Novas normas de alvenaria estrutural corrigem antiga distorção
Foram publicadas no dia 10 de agosto as normas ABNT NBR 16868-1 Alvenaria estrutural – Parte 1: Projeto, ABNT NBR 16868-2 Alvenaria estrutural – Parte 2: Execução e controle de obras e ABNT NBR 16868-3 Alvenaria estrutural – Parte 3: Métodos de ensaio, elaboradas pela Comissão de Estudo Alvenaria Estrutural (CE-002:123.010) do Comitê Brasileiro da Construção Civil (ABNT/CB-002). As três partes cancelam e substituem as normas ABNT NBR 15812-1:2010, ABNT NBR 15961-1:2011, ABNT NBR 15812-2:2010, ABNT NBR 15961-2:2011, ABNT NBR 15812-3:2017 e ABNT NBR 16522:2016.
Segundo o coordenador dos trabalhos de elaboração das normas, Guilherme Parsekian – professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) -, o que motivou a nova estrutura unificada e a divisão das partes foi a possibilidade de corrigir uma distorção que havia antes, em dividir normas para projeto e execução de alvenaria estrutural, com textos separados para blocos cerâmicos e de concreto.
“Na realidade, todos os conceitos, modelos, critérios de projeto e execução são os mesmos. Todas as normas internacionais de alvenaria estrutural não fazem essa separação. Mesmo na normalização brasileira, apesar de existirem normas distintas antes desta revisão, os textos das duas normas são muito semelhantes. Essa era uma antiga demanda técnica do setor, que felizmente conseguimos resolver”, destaca.
A ABNT NBR 16868, sob o título geral “Alvenaria estrutural”, tem previsão de conter mais duas partes:
- Parte 4: Estrutura em situação de incêndio;
- Parte 5: Projeto para ações sísmicas.
Sobre essa divisão em partes, Parsekian explica que ela já existia, decorrente do público usuário de cada parte e da organização dos conceitos técnicos.
A parte 3, de métodos de ensaio, estava dispersa em várias normas individuais, uma para cada tipo de ensaio, e foi também unificada e incluída no mesmo número de norma. Isso facilita para quem trabalha na área. As partes 4 e 5 são demandas técnicas atuais, estrutura em situação de incêndio e projeto para ações sísmicas, que precisam ser respondidas. “É um trabalho que está em fase inicial, com contribuições de várias pessoas”, avalia.
O coordenador destaca ainda que são várias novidades na norma, que respondem a dúvidas técnicas que estavam “no ar” e incluindo conceitos não antes previstos.
Na Parte 1, foi incluída importante tabela com recomendação para especificação de materiais, em especial qual valor de prisma razoável a considerar no projeto, e inseridos tópicos que eram de conhecimento de especialistas e de normas internacionais, mas que agora podem ser utilizados por qualquer escritório que acesse a norma. Dentre eles, recomendações para projeto e detalhamento de vigas, para projeto de painéis com ação lateral, para considerar alvenaria participantes em pórticos de concreto ou aço.
Sobre a Parte 2, de execução, Guilherme Parsekian ressalta que a parte de controle de obras foi completamente redefinida, dirimindo dúvidas e lacunas existentes. “Existia controvérsia se as regras para controle da qualidade de bloco existentes nas normas de produto (NBR 6136 e NBR 15270) valiam para obra ou só para fábrica. A norma deixa claro procedimentos específicos para obra, com critérios muito bem estabelecidos. Define questões como necessidade ou não de ensaio de bloco, definição do lote e amostragem. O mesmo vale para argamassa e graute. Na questão do prisma, são incluídas possibilidades, dentro de critérios específicos, para redução no número de corpos de prova, possibilidade de construção de prisma diretamente no laboratório. Em casos de empreendimentos com várias edificações, existe critério para reduzir o número de ensaios após algumas repetições, com resultados satisfatórios”.
Da Parte 3, métodos de ensaio, o coordenador menciona que, além da unificação e melhoria dos textos dos vários tipos de ensaios, duas novidades são o ajuste na forma de cálculo de valor característico, não mais limitado pela média da amostra. “Um ponto importante foi a inclusão de critério para extração de amostras de testemunhos de paredes executadas para permitir determinar através de ensaios a resistências dessas. Ocasionalmente existem situações em que isso é necessário, como em casos de obras que ficaram paradas por muito tempo e perdeu-se o controle inicial (ou esse não existiu), ou em casos em que os ensaios de controle não foram conclusivos. Os laboratórios de controle não tinham respaldo de norma para realizar esse procedimento, e agora terão”, diz.
Importante salientar a não aplicação dessas normas aos projetos de construção que tenham sido protocolados para aprovação no órgão competente pelo licenciamento anteriormente à data de sua publicação como Norma Brasileira, nem àqueles que venham a ser protocolados no prazo de até 180 dias após essa data.
A Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (Comat) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), por meio de seu Grupo de Acompanhamento de Normas Técnicas (Gant), acompanhou todo o processo de elaboração dos Projetos de Norma e divulgou a Consulta Nacional e recentemente a Publicação no Portal de Normas Técnicas da entidade.
Para acompanhar as alterações de normas técnicas do setor da construção, acesse o Portal de Normas Técnicas da CBIC. Através do cadastro gratuito poderá ter mais informações desta e de outras normas da ABNT.
O acompanhamento de normas é parte integrante do ‘Projeto Inovação e Tecnologia’ da CBIC com a correalização do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).