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16/07/2020

Artigo: Como as empresas podem ser protagonistas na pandemia

Ana Cláudia Gomes é vice-presidente da área de Responsabilidade Social e presidente da Comissão de Responsabilidade Social (CRS) da CBIC

Todos sabemos o quanto as empresas sofrem influência e ao mesmo tempo são capazes de influenciar o contexto em que estão inseridas. Mas a pandemia do novo coronavírus revelou essa verdade de forma inquestionável. Não reconhecer o papel decisivo das organizações e dos segmentos econômicos durante esta crise e negar a própria realidade.

 Uma frase, de um autor desconhecido que gosto muito, diz mais ou menos assim: “nenhuma empresa pode ir bem em uma comunidade ou país que vai mal”. Essa afirmação foi confirmada no momento atual. As empresas necessitam de comunidades sustentáveis para prosperar e as comunidades para serem sustentáveis.

 O universo corporativo está tentando se reinventar e sendo obrigado a se posicionar diante desta crise.

 Ter uma agenda positiva, se importar verdadeiramente com os grandes problemas enfrentados pela sociedade e desenhar uma estratégia de contribuição para a mitigação desses problemas no contexto em que está inserida, deixou de ser um diferencial competitivo para se tornar uma questão de sobrevivência. Definitivamente o êxito empresarial dependerá cada vez mais da integração do entorno social aos negócios.

 Responsabilidade Social é fazer o que é certo, da maneira certa, considerando os impactos positivos e negativos da empresa junto a todos os seus stakeholders sem desconsiderar é claro, a expectativa do acionista com os resultados financeiros.

 Nessa jornada, algumas empresas vêm se despertando para a grande oportunidade que essa agenda tem de agregar valor à sua reputação e acabam identificando uma dor da sociedade que pode ser solucionada por meio de um novo produto ou serviço, ou seja, uma nova oportunidade de negócio.

 Para isso é preciso que a agenda de Responsabilidade Social esteja na estratégia do negócio orientando a atuação da empresa em todas as suas área de negócio.

 Esse modelo de gestão, pressupõe que a empresa considere os interesses não só dos acionistas, mas de todos os seus stakeholders.

 O desafio pode começar identificando todos esses stakeholders internos e externos, e definindo uma estratégia de relacionamento e entrega de valor real para cada um destes grupos.

 Em alguns casos, a estratégia poderá ser ampliar o diálogo e intensificar as informação sobre as ações e resultados da empresa. Em outros, será preciso inserir alguns stakeholders no processo de planejamento e em algumas atividades da organização.

 Um dos maiores desafios, na minha visão, é esse processo de integração. E neste sentido, o processo de comunicação interna e externa também toma uma importância muito grande para as organizações se tornando um fator crítico de sucesso nesta jornada!

 Empresas precisam definir políticas claras e consistentes em relação aos interesses dos seus stakeholders e seu posicionamento de Responsabilidade Social.  Neste contexto, discurso e fala precisam estar totalmente alinhados.

 Uma boa estratégia para quem ainda não investiu de forma efetiva neste relacionamento é começar pelo público interno. Envolva efetivamente e verdadeiramente os seus colaboradores nos processos de tomada de decisão, de revisão de seus produtos e serviços, de identificação das oportunidades de melhoria de seus processos e no entendimento das expectativas de seus clientes. Não se esqueça de que os colaboradores que estão na chamada linha de frente” estão diretamente em contato com clientes, fornecedores, vizinhos, governo, etc…

 Garanta um time de gestores 100% alinhados aos propósitos e políticas da organização e que esteja disposto a se interessar verdadeiramente por sua equipe para ouvi-la e apoiá-la.

 O resultado desta postura das lideranças será um time de colaboradores extremamente envolvidos e comprometidos para ajudar a empresa na superação da crise, e colaborando no processo de pensar a inovação de uma forma mais ampla.

 Isso pode gerar o tão sonhado sentimento de propósito e pode ser bom para todo mundo. Algumas empresas já estão fazendo isso e alcançando bons resultados.

 Portanto, não importa o grau de maturidade desta agenda na sua empresa, ou seja, o quanto você já investiu em ações de responsabilidade social e muito menos se sua empresa é pequena ou grande. O que importa é fazer a escolha por esta agenda e se inspirar nas centenas e milhares de exemplos que as organizações vêm desenvolvendo para iniciar esta jornada de transformação na sua cultura organizacional!

 Desde o início da pandemia a Comissão de Responsabilidade Social (CRS) da CBIC vem buscando mapear boas práticas da indústria da construção com o objetivo de dar mais visibilidade a estas iniciativas e ainda a incentivar que cada vez mais empresas possam adotá-las criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento das nossas empresas.

 Este trabalho de mapeamento identificou inúmeras iniciativas de implementação e monitoramento de medidas protetivas efetivas para garantir a proteção de nossos trabalhadores no exercício de suas funções o que permitiu que as entidades representativas do setor conseguissem comprovar para as autoridades da nossa capacidade de continuar operando sem colocar em risco a integridade física de nosso contingente dentro de nossos canteiros de obras. E as iniciativas não param por aí, identificamos muitas empresas implementando iniciativas para viabilizar o aumento da renda familiar em comunidades vulneráveis Brasil afora e também ações mais emergenciais de doações de alimentos e kits de higiene pessoal para famílias de baixa renda.

 Todas estas ações revelam a potência da nossa indústria e nos permite acreditar que o tão falado “NOVO NORMAL” possa ser, na verdade, a nossa melhor versão de indústria MADURA e RESPONSÁVEL da qual este País tanto necessita.

 No enfrentamento desta pandemia, estamos evidenciando a importância das entidades representativas do setor para o desenvolvimento e crescimento do nosso segmento econômico e finalmente concluindo que juntos somos mais fortes.

 Que as empresas e profissionais do setor estejam cada vez mais engajados em nossas entidades de classe através das inúmeras iniciativas que se espalharam Brasil afora como a realização de reuniões, eventos virtuais, treinamentos e muitas outras!

*Artigos divulgados neste espaço não necessariamente correspondem à opinião da entidade.

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