Censo imobiliário aponta recuperação do mercado imobiliário de Belém
O Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon-PA) lançou no dia 18/02 o 7º Censo Imobiliário de Belém e Ananindeua para empresários, convidados, representantes de instituições financeiras como Caixa Econômica Federal (Caixa), Banco do Brasil (BB), Santander e Bradesco e outros agentes financiadores que conheceram os dados sobre o quarto trimestre de 2019 relativos às ofertas lançada e final, ou seja, estoque nas mãos dos incorporadores, os lançamentos e as vendas efetuadas, além da avaliação do mercado com relação à tipologia, padrões, renda exigida e regiões/clusters ou agrupamento de bairros.
No Censo são utilizadas metodologia de pesquisa em campo e técnicas específicas para levantar dados em ambos os municípios, identificando oportunidades no mercado para novos empreendimentos e o consequente atendimento a diferentes faixas de clientes. A exposição foi feita pela Bureau de Inteligência Corporativa (Brain), empresa encarregada desde a primeira edição do trabalho.
Um dos registros de destaque dessa vez aponta que todos os indicadores de mercado, lançamentos, vendas, oferta e preços se movimentaram no sentido positivo no mercado, e os lançamentos se recuperaram, embora haja mais espaço para crescimento, e apresentaram boas performances de vendas. Houve um crescimento na venda de imóveis verticais na cidade de Belém na ordem de 33%, comparando-se o volume de negócios de 2019 à movimentação do mesmo período no ano anterior, excluindo-se os números do programa federal Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
“O segmento da construção precisa constantemente de estudos técnicos para revelar novos caminhos, e é o que fazemos por meio do censo, que tem sido realizado de uma forma profissional e constante”, disse Alex Carvalho, presidente do Sinduscon-PA.
“Os números demonstram que iniciamos uma retomada na Região Metropolitana de Belém, apesar de ainda serem em preços absolutos números baixos”, disse.
“O que importa é que, em números relativos, há uma linha de tendência de crescimento e retomada do desenvolvimento”, entende o dirigente.
“Quando a gente faz uma leitura do ambiente como está hoje, e estamos falando de uma Selic de 4,25% e com taxas de juros e ofertas de crédito imobiliárias extremamente convidativas, baixando cada vez mais, a economia se recuperando, faz com que o interesse do cliente para investir retorne.”
Recuperação teve início no segundo semestre
Para Alex Carvalho, “em que pese o primeiro semestre de 2019 ter trazido números muito baixos, houve uma depressão forte. No segundo semestre, começa a efetivação da retomada econômica. Vemos certos produtos tendo nova fluidez, o estoque elevado começa a escoar novos lançamentos com uma fluidez de vendas. O cliente voltou a ansiar pela realização do sonho da casa própria, e essa movimentação é que faz com que a locomotiva comece a trilhar com mais força para o melhor desenvolvimento da RMB”.
É imprescindível uma releitura nas legislações, na estrutura de aprovação de empreendimentos porque é realmente um incremento muito forte na economia local. Não podemos deixar que essas travas impeçam Belém e Ananindeua de se desenvolverem.
“Se lançarmos um olhar para Manaus e São Luís, vamos ver que houve uma mudança significativa na qualidade de vida dos seus moradores. Ocorre que aqui ainda não temos a percepção da melhoria do ambiente de Belém com seus empreendimentos, com o desenvolvimento. Estamos falando de falta de mobilidade urbana e de infraestrutura, e o mercado imobiliário é um indutor da geração de renda, de novos impostos e desenvolvimento municipal. Tudo que se quer é um ambiente destravado, não com o viés capitalista do lucro, mas sim com um viés desenvolvimentista que possa trazer para toda a sociedade os benefícios que a gente tanto precisa”, ressaltou.
Segundo o consultor da Brain nas regiões Norte e Nordeste, Francisco Claubert Barreto, no ano passado em Belém, “após um primeiro semestre de poucos lançamentos, incompatível com o tamanho da cidade, gerando demanda reprimida, os incorporadores voltaram a fazer lançamentos no segundo semestre e obtiveram boas performances de vendas”, observou, apresentando outro ponto relevante: “O mercado residencial vertical [apartamentos] continua com níveis estáveis dos estoques, atualmente concentrado nos médio e alto padrão, com 34,8% e 17,7%”, informou ele, que aponta a direção a ser seguida.
“Com a demanda reprimida nos últimos três anos, mercadologicamente há espaço para todas as faixas de metragem e locais, como para o modelo standard e produtos especiais, como lofts e studios”, garantiu. “Há também oportunidades para novos prédios de salas comerciais.”
Sobre as projeções para 2020, afirmou: “O mercado imobiliário reage muito bem aos baixos juros. Atualmente, estamos na menor taxa básica de juros de todos os tempos, que já estão sendo repassados aos mutuários, bem como para as operações de apoio à produção”, considerou, fazendo uma ressalva: “O único ponto de atenção é sobre as possíveis mudanças do Minha Casa, Minha Vida, que estão em gestação e que ainda não há informações suficientes para produzirmos uma análise. Demandas e apetite do incorporador existem, sem dúvida, e ocorrendo o crédito, esse segmento continuará a ser a parte mais importante em termos de unidades lançadas e produzidas”.
No levantamento da Brain, os bairros da Cidade Velha, Batista Campos, Campina, Reduto, Nazaré, São Brás, Umarizal, Fátima, Marco, Pedreira, Souza e Castanheira necessitam de pesquisa mais aprofundadas sobre demandas o que é chamado de tipologias de maior estoque, referentes a apartamentos de dois e três quartos e preços entre R$ 6.327 e R$ 7.426 o metro quadrado.
Perspectivas para 2020
Ao analisar as perspectivas para 2020, Alex Carvalho está confiante. “É um ano promissor, o pior já passou. Entendemos que não só no segmento imobiliário, mas fazendo uma análise mais ampla. Nas políticas públicas, as obras paralisadas por falta de recursos começaram a ser retomadas e entregues. O Pará tem uma condição privilegiada de logística, de investimentos privados no âmbito da mineração e do agronegócio. Não tem como não ter um olhar positivo”, resumiu.
“Teremos um ciclo muito interessante e esse é o papel do sindicato: fazer com que essas informações sejam entregues e revertidas para nossas empresas na forma de capacitação, de melhoria de gestão, produtividade. E também fazer que essas oportunidades gerem crescimento e desenvolvimento das empresas, trabalhadores, fornecedores. É um espiral positivo que está ocorrendo”, disse o presidente do Sinduscon-PA, que faz uma observação: “Mas é importante estarmos preparados para aproveitar esse momento de uma maneira muito segura e respaldada. Trazemos a questão da segurança jurídica, fazer o certo cumprir as leis. E aquelas leis que estejam travando, que tenhamos a qualidade da informação para promover uma alteração, uma substituição, mas que traga benefício para toda sociedade”.
O lançamento do quarto trimestre de 2019, projeto conduzido pelo Sinduscon-PA, faz parte da iniciativa institucional no âmbito preconizado pela Comissão da Indústria Imobiliária da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CII/CBIC), tendo a parceria do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). A correalização é do Sistema Fiepa e Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Pará (Ademi-PA).
(Com informações do Sinduscon-PA)