Logo da CBIC
16/03/2020

Posicionamento – Retomada das obras: geração de emprego e melhoria de serviços

O Brasil tornou-se um grande canteiro de obras paralisadas e inacabadas. São 14 mil empreendimentos espalhados pelo país – só o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), um dos maiores programas de investimento da história brasileira recente, deixou como herança 4.738 mil obras paralisadas. A retomada e conclusão desses empreendimentos terá um impacto decisivo na recuperação da economia brasileira, pela geração de milhões de novos postos de trabalho diretos e indiretos decorrente de novos investimentos. A solução desse problema, entretanto, exige a união de esforços entre o setor privado e os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em uma concertação que combine vontade política com a construção de soluções diferenciadas.

Estudo produzido para a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) indica que tendo recebido investimento de R$ 70 bilhões, os projetos inacabados do PAC exigiriam outros R$ 40 bilhões para serem concluídos. Na prática significa que essas obras encurtaram o PIB de 2017, momento do exame, em 1,8%, e representam um acréscimo potencial de 0,65% no PIB por ano que não foi realizado. Parados como estão, assim como os demais, tais empreendimentos são um ralo para o desperdício do dinheiro público e deixam de cumprir os objetivos que levaram à sua execução: garantir a competitividade e o crescimento da economia e melhorar a vida da população pela prestação de serviços públicos de alta qualidade e eficiência.

As obras paralisadas entraram no radar de diversos atores e, hoje, mobiliza a atenção do governo federal, dos órgãos de controle e do Congresso Nacional – o debate tem sido amplo, mas ainda não chegamos a ação. Não há iniciativa individual para problema dessa complexidade e magnitude: é preciso a formação de um grupo multidisciplinar, formado por tomadores de decisão que possam discutir e encaminhar soluções em suas esferas com rapidez. Sem isso, continuaremos discutindo e esse patrimônio deteriorando país afora.

Em um cenário de profundo déficit fiscal, a retomada e conclusão de obras paralisadas não acontecerá pelo aporte de dinheiro público, mas é preciso dar à iniciativa privada o apoio e as condições necessárias para assumir a tarefa. Cabe ao Executivo, ao Legislativo e aos órgãos de controle abrir espaço para pactuar mecanismos e modelagens inovadoras que garantam um desfecho que combine transparência, lisura e eficiência para a conclusão e entrega de tais projetos.

Muitos são os critérios que definem uma obra paralisada, mas quatro são os principais motivos da sua existência: a má qualidade dos projetos, o atraso e falta de pagamento, as desapropriações e o desinteresse do ente conveniado. Esses fatores se desdobram em gargalos que, com o tempo, tornam-se intransponíveis: trata-se de dar solução:

  • a revisão de projetos;
  • à contrapartida de Estados e municípios para garantir a atualização de valores e pagamento pelo período paralisado;
  • a recuperação do que estava pronto e se perdeu se a manutenção necessária;
  • o provimento de meios para a formação das equipes necessárias a operação dos empreendimentos;
  • a superação de entraves burocráticos no campo das certidões e outros documentos, assim como do licenciamento;
  • realização de desapropriações totais ou parciais e outros.

Os sinais de recuperação da economia – com juros baixos, inflação controlada e o avanço de uma agenda de reformas estruturantes – ainda não foram suficientes para reverter o alto índice de desemprego. Mais uma vez, a geração sustentada de novos postos de trabalho depende da retomada do investimento. Esse cenário cria um ambiente propício para enfrentar o problema das obras paralisadas no Brasil. Mais otimistas com o futuro, o empresário está mais confiante para tomar a decisão por novos investimentos: no setor da construção isso significa emprego em grande volume e capilaridade, renda e riqueza para o país.

A união de esforços em torno desse desafio é uma oportunidade para corrigirmos os erros do passado. A CBIC tem participado ativamente das discussões e levado sugestões para resolver os entraves e garantir a conclusão das obras paralisadas no país. São muitas as possibilidades, aproveitando inclusive iniciativas pontuais que mostram resultados positivos, como:

  • Criar um modelo de parceria público-privada (PPP) para executar obras nos segmentos da segurança pública, saúde, educação e outros – essa modalidade de investimento, com recursos privados, tem dado bons resultados em Minas Gerais;
  • Utilizar os valores já investidos como contrapartida para concessões e/ou Parcerias Público-Privadas (PPPs);
  • Abrir processo licitatório que receba propostas que terminem as obras e aceitem como contrapartida o valor já investido;
  • Investir em obras que deem resultado mais rápido e com maior impacto econômico e social;
  • Permitir o aumento de endividamento dos municípios, atrelado ao investimento, e com responsabilidade do Executivo nos casos em que o pouco valor necessário para o término garanta retorno significativo;
  • Para municípios sem capacidade de endividamento e que exista a necessidade de rescisão de convênio, criar mecanismo que rescinda, sem necessidade de devolução do recurso ou que o setor público federal complemente os valores faltantes.

A retomada e conclusão de obras paralisadas e inacabadas é um dos desafios mais ambiciosos no Brasil de hoje. O enfrentamento desse problema converge com o esforço para a correção de distorções históricas que tem unido os três poderes. São muitos os benefícios dessa empreitada, especialmente recolocar no mercado de trabalho a mão de obra perdida pela indústria da construção – nos diversos segmentos da sua cadeia produtiva; e resgatar a segurança e dignidade da população. Essa é demanda estratégica para 2020 e estamos preparados para encará-la. Vamos ao trabalho.

COMPARTILHE!

Agenda COINFRA

Este Mês
Comissão de Infraestrutura
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.