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17/03/2022

Construção civil no RJ registra melhor desempenho desde 2010 e gera mais empregos formais desde 2016

A indústria da construção no estado do Rio de Janeiro registrou, em 2021, o melhor desempenho desde 2010, com crescimento de 7,4%. Além disso, em janeiro deste ano, o número de trabalhadores no setor alcançou o maior patamar desde 2016, totalizando 191.441 vagas formais. Os dados foram divulgados na coletiva de imprensa “Panorama da Indústria da Construção”, que apresentou os impactos do conflito Rússia x Ucrânia no setor e na economia do país, além de empregos, perspectivas e números no Brasil e no RJ. O evento aconteceu nesta quinta-feira (17) e contou com a participação do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, do presidente do Sinduscon-Rio, Claudio Hermolin, do presidente da ADEMI-RJ, Marcos Saceanu, do presidente da Comissão da Indústria Imobiliária (CII/CBIC), Celso Petrucci, da economista da entidade, Ieda Vasconcelos, e do sócio-consultor da Brain Inteligência de Mercado, Marcelo Gonçalves.

De acordo com a economista Ieda Vasconcelos, o estado do RJ conseguiu recuperar a queda de suas atividades registrada em 2020, ano da chegada da pandemia no Brasil. “Assim, depois de recuar 6,9% em 2020, o setor cresceu 7,4% em 2021 e retomou o patamar de suas atividades ao nível pré-pandemia, conforme indicam as estimativas da CBIC. O crescimento do setor, no estado, em 2021, foi o maior registrado desde 2010 (14,2%)”, disse.

Sobre o Produto Interno Bruto (PIB), Ieda afirma que apesar do resultado positivo em 2021, a construção fluminense, assim como no Brasil, ainda não recuperou as perdas observadas em anos anteriores. Segundo ela, de 2014 a 2021 a construção no RJ apresentou retração de 38% no PIB. Nesse mesmo período, o setor, no Brasil, retraiu 26%.

O presidente do Sinduscon-Rio, Claudio Hermolin, ressaltou a força do setor, mesmo durante um período de pandemia, e destacou a importância do setor no Brasil no comparativo com outros estados. “Estamos atrás somente de São Paulo, que é a maior economia do país. Então se nós tivermos ações estruturais para combater ou mitigar parte desses desafios que temos pela frente, como aumento de taxa de juros, custos de construção, inflação, certamente a gente tem capacidade de gerar muito mais PIB e emprego na cidade e no estado, fazendo nosso papel de locomotiva de retomada econômica do nosso país”, ressaltou.

Mercado de trabalho
Já no âmbito do mercado de trabalho no RJ, Ieda Vasconcelos afirmou que o estado registrou, em janeiro de 2022, seu melhor desempenho dos últimos dois anos, conforme dados do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgados pelo Ministério do Trabalho.

“Pela primeira vez, desde janeiro de 2020, o estado registrou um saldo positivo de mais de 4 mil novos empregos no setor. Considerando o período de 25 meses (janeiro de 2020 a janeiro de 2022), a construção civil só não registrou resultados positivos no mercado de trabalho do estado no início da pandemia (março a junho de 2020) e nos meses de dezembro de 2020 e dezembro de 2021, que são considerados sazonais. Ou seja, em um período de 25 meses, os resultados negativos ficaram restritos a seis meses”, explicou.

Ieda ainda apontou que, em janeiro de 2022, o setor contabilizou um saldo positivo de 4.015 novos empregos no estado. “O setor foi o segundo maior gerador de novos empregos formais no estado, ficando atrás somente do segmento de serviços”, afirmou.

Veja na tabela abaixo os saldos de vagas geradas nos segmentos:

Dentro dos serviços especializados para a construção estão: obras de acabamento, com 79 vagas; demolição e preparação do terreno com 173; outros serviços especializados para a construção (como obras de alvenaria, serviços de operação e fornecimento de equipamento para transporte e elevação de cargos e pessoas para uso em obras, entre outros) com 371; e instalações elétricas, hidráulicas e outras instalações em construções com 1.811.

Além disso, o número de trabalhadores formais em janeiro de 2022 (169.324) aumentou 11,54% em relação a janeiro de 2021(151.806). “Considerando a análise dos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e do Novo Caged, o número de trabalhadores na construção civil, no estado do Rio de Janeiro, em janeiro deste ano, alcançou o seu maior patamar desde 2016 (191.441) e foi o segundo maior gerador de novas vagas em janeiro de 2022”, apontou.

Mercado imobiliário
A economista também ressaltou que, apesar da queda registrada em 2021, as vendas de apartamentos na cidade do Rio de Janeiro continuam superando os lançamentos. “Apesar da queda no número de unidades lançadas, o VGV vertical residencial lançado apresentou incremento de 36%, ao passar de R$5,812 bilhões em 2020 para R$7,892 bilhões em 2021”, destacou.

Sobre a evolução do estoque de unidades residenciais novas disponíveis para comercialização, o estudo mostra que, em dezembro de 2021, o estoque de unidades novas disponíveis para comercialização na cidade do Rio de Janeiro era de 11.658 unidades.  Considerando a média mensal das vendas residenciais em 2021 (1.235 unidades), o estoque consegue atender a demanda por 9,44 meses.

No âmbito do mercado imobiliário nacional e da evolução do Índice de Preço de apartamentos x Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), a variação do preço de imóveis residenciais não está acompanhando o aumento dos seus custos, segundo a economista. “Analisando os dados de cinco capitais do País (Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Belém e Belo Horizonte) observa-se que o aumento do INCC/FGV, do 3º trimestre de 2020 até o 4º trimestre de 2021, supera o incremento dos preços. Nesta comparação, a cidade do Rio de Janeiro se destaca como uma das que registrou o menor aumento nos preços dos imóveis residenciais”, disse.

Ainda sobre o tema, o estudo mostra que os preços dos apartamentos não acompanham o incremento do custo da construção. Entre o período de julho de 2020 a dezembro de 2021, o INCC aumentou 21,76%. Neste mesmo período, o preço dos imóveis residenciais novos, na cidade do Rio de Janeiro, registrou alta de 10,57%. “Assim, a elevação do preço dos imóveis não acompanhou a forte elevação dos custos. Portanto, os preços seguem pressionados pelo custo”, afirmou Ieda.

Veja abaixo o aumento de preços de alguns insumos no RJ:

Para o presidente da CBIC, José Carlos Martins, um ponto de atenção foi o aumento nos custos dos materiais. “Foram quase 50% do período de julho de 2020 a dezembro de 2021, referente ao aumento de materiais. Vejam que praticamente não entrou nessa conta a mão de obra, que cresceu muito pouco. Esse ano, sim, ela deve impactar a parte dos nossos custos, porque é natural esse repasse”, explicou.

Financiamentos imobiliários
Em 2021, o número de unidades financiadas com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), no Rio de Janeiro, foi de 17.217, o que correspondeu a uma queda de 20,49% em relação ao ano anterior. O total financiado foi de R$2,942 bilhões, o que representou retração de 5,67% em relação a 2020.

O gráfico abaixo ilustra os financiamentos imobiliários com FGTS e com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE):

Conflito Rússia x Ucrânia e os impactos na economia brasileira
As análises dos efeitos na economia brasileira, do conflito Rússia x Ucrânia, apontam para uma maior pressão inflacionária. A economista da CBIC disse que é preciso ressaltar que o Brasil não cumpriu a sua meta inflacionária em 2021. “E isso deverá acontecer novamente, pelo segundo ano consecutivo. Diante de um teto da meta de 5%, as estimativas para o IPCA já chegam a 6,45%”.

De acordo com ela, os segmentos produtivos, como a construção civil, sempre ficam prejudicados com taxas de juros elevadas, pois os investimentos migram para o mercado financeiro.

“Além disso, menor ritmo de atividade econômica significa menos emprego, menos renda e mais dificuldade para as famílias adquirirem a casa própria.  Outra questão que preocupa o setor é o aumento do preço de commodities como minério de ferro, cobre, alumínio, etc. A elevação mais forte no preço dessas commodities pode contribuir para aumentar a pressão sobre o preço dos insumos, além da possibilidade no aumento do preço do frete, em função do preço dos combustíveis (o que também poderá provocar aumento do custo dos insumos)”, concluiu.

Panorama imobiliário
Durante apresentação da Brain Inteligência de Mercado, o sócio-consultor da Brain Inteligência de Mercado, Marcelo Gonçalves, anunciou um aumento de 17% em empreendimentos lançados, em comparação entre o 4º trimestre de 2020 e o mesmo período de 2021. Já nas unidades lançadas por trimestre, houve uma queda de 22%.

Sobre o Valor Geral de Vendas (VGV) lançado, foi registrado um aumento de 48% comparando o 4º trimestre de 2020 e o 4º trimestre de 2021, o que representou mais de R$ 4 milhões. Na comparação anual entre 2020 e 2021 do VGV, a alta foi de 35,8%.

As unidades vendidas representaram uma baixa de 31% no mesmo período. O VGV vendido resultou em -26%. Já na comparação anual entre 2020 e 2021, o aumento foi de 2,8%. A oferta final fechou em 2021 com -13,8% (11.658 unidades).

O presidente da ADEMI-RJ, Marcos Saceanu, apontou que a visão atual do setor é de oportunidade de compra. “Digo isso por alguns fatores. O primeiro é que estamos em momento de volatilidade geopolítica, econômica, eleições, e certamente a imensa maioria dos nossos clientes não são investidores profissionais, são amadores, e a compra de um imóvel sempre foi e sempre será um porto seguro. O segundo é pelo aumento de custos e a pressão das matérias-primas, que acarretará em um aumento de preço. Então, a próxima safra será com preços maiores do que a safra que aconteceu esse ano. E por esse objetivo, os empreendimentos que foram lançados têm mercadoria disponível a preços ainda antigos”, explicou.

Gonçalves, afirmou que o mercado teve um crescimento nacional expressivo. “Com certeza ajudamos a economia, e não só ajudar a economia, mas fazer a casa própria, que é o sonho de quase todos os brasileiros”, concluiu o sócio-consultor da Brain.

Clique aqui e assista à transmissão da coletiva na íntegra

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