisa Construção do Amanhã da Deloitte. Mas, apesar das startups facilitarem o acesso das empresas a essas tecnologias e do número de startups brasileiras no setor crescer ano a ano, passando de 700 segundo mapeamento da TerraCotta Ventures, a conexão das startups com as empresas do setor ainda esbarra em falta de equipe e recursos das empresas para se dedicar a esse tipo de atividade.

Maturidade de digitalização

Dado o contexto atual, os benefícios, as barreiras, as tecnologias e a relação com startups, resta ainda entender como as empresas se enxergam em relação ao seu nível de digitalização. A pesquisa da AECWeb apontou que 56% das empresas utilizam alguma solução digital; 31% utilizam apenas WhatApp e e-mail como soluções digitais; enquanto apenas 13% utilizam meio digitais em todos seus processos. Já a pesquisa pesquisa da Thórus procurou entender quais atividades das 167 construtoras e incorporadoras participantes estavam digitalizadas, sendo as mais digitalizadas as atividades de: orçamento de obras; de planejamento e controle; e gestão de documentos. Enquanto as menos digitalizadas são as de: aquisição de terrenos; contratação e treinamento de mão de obra; e captação de recursos. Ou seja, ainda há bastante margem para digitalização das atividades das empresas do setor e o potencial para conexão dessas empresas com fornecedores de soluções digitais.

*Este é o 4º artigo de uma série sobre digitalização produzida pelos membros do CBIC Jovem.

1º artigo – Digitalização: resistir à mudança é uma alternativa?

2º artigo – Inovação: conceitos e modelos para transformar a organização

3º artigo – Oportunidades em meio aos desafios

**Artigos divulgados neste espaço são de responsabilidade do autor e não necessariamente correspondem à opinião da entidade.

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