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24/06/2019

Artigo: Em tempos de sustentabilidade

Ayrton Sérgio Rochedo Ferreira. da Rochedo Ferreira & Consultores, é consultor do projeto Desenvolvimento de Lideranças do Sesi. 

 

Se quisermos pensar mais vinte anos à frente, teremos que incluir “o outro” em nossas preocupações.

O planeta existirá daqui a 20, 200, 2 mil, 20 mil ou 200 mil anos.

Quanto a nós? Nada podemos afirmar.

O planeta não morrerá, embora possa interditar a vida humana na sua superfície.

Para o planeta, tudo é uma questão de química orgânica e inorgânica. 1 milhão de anos é nada no tempo cósmico e nessa fração de tempo universal, o planeta terá se transformado, inteiramente, algumas vezes.

Já a humanidade, quem poderá garantir?

O saco plástico, o material contaminante, o lixo radioativo não fará nenhum mal ao planeta, porquanto tudo é química e como química permanecerá. Mas faz mal a nós. Rouba-nos o oxigênio, nos infecciona de bactérias e vírus e nos fere de morte com raios ultravioleta.

É a vida do outro que está em jogo, quando a minha indústria lança quantidades exageradas de CO2 na atmosfera. São os pulmões do outro que não suportarão tal mistura; já o planeta, transformará tudo em cadeias de carbono e outros componentes químicos.

Deve ser pelo outro, por amor ao outro, que não me permito jogar lixo ao chão, recuso-me a poluir rios, evito desperdiçar água. Porque o “outro” precisa disso, muito mais que o planeta.

Portanto, proteger o planeta só tem sentido na perspectiva de proteger “o outro” que o habita.

Enquanto “o outro” não assumir o primeiro lugar em nossas preocupações, não será o verde do planeta que nos ensinará a viver em comunidade.

Trocar o cuidado com o próximo pelo cuidado com o planeta, talvez seja mais um viés sintomático de nossa grave doença social: a ausência de altruísmo e a dificuldade de admitir o outro como a nossa razão de existir.

Enquanto o cuidado com o próximo implica em dar espaço, dividir, compartilhar, o cuidado com o planeta pode limitar-se a um exercício meramente intelectual, cujo objeto de atenção (a Terra) não nos sujeita às demandas e julgamentos. Afinal, a natureza não demanda, nem julga (embora cobre).

A sustentabilidade é, talvez, o conceito mais virtuoso e grandioso construído pela combinação da inteligência e da sensibilidade humanas. Só não pode tornar-se um conceito reflexo, que nos atinja por circunstância indireta: seremos melhores se cuidarmos bem do planeta? Não! Seremos melhores se cuidarmos bem do outro, objeto inquestionável de nossa responsabilidade. A casa, por consequência, estará sempre bem arrumada no seio dessa virtude.

É fácil e original frequentar cúpulas ambientais. Já, priorizar o próximo é muito difícil em um planeta onde a ambição lembra muito mais selva do que terra.

A conferência Mundial “Rio + 20” ocorreu no Rio de Janeiro em junho de 2012. Desde lá alguns progressos têm se verificado com relação à consciência ambiental e cuidados com o meio ambiente, amparado por providências regulatórias.

A preocupação maior desta reflexão, no entanto, é até que ponto os dirigentes e líderes empresariais e de entidades representativas têm conseguido influenciar a cultura de suas instituições para a formação da “pessoa responsável pelo outro”, além de responsável pelo planeta.

Uma solução viabilizadora para isso é o exercício de lideranças, no seu papel educativo e formador da cidadania, que se reflete nas empresas e na sociedade como um todo.

O projeto CBIC Jovem, que coloca em sua pauta a formação de novos líderes para o Setor da Construção, é um terreno fértil para se cultivar esta consciência no exercício da representatividade.

 

*Artigos divulgados neste espaço, não necessariamente correspondem à opinião da entidade.

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