Logo da CBIC
10/06/2019

Artigo: O verdadeiro sentido da Parceria Público-Privada

 

Carlos Eduardo Lima Jorge é vice-presidente da área de Infraestrutura e presidente da Comissão de Infraestrutura (Coinfra) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

 

 

Não se trata aqui de comentar o modelo de PPPs instituído no Brasil através da Lei 11.079 de 2004 e que vem regulamentando empreendimentos em diversas áreas desde então. Vamos além disso.

Quando se fala em parceria entre o público e o privado, estabelecemos – ou deveríamos estabelecer – um jogo de equilíbrio entre as duas partes, voltado para o mesmo fim: o sucesso de um projeto, alcançando sua funcionalidade e atendendo satisfatoriamente a determinada demanda da sociedade. Seria o resultado do ganha-ganha.

No entanto essa relação vem sendo dominada por um único foco por parte da administração pública e pelos órgãos de controle – os meios de produção – sem voltar sua atenção aquilo que de fato interessa, qual seja o resultado final da obra ou do empreendimento. Tem valido mais condenar a execução de uma obra por conta da troca de um equipamento do que o custo econômico e social de sua paralisação.

Ao analisarmos os resultados de pesquisa feita pela CBIC sobre mais de 4.700 obras paralisadas em todo o país, alguns motivos tomam lugar de destaque:

  • Falta de repasses
  • Interrupção do fluxo de pagamentos
  • Baixa qualidade dos projetos
  • Problemas com Licenciamento Ambiental
  • Abandono da obra pela empresa

Será que é tão difícil enfrentar esses motivos, propondo medidas que evitem a repetição de paralisações de obras?

E se os instrumentos legais exigissem comprovação da disponibilidade financeira antes da contratação da obra; a efetiva multa e correção pelos atrasos nos pagamentos; a existência prévia das Licenças Ambientais e das desapropriações antes da licitação; a formulação adequada de Matriz de Risco nos editais, promovendo a alocação mais eficiente dos riscos sob responsabilidade de cada parte; a garantia de que os preços ofertados estariam dentro da margem real de exequibilidade, proibindo-se a aplicação do leilão em busca do menor preço?

Sem enfrentar esse conjunto de medidas, plenamente viáveis e que reduziriam significativamente os problemas em obras, o que assistimos por parte de membros do Executivo e do legislativo é a simplificação de soluções através de um único mecanismo: a elevação dos valores das garantias exigidas na contratação dos empreendimentos. Garantias (seguros) essas que perdem sua eficácia por não cobrirem o principal risco nas licitações – os atrasos ou interrupções de pagamentos – além de representarem fator de reserva de mercado.

Enquanto não avançarmos para o verdadeiro sentido de parceria entre o poder público e o setor privado, continuaremos permitindo, ou pior, proporcionando as mesmas condições que vêm sacrificando a sociedade com obras inacabadas.

 

*Artigos divulgados neste espaço, não necessariamente correspondem à opinião da entidade.

COMPARTILHE!
COMPARTILHE!

Agenda COINFRA

Este Mês
Comissão de Infraestrutura
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.