
4ª Reunião Ordinária da COMAT/CBIC discute industrialização e desafios tecnológicos para o futuro da construção

Nesta quarta-feira (2), durante o Modern Construction Show, foi realizada a 4ª reunião ordinária da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). A programação contou também com uma visita guiada à Feira .
Dionyzio Klavdianos, vice-presidente da COMAT/CBIC, abriu a reunião ressaltando a importância do trabalho que a comissão vem realizando, destacando um projeto essencial para o avanço do setor: o desenvolvimento do guia “Construção 2030”, voltado para a industrialização da construção. Segundo Klavdianos, essa é a principal entrega da comissão neste ano. “Estamos trabalhando em um guia voltado para a questão da industrialização, padronizada, modularizada com base em plataforma aberta . É um tema complexo, mas com a colaboração de diversos setores estamos construindo um documento que entendemos ser fundamental para o futuro da construção no Brasil”, afirmou.
O vice-presidente explicou que a industrialização da construção ainda enfrenta desafios, mas é um passo inevitável para o crescimento do setor, já que promove ganhos de escala, maior eficiência , com base em repetição de processos.
Além disso, Klavdianos mencionou dois projetos importantes. O primeiro é o Prêmio CBIC de Inovação e Sustentabilidade, que acontecerá no dia 26 de novembro, em Brasília. “Este ano batemos o recorde de inscrições, com mais de 100, muito graças à parceria com o Senai-Cimatec”, demonstrando entusiasmo com o reconhecimento do setor por meio desse prêmio. O segundo projeto envolve o cadastro de todos os diretores das comissões de materiais e tecnologia em todo o Brasil, o que, segundo Klavdianos, será crucial para mapear as iniciativas locais e fortalecer o diálogo entre a CBIC e os entidades regionais.
Projeto Construção 2030: caminhos para um impacto maior
Fabio Queda, consultor do projeto Construção 2030, ofereceu uma visão detalhada sobre os avanços e desafios do projeto iniciado em 2018. Ele descreveu a fase atual como um processo de “bola de neve”, no qual o impacto das ações vem crescendo de forma constante, mas ainda há muito a ser feito para que as ideias ganhem maior escala e transformem efetivamente a realidade do setor. “Estamos em um momento em que já adquirimos uma certa maturidade em relação aos conceitos que desenvolvemos. No entanto, essas ideias ainda precisam ser disseminadas de forma mais ampla”, destacou.
Queda explicou que, desde 2018, o projeto Construção 2030 criou cenários para as grandes transformações que o setor da construção poderia enfrentar no Brasil, e que, mesmo com a interrupção provocada pela pandemia, muitas dessas previsões se consolidaram como tendências. “Tínhamos algumas incertezas no início, mas a pandemia acabou acelerando essas transformações, e o que antes eram possibilidades tornaram-se tendências de fato”, disse ele.
No entanto, o consultor destacou um ponto de atenção: a industrialização da construção, embora vista como o futuro do setor desde o século XIX, ainda não ocorre na velocidade desejada. “Por que não estamos industrializando mais rápido? Se é tão importante, por que essa transição do modelo artesanal para um modelo mais repetitível, com ganho de escala, não está acontecendo na velocidade necessária?”, questionou. Para ele, o Construção 2030 precisa ampliar seu impacto e acelerar essa transformação nos próximos anos, especialmente a partir de 2025, quando o projeto entrará em uma fase mais prática e dinamica .
Inovação e Sustentabilidade em obras corporativas: o caso Cajamar
Thomas Martin Diepenbruck, superintendente da HTB e membro da Comissão de Obras Corporativas e Industriais (COIC) da CBIC e do Comitê de Tecnologia e Qualidade (CTQ) do Sinduscon-SP, trouxe exemplos práticos para a discussão do projeto 2030 ao compartilhar a experiência de sua empresa com grandes obras de galpões industriais , no caso um Centro de Distribuição em Cajamar. Esse projeto, com 150 mil metros quadrados de área construída divididas em três galpões independentes, foi concluído em plena pandemia, o que impôs desafios adicionais de logística e de disponibilidade de recursos humanos.
Diepenbruck destacou que a racionalização dos processos e a padronização dos elementos foram essenciais para o sucesso do projeto, alinhando essas práticas com a visão de uma construção modular e industrializada. “A racionalização e a padronização foram fundamentais. O uso de ferramentas como o BIM 4D nos permitiu planejar e simular cada etapa da obra, integrando a gestão do tempo e do espaço para garantir a eficiência”, afirmou. Ele explicou que o BIM 4D permite simular retroativamente o tempo necessário para a entrega de peças e o transporte, garantindo que cada etapa da obra ocorra dentro do prazo previsto.
Além disso, Diepenbruck abordou questões fundamentais para o futuro da construção industrializada no Brasil, como a capacitação da mão de obra. Ele ressaltou que o setor precisa de uma força de trabalho mais qualificada e focada em atividades de montagem, em vez das que demandam esforço físico, e defendeu uma maior utilização das iniciativas do SESI e do SENAI para formar profissionais e capacitar empresas.
Além de membros da CBIC, representantes do Senai-CIMATEC, Abrainc, Sinduscon-MG, Sinduscon-Paraná Oeste, Sinduscon-BA, Sinduscon-Paraná Noroeste, Sinduscon-ES, Sinduscon-AL, Ademi-PE, e Ademi-DF também estiveram presentes. A reunião também contou com as presenças do gerente de negócios- construção civil , Carlos Bomfim e do presidente da CHIS, Clausens Duarte.
O tema tem interface com o projeto “Inteligência e Estratégia para o Futuro da Construção”, da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).