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14/05/2020

Reciclagem ainda é um desafio para a população brasileira

A Política Nacional de Resíduos Sólidos completa 10 anos no próximo mês de agosto, mas ainda enfrenta desafios, considerando que ela previa zerar, até o final deste ano, o envio de resíduos para lixões e aterros sanitários do País. Segundo o Índice de Sustentabilidade Urbana (ISLU), formulado pelo Sindicato Nacional de Empresas de Limpeza Urbana e pela PwC Brasil, o percentual médio da cobertura da coleta do lixo no País em 2019 se manteve em 76%. Dos municípios cobertos, 51% ainda destinam o lixo incorretamente, e apenas 3,9% dos resíduos coletados são reciclados.

Uma pesquisa do Ibope, realizada no ano passado, sobre a relação que os brasileiros têm com o lixo que geram revelou que 88% das pessoas ouvidas consideram os cuidados com o meio ambiente uma das maiores preocupações da atualidade.

A mesma pesquisa, no entanto, apontou que 66% dos entrevistados disseram saber pouco ou nada sobre coleta seletiva e reciclagem, e 76% admite não fazer qualquer separação de resíduos em suas residências. O estudo ouviu 1.816 pessoas em todos os estados e no Distrito Federal.

Os números da pesquisa mostram uma clara discordância entre o que pregam as pessoas e suas reais práticas em favor do meio ambiente. Uma das explicações de muitos especialistas para o problema é que no Brasil, apesar da existência de uma Política Nacional do Resíduos Sólidos que prevê a implantação da coleta seletiva em todo o País, criada em 2010, a prática sustentável é pouco incentivada.

Segundo relatório da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), cada brasileiro gerou 378 quilos de resíduos no ano de 2017, um volume que daria para cobrir um campo e meio de futebol.

Outro estudo, porém, o Cempre Review 2019, realizado pela associação Compromisso Empresarial para Reciclagem, revela que somente 17% da população brasileira têm acesso a programas municipais para separação do lixo e sua devida reciclagem.

 

Goiânia é um exemplo a ser seguido

Goiânia é uma das poucas cidades no País que tem esse serviço em todos seus bairros. A meta para a capital de Goiás, estabelecida no Plano Nacional de Resíduos Sólidos, é de que um mínimo de 15% dos resíduos recicláveis seja reaproveitado, ainda sim o município trata apenas 5% desse material.

Projetos da iniciativa privada podem servir de exemplo para o poder público, como o que é feito no Residencial Aldeia do Vale, na região leste da cidade. O condomínio horizontal possui o serviço de coleta seletiva desde a sua inauguração.

De acordo com o supervisor do núcleo de conservação, limpeza e meio ambiente do residencial, Eustáquio Teixeira Júnior, os moradores fazem a separação do lixo orgânico, reciclável e sanitário diariamente, gerando um volume mensal de aproximadamente 70 toneladas de lixo orgânico e 11 toneladas de reciclável.

“A ação acaba gerando economia para o condomínio, já que temos que arcar com a quantia de R$ 90,00 por tonelada de resíduos, quando enviamos o material descartável para o aterro sanitário”, revela.

O supervisor afirma que a iniciativa, além de orientar o morador para o descarte consciente e correto, informa os cidadãos sobre a quantidade de materiais reaproveitáveis e a importância de diminuir o volume de resíduos enviados ao aterro sanitário da cidade.

“O volume do lixo separado aumentou consideravelmente nos últimos anos. E para acelerar o processo, o Aldeia vem intensificando as ações de orientação e conscientização dos moradores”, diz Eustáquio.

A coleta seletiva no condomínio é feita diariamente no período da manhã e parte da tarde. Em paralelo disponibilizamos uma coleta de móveis e eletrodomésticos velhos passando em todas as ruas uma vez por semana ou com agendamento prévio. A seleção do material é realizada todos os dias pela tarde, quando plástico, vidro, papelão e metal são devidamente separados para, posteriormente, serem comercializados com empresas de reciclagem.

 

Compostagem reduz custo de envio de massa verde para aterro

Outro serviço importante de reciclagem é a compostagem. Todos os meses são recolhidas cerca de 270 toneladas de massa verde, que é composta por podas de grama, cercas viva, folhas e galhas trituradas. Mas, ao invés de irem para o aterro, esse material é transformado em adubo orgânico, fertilizante e condicionador de solo.

O composto é usado para adubar os jardins privados e da área comum do Aldeia do Vale. “Trata-se de um ganho inestimável, pois retornamos para a natureza aquilo que retiramos por questões de estética. Ao invés de enviar e descartar a massa verde no aterro, a compostagem traz nutrientes para nosso solo e plantas”, explica Eustáquio.

O processo ocorre em uma área de 25 mil metros quadrados ao lado do condomínio horizontal. O material orgânico produzido é destinado para áreas comuns e parte é fornecida aos moradores cuidarem de seus jardins privativos. Além do benefício ambiental, a compostagem custa cinco vezes menos do que levar a massa verde para o aterro, gerando assim economia para o residencial. “Sem falar que, sem a compostagem, teríamos de comprar adubos para nossos jardins”, diz ele.

Com 4,5 milhões de metros quadrados, o Aldeia do Vale tem como proposta promover a integração entre as moradias e a natureza local, que conta com 16 ambientes naturais, entre parques e Área de Proteção Ambiental (APP) que são habitats da fauna e flora do cerrado goiano como as emas, capivaras e uma grande diversidade de pássaros.

 

(Com informações da Comunicação Sem Fronteiras)

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