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10/04/2025

No ENIC, reconstrução no RGS mostra força da construção e da inovação modular

A reconstrução de Rio Grande do Sul após a tragédia de 2024 virou um case sobre como a indústria da construção é peça fundamental na reestruturação, tanto da economia como da cidade em si. O tema foi discutido no painel Desafios da industrialização da construção: o que nos ensina a reconstrução no Rio Grande do Sul durante o Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC), na tarde da quarta-feira (09/04). Promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o ENIC acontece em conjunto com a 29ª edição da Feicon, no pavilhão 8 da São Paulo Expo, até o dia 11 de abril.

Claudio Teitelbaum, presidente Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), abriu o painel dizendo que a industrialização das casas foi fundamental para trazer a região de volta à normalidade. Segundo ele, a celeridade permitida com as obras atende a necessidade da população, mas a indústria da construção como um todo também auxilia na retomada da economia. A entidade foi responsável pela construção de um bairro modelo, com 31 casas modulares que foram construídas em tempo recorde e doadas para famílias atingidas pela catástrofe.

“Toda a economia do Rio Grande do Sul foi afetada. Pra gente foi pior do que o covid. Para conseguir atender essa demanda das pessoas, de maneira rápida, pensamos nessas casas parametrizadas, de 45m2 e, para isso, selecionamos mais de 50 sistemas para decidir a melhor opção”, contou. “O governo federal teve uma função importante, porque muitas famílias dependem desse auxílio para a moradia e o valor liberado para essa reconstrução ajudou muito nessa retomada”, afirmou.

O Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC) é uma realização da CBIC, em parceria com a RX | FEICON, apoio do Sistema Indústria e correalização com SESI e SENAI. O evento conta com o patrocínio oficial da Caixa Econômica Federal e Governo Federal, além do patrocínio da Saint-Gobain, no Hub de Sustentabilidade e Naming Room de Sustentabilidade; do Sebrae Nacional, no Hub de Inovação, e da Mútua, no Hub de Tecnologia. Também são patrocinadores do ENIC: Itacer; Senior; Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, Associação Brasileira das Indústrias de Vidro – Abividro, Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas – Abrafati, Anfacer, Sienge, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex Brasil, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI, Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo – CAU/SP; Multiplan; Brain; COFECI-CRECI; CIMI360; Esaf; One; Agilean; Exxata; Falconi; Konstroi; Mais Controle; Penetron; Seu Manual; Totvs; Unebim; Zigurat; Yazo.

Daniel Sigelmann, Diretor do Departamento de Planejamento e Política Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, explicou que a secretaria de Habitação trabalhou sem descanso para garantir a recuperação de Rio Grande do Sul. Na época, o governo federal liberou R$ 3,5 bilhões para habitação popular na região e anunciou a modalidade de compra assistida, liberando recursos de maneira mais rápida para imóveis já disponíveis.

“Dedicamos equipes inteiras para isso porque entendemos a importância desse esforço para que pudéssemos reparar no menor tempo possível a situação. Pelo menos 25 mil unidades habitacionais foram contratadas, principalmente em cidades menores. Inovamos na compra assistida, uma modalidade nova, para que o que estivesse disponível de imóvel fosse colocado dentro do programa e o morador pudesse entrar na casa mais rapidamente”, destacou. “150 pessoas foram colocadas nessas unidades, pagando até 5% a mais em alguns imóveis para que fossem liberados mais rapidamente. Tivemos também a preocupação de aplicar o Minha Casa, Minha Vida como alternativa, porque sabemos que no Brasil, o temporário se eterniza”, disse.

Construção modular – Além disso, a produção industrializada se tornou um marco do progresso da região. Segundo Daniel, o governo federal se aproximou do setor, que sempre teve empreendimentos mais voltados para classe média e alta.

Foi exatamente nessa frente que Edison Tateishi, Diretor de Operações da CMC Módulos Construtivos se destacou. Sua empresa foi responsável por atender o condomínio modelo que entregou 31 casas modulares no Rio Grande do Sul. “Para nós, essas casas de interesse social são uma novidade. É difícil atender pelos preços, mas a gente chegou. Os materiais são caros, mas a gente compensa na mão de obra”, afirmou.

As casas, que segundo ele atendem os valores do Minha Casa, Minha Vida, tem 45m2, dois dormitórios e banheiro, mas o principal é que podem ser montadas em apenas um dia. “Nossa intenção é trabalhar com soluções rápidas e eficientes e de olho na mitigação dos problemas, como menor emissão de gases. As casas tem que ser feitas de maneira rápida. Essas casas foram produzidas um mês após a tragédia. Vem já com todo encanamento e elétrica, e os banheiros feitos em 3D com louça. Tem muita engenharia por trás disso, isso faz com que seja competitiva e todos os requisitos técnicos são atendidos.”

Luciana Alves de Oliveira, pesquisadora e diretora da unidade Habitação e Edificações do IPT, afirmou que a recuperação de RGS trouxe a importância de um crescimento expressivo na construção pré-fabricada, mas pensada de maneira coordenada para que haja um casamento entre todas as etapas da obra. “A gente espera um crescimento expressivo na construção pré-fabricada de 59%. O que precisamos é priorizar processos, trabalhar com modulação e considerar que o crescimento do pré-fabricado é um gargalo que a gente resolve com resoluções interfaces. Temos ainda muita coisa pra trabalhar nessa integração”, afirmou. “Não falamos de um ciclo fechado, mas de diversos fornecedores que precisam se encaixar. Precisamos de uma coordenação modular da cadeia produtiva. A integração das praças é algo que podemos fazer e ir incorporando nas nossas atividades. Intensificar o uso do BIM também é importante para permitir essas interfaces.”

O tema tem interface com o projeto “Segurança Habitacional como Garantia Básica para a Qualidade de Vida e Integridade Física do Trabalhador”, da Comissão de Habitação de Interesse Social (CHIS) da CBIC, em correalização com o Serviço Social da Indústria (Sesi).

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