Logo da CBIC
14/04/2025

Infraestrutura enfrenta desafios climáticos com planejamento e ação conjunta

Eventos climáticos extremos já não são exceções: tornaram-se parte da realidade cotidiana das cidades e da infraestrutura nacional. A urgência em lidar com seus impactos foi tema central do painel Plano Clima: A infraestrutura e os eventos climáticos extremos, realizado nesta quinta-feira (10), durante o Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC). Promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o evento acontece em conjunto com a 29ª edição da Feicon, no pavilhão 8 da São Paulo Expo até 11 de abril.

Com a presença de representantes do setor público, da indústria da construção e de especialistas em sustentabilidade, o painel mostrou como o país precisa avançar, com responsabilidade e coordenação, para proteger a população, o patrimônio e garantir resiliência diante das mudanças climáticas.

Vice-presidente de Infraestrutura e presidente da Comissão de Infraestrutura (Coinfra) da CBIC, Carlos Eduardo Lima Jorge abriu o painel destacando que o setor da construção já inclui os riscos climáticos em seus projetos e obras. “As prefeituras estão na linha de frente, lidando com ações preventivas, mas também com os efeitos imediatos de enchentes, quedas de árvores e paralisação de transportes. Não há mais espaço para ignorar os efeitos dos eventos climáticos extremos. Temos a responsabilidade de agir”, afirmou.

Representando o governo federal, Inamara Melo, diretora do Departamento de Políticas para Adaptação e Resiliência à Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente (MMA), reconheceu que o Brasil está atrasado na formulação de políticas estruturadas. “Retomamos a construção do Plano Nacional de Adaptação, com um Comitê Técnico formado por 22 ministérios. Estamos elaborando 16 planos setoriais e temos diretrizes claras para reduzir impactos, especialmente na infraestrutura. Precisamos de um pacto social e político para enfrentar a crise climática com integração e engajamento de todos os setores”, afirmou.

O Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC) é uma realização da CBIC, em parceria com a RX | FEICON, apoio do Sistema Indústria e correalização com SESI e SENAI. O evento conta com o patrocínio oficial da Caixa Econômica Federal e Governo Federal, além do patrocínio da Saint-Gobain, no Hub de Sustentabilidade e Naming Room de Sustentabilidade; do Sebrae Nacional, no Hub de Inovação, e da Mútua, no Hub de Tecnologia. Também são patrocinadores do ENIC: Itacer; Senior; Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, Associação Brasileira das Indústrias de Vidro – Abividro, Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas – Abrafati, Anfacer, Sienge, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex Brasil, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI, Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo – CAU/SP; Multiplan; Brain; COFECI-CRECI; CIMI360; Esaf; One; Agilean; Exxata; Falconi, Konstroi; Mais Controle; Penetron; Seu Manual; Totvs; Unebim, Zigurat; Yazo.

Projetos mais estruturados – Um dos momentos mais marcantes do painel foi o relato do vice-presidente da CBIC e presidente do Sicepot-RS, Rafael Sacchi, sobre a catástrofe climática que atingiu o Rio Grande do Sul em 2024. “95% dos municípios foram afetados. O estado viveu a maior chuva da sua história, com 93% do volume das maiores chuvas globais dos últimos 250 anos”, disse. Sacchi relatou os esforços da construção pesada para reconstruir conexões logísticas e religar estruturas vitais, como as casas de bombas de Porto Alegre. “Foi uma mobilização sem precedentes. A cidade quase colapsou por falta de água. Nós atuamos com rapidez, criatividade e técnica. O poder público tem recursos, mas quem executa é o setor da construção”, destacou.

Para Sacchi, é preciso rever os critérios de dimensionamento das obras. “O sistema de proteção de Porto Alegre foi projetado com base em dados de 1941. A realidade hidrológica mudou. Precisamos de obras mais estruturadas, que considerem a nova intensidade e frequência dos eventos climáticos”, alertou.

O secretário de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo, Marcos Monteiro, compartilhou as estratégias da capital paulista para mitigar os efeitos das chuvas e alagamentos. “São Paulo é cortada por centenas de córregos. Temos um plano robusto de drenagem, com 34 reservatórios, 1.363 km de córregos canalizados e ferramentas como os cadernos de bacia hidrográfica, que já cobrem 40% da cidade”, explicou. Segundo Monteiro, o objetivo é concluir o mapeamento de 100% da cidade até o fim da gestão. “Nossa meta é a resiliência. Buscamos alternativas baseadas na natureza, como parques de infiltração, mas também obras estruturantes, como reservatórios subterrâneos, para reduzir os riscos de alagamento”, completou.

Diretor-executivo da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Marco Antonio Giusti apresentou o trabalho do setor privado na mitigação e adaptação da malha rodoviária. “Realizamos um mapeamento em 28 mil km de rodovias concedidas, identificando 200 trechos críticos e priorizando 40 para investimentos. Precisamos revisar os critérios normativos e incorporar novos parâmetros nos contratos. A infraestrutura rodoviária precisa estar preparada para responder rapidamente aos eventos extremos”, pontuou.

Avançar na prevenção – Vice-presidente de Sustentabilidade da CBIC e presidente da Comissão de Meio Ambiente e Sustentabilidade (CMA/CBIC), Nilson Sarti destacou as ações da entidade em prol da descarbonização e da adaptação. “Estamos incentivando o uso da ferramenta SECARGO para facilitar o inventário de emissões pelas empresas do setor, além de participar dos grupos de trabalho sobre eficiência energética e mercado de carbono”, explicou. Sarti ainda destacou a importância da iniciativa Futuro da Minha Cidade, que promove o planejamento urbano de longo prazo, e mencionou a preparação da CBIC para marcar presença institucional na COP30, prevista para ocorrer no Brasil em 2025.

O painel expôs diferentes visões e experiências, mas convergiu em um ponto: a urgência da ação conjunta e planejada. Com mudanças climáticas cada vez mais intensas, a infraestrutura nacional precisa se adaptar rapidamente, com investimentos, inovação, revisão de parâmetros técnicos e articulação entre os setores público e privado. A reconstrução do Rio Grande do Sul foi o exemplo mais contundente da força do setor da construção para responder à crise, mas também do quanto ainda precisa ser feito para prevenir novas tragédias.

O tema tem interface com o projeto “Infraestrutura como Caminho para Melhoria da Saúde, Segurança e Qualidade de Vida do Trabalhado”, da Comissão de Infraestrutura (Coinfra) da CBIC, em correalização com o Serviço Social da Indústria (Sesi).

COMPARTILHE!

Agenda COINFRA

Este Mês
Comissão de Infraestrutura
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.