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30/05/2018

CBIC lança segunda edição do Manual do Projeto O Futuro da Minha Cidade

Entidade avalia andamento da iniciativa com as cidades participantes e define ações futuras, durante workshop em Uberlândia/MG

 Após seis anos do projeto “O Futuro da Minha Cidade”, criado em 2012 com o objetivo de desenvolver e fortalecer o protagonismo na sociedade civil organizada para pensar e atuar no planejamento de um futuro de pelo menos 20 anos para as cidades, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), por meio da sua Comissão de Meio Ambiente (CMA), com a correalização do Sesi Nacional e patrocínio nacional da Caixa Econômica Federal, lançou ontem (29/05) a segunda edição do Manual do Projeto. A publicação apresenta novos conhecimentos sobre governança compartilhada e mobilização da sociedade civil. O lançamento ocorreu durante o II Workshop “O Futuro da Minha Cidade – Resultados e Ações Futuras”, em Uberlândia/MG, ocasião em que também foram avaliadas as realizações efetivas até o momento e os desafios que estão porvir.

A iniciativa já conta com a adesão de 23 cidades e centenas de “apaixonados”, que decidiram ser protagonistas e, assim, liderar mudanças para melhorar a qualidade de vida da população local. Ao buscar a formação, organização e protagonismo da sociedade civil na gestão das cidades, o projeto defende que ela seja constituída por uma governança capaz de planejar o futuro, de forma a organizar as escolhas feitas no presente, levando em consideração desafios e seus potenciais. A sociedade também deve ser capaz de acompanhar e monitorar o poder público no desenvolvimento de suas ações em direção ao planejamento.

A publicação destaca, entre outros, a importância da participação das mulheres e dos jovens na formação de governanças da sociedade civil, bem como defende o desenvolvimento do empreendedorismo cívico-social para manter e evoluir com o capital social, indispensável para a perenidade da governança.

Ao comentar o manual, a arquiteta e urbanista Marcela Arruda deu exemplos de como pensar o processo proposto pelo projeto de ouvir, planejar, gerenciar e continuar. Arruda apresentou vários projetos ligados ao empreendedorismo social, que envolvem a comunidade e fazem com que as pessoas participem. A arquiteta e urbanista analisou ainda os impactos da urbanização das cidades e a desigualdade urbana e territorial, produto do processo de urbanização. Também deu dicas de como atualizar o patrimônio existente, trazendo-o de volta para o desenvolvimento da cidade e como reconhecer os recursos que já existem e que foram esquecidos ou abandonados por alguma razão. Provocou os presentes sobre a necessidade de pensar formatos, mas também temáticas para criar cidades que aspiram inovação e participação cidadã.

“Esse momento de crise – greve dos caminhoneiros – é reflexo da falta de diversificação dos modelos”, destaca Marcela Arruda, reforçando que o País colocou todas as fichas em uma só matriz – modelo rodoviário – e que é preciso entender a lógica da diversificação.

PENSANDO O FUTURO

Ao falar sobre o andamento do projeto, o consultor Silvio Barros enfatizou a importância do exercício de futurologia, para ter previsibilidade do que serão as cidades em 2038. “A melhor maneira de prever o futuro é cria-lo”, mencionou, citando Peter Drucker. “O projeto trabalha com um futuro de 20 anos, que superará a gestão pública do momento. Para que dê certo, a sociedade tem que ter coragem e disposição de ser parceira dos políticos, que têm o poder de decisão – concedido legitimamente pelo voto – indicando a eles onde está o problema e qual é a solução”, disse.

Integram o projeto, as cidades de Aparecida de Goiânia (GO), Belém (PA), Bento Gonçalves (RS), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Cascavel (PR), Caxias do Sul (RS), Chapecó (SC), Goiânia (GO), Itapema (SC), João Pessoa (PB0, Joinville (SC), Manaus (AM), Natal (RN), Porto Velho (RO), Santa Cruz do Sul (RS), Santa Maria (RS), São Gonçalo do Amarante (CE), São Luís (MA), Teresina (PI), Uberlândia (MG), Vitória (ES) e Volta Redonda (RJ). Destas, 14 cidades deram continuidade ao projeto após o evento de sensibilização e mais de 60% estão com ações em andamento para a implementação do projeto.

Ainda pensando no futuro e citando a greve dos caminhoneiros, Silvio Barros questionou sobre em que momento falou-se em novo modal de transporte. “Temos pessoas pensando para trás (nos problemas) e em nenhum momento para frente. O que vai acontecer com a sobrevivência da sociedade se nada mudar? ”, enfatizou.

Num exercício de futuro, questionou como as cidades estão se preparando para os impactos que surgirão, por exemplo, com a ampliação dos home offices e a eliminação de milhões de empregos com a ampliação da robótica. Reforçou a importância das cidades pensarem no plano diretor, no plano de mobilidade, no plano de gerenciamento de resíduos, no plano de adaptação de mudanças climáticas, no desenvolvimento econômico, na educação e na saúde sob a ótica do que ocorrerá nos próximos anos

Citou, como exemplo, o levantamento desenvolvimento pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Paraná sobre todas as cidades do Estado que são cortadas por rio, que demonstram as áreas inaptas, aptas, com restrição e aptas para uso e ocupação de solo a fim de orientar as prefeituras onde podem ou não fazer equipamentos públicos. “Será que as decisões que estamos tomando hoje são as corretas? Se queremos efetivamente construir um país com perspectiva, vamos fazer isso num exercício de cidadania a partir das cidades. É nisso que a CBIC está apostando”, enfatizou.

 

IMPORTÂNCIA DO PROJETO

Ao ressaltar a importância da iniciativa, o presidente do Grupo Algar e presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Uberlândia (Coden Uberlândia 2.100), Luís Alberto Garcia, destca que o desabastecimento vivenciado pelo Brasil é consequência da falta de previsão de futuro. “Se tivéssemos um País sério, com dinheiro suficiente para manter o almoxarifado dos hospitais e das escolas, com produtos para 15 dias, as consequências da greve seriam minimizadas”, aponta.  

 “Precisamos de planejamento, de pessoas que dediquem parte do seu tempo para pensar na cidade”, destacou o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (Sinduscon-TAP), Pedro Spina, reforçando que toda a sociedade local está representada no Codese-Uberlândia. “Estamos exercendo o direito de pensar a nossa cidade”, disse.

 O vice-prefeito de Uberlândia, Paulo Sérgio Ferreira, agradeceu a CBIC pela iniciativa e pelo importante trabalho desenvolvido para o País. “Quando o Coden foi lançado em Uberlândia, eu era empresário, representante de entidade, e hoje estou como vice-prefeito, representando o setor público. O importante é que existem pessoas que estão pensando o futuro da nossa cidade e do nosso País.

 

AVALIANDO O PROJETO

Ao avaliar o andamento do projeto, em Uberlândia – cidade modelo – o presidente executivo do Coden Uberlândia 2100, Dilson Dalpiaz, mencionou que o projeto surgiu da convergência de propósitos entre o projeto O Futuro da Minha Cidade e os 80 anos de Luís Alberto Garcia, com a experiência do Algar 2100. Disse que o planejamento levou seis meses. “Nada de grande é construído sem paixão”, disse, reforçando que a sociedade tem que ser protagonista e trabalhar em parceria com o governo, as empresas e as universidades.

O projeto da CBIC surgiu da experiência bem sucedida da cidade de Maringá-PR, por meio do seu Conselho de Desenvolvimento Econômico (Codem), que possui um caráter deliberativo e consultivo e tem como finalidade propor e fazer executar política de desenvolvimento econômico, social e planejamento urbano e tem como características a participação voluntária, visão de futuro e planejamento, suporte técnico profissional, representatividade política apartidária, foco no desenvolvimento econômico e representatividade da sociedade organizada.

A cidade paranaense, primeira na lista das melhores do Brasil em 2017, segundo estudo da consultoria Macroplan por já está planejando a Maringá de 2047. Estão sendo traçados os destinos econômico, social e urbanístico de Maringá para o seu centenário, que incluirá indicadores que garantam que a cidade vai andar para frente e não para trás, como os de custo dos serviços públicos por habitante; taxa de investimento sobre a receita total; gastos com pessoal sobre receita total; taxa de acidentes de trânsito; número de habitantes por policial; porcentagem de resíduos reciclados sobre o total recolhido; índide de perda de água tratada no sistema de distribuição, e km de ciclovias por 100 mil habitantes.

Também participaram do evento, o presidente do Grupo Algar e presidente do Coden Uberlândia 2.100, Luís Alberto Garcia; o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Triângulo Mineiro do Alto Paranaíba (Sinduscon-TAP), Pedro Spina; o vice-prefeito de Uberlândia, Paulo Sérgio Ferreira; a diretora-executiva do Codem Maringá, Juliana Afonso; o vice-presidente de Obras Públicas da Ascon vinhedos, representando a cidade de Bento Gon,çalves/RS, Milton Milan; a secretaria geral do Codese-DF, Rosane Lucho do Valle; o presidente do Codese Manaus/AM, Antonio maria dos Santos da Silva Azevedo, e membros do Codese/AM Romero Reis e Ulisses Tapajós; o diretor técnico da Agência de Desenvolvimento da Cidade de Porto Velho/RO, Armando Moreira Filho, além de representantes da cidade de Marília,em São Paulo, que demonstraram interesse em conhecer o projeto da CBIC.

A parte da manhã do “II Workshop O Futuro da Minha Cidade – Resultados e Ações Futuras” foi transmitida ao vivo pelo canal da CBIC no Facebook, alcançando, até o momento, 2.382 pessoas e 709 visualizadores únicos. Os interessados podem assisti-lo, clicando aqui.

 

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