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08/04/2025

Emissão de carbono custará caro ao setor da construção, dizem especialistas no ENIC

Tema essencial na pauta da sustentabilidade na construção, o controle da emissão de carbono é uma necessidade sem volta e já está no radar das empresas do setor. Este mercado ainda engatinha no país e carrega desafios, mesmo com o reconhecimento de seu grande potencial. Esse tema foi discutido em painel do Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC), na tarde da terça-feira (08/04), reunindo especialistas para traçar um panorama atualizado e antever os próximos passos. Promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o evento acontece em conjunto com a 29ª edição da Feicon, na São Paulo Expo, até 11 de abril.

A sustentabilidade é caminho sem retorno, afirmou Maria Belén Losada, head de novos negócios do Itaú BBA. Segundo a executiva, responsável por análise e avaliação de financiamentos na área, “todos sabemos que a emissão de carbono vai ter custos, mas não se sabe o quanto”. Segundo ela, o descuido agora pode levar as empresas a pagarem taxas no exterior acima do que seria possível com este mercado consolidado no Brasil.

O Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC) é uma realização da CBIC, em parceria com a RX | FEICON, apoio do Sistema Indústria e correalização com SESI e SENAI. O evento conta com o patrocínio oficial da Caixa Econômica Federal e Governo Federal, além do patrocínio da Saint-Gobain, no Hub de Sustentabilidade e Naming Room de Sustentabilidade; do Sebrae Nacional, no Hub de Inovação, e da Mútua, no Hub de Tecnologia. Também são patrocinadores do ENIC: Itacer; Senior; Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, Associação Brasileira das Indústrias de Vidro – Abividro, Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas – Abrafati, Anfacer, Sienge, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex Brasil, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI, Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo – CAU/SP; Multiplan; Brain; COFECI-CRECI; CIMI360; Esaf; One; Agilean; Exxata; Falconi, Konstroi; Mais Controle; Penetron; Seu Manual; Totvs; Unebim, Zigurat; Yazo.

Entre os mercados regulado e voluntário, a estimativa no mercdo financeiro é de que 25% das emissões globais de carbono já estejam no mercado. São cerca de US$ 1,2 trilhão, dos quais o Brasil participa com apenas US$ 100 milhões. A construção civil, por enquanto, está inserida neste contexto como usuária de aço e alumínio, por exemplo.

Gleyse Gulin, advogada especializada em direito ambiental, também palestrante no painel, afirmou que parte deste atraso está na indefinição legal da parte da cadeia de emissão em que o setor será classificado. Projetos de redução de emissão na construção praticamente inexistem, comentou Losada, por falta de volume suficiente de emissão em obras que os justifiquem. O mercado regulado movimentou R$ 25 bilhões em 2023. Em 2030, é esperado investimentos de R$ 35 bilhões. O Brasil tem a meta de zerar a emissão de carbono até 2050. “Temos uma cadeia de valor enorme”, avaliou Gleyse Gulin.

Durante o painel, Felipe Bottini, diretor-executivo de Sustentabilidade da Accenture na América Latina, alertou as construtoras para o fato de que, se não começarem agora a planejarem o controle, com a adaptação de processos, a venda, e até mesmo compra de créditos de carbono, em cinco anos as obras vão custar muito caro. As alternativas, segundo ele, devem ser avaliadas financeiramente. “Se eu gasto 30 para reduzir a emissão, e encontro créditos a 20, por que não comprar, se estamos na economia de mercado?”, provocou.

Vice-presidente de Sustentabilidade e presidente da Comissão de Meio Ambiente (CMA) da CBIC, Nilson Sarti levantou as incertezas criadas a partir da resistência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em apoiar a projetos sustentáveis e abandonar o Protocolo de Kyoto.

A executiva do BBA disse que os Estados Unidos nunca estiveram à frente das discussões sobre o tema, exceto no governo do ex-presidente John Biden, quando o país criou programas relevantes na área. “Os Estados Unidos, saindo agora, não significa que os outros deixarão de fazer o que acreditam que devem. O problema não vai embora, é um desafio geracional”, finalizou ela.

O tema tem interface com o projeto “Descarbonização e Integração aos Compromissos da COP 30”, da Comissão de Meio Ambiente e Sustentabilidade (CMA) da CBIC, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

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