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27/05/2019

Altas de 9,7% em vendas e 4,2% em lançamentos mantém recuperação do mercado imobiliário em 2019

Celso Petrucci e José Carlos Martins

O mercado de imóveis residenciais no Brasil manteve em janeiro, fevereiro e março de 2019 uma tendência de crescimento, com o aumento de 9,7% nas vendas de unidades e de 4,2% nos lançamentos de novas casas e apartamentos, em relação ao mesmo intervalo de 2018. A constatação foi feita pelo presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, e pelo vice-presidente de Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, na manhã desta segunda-feira (27), em São Paulo. Eles apresentaram os números do primeiro trimestre deste ano do estudo ‘Indicadores Imobiliários Nacionais’, uma ação da Comissão de Indústria Imobiliária (CII) da CBIC, correalizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Nacional (Senai Nacional).

1º Trimestre de 2019 x 1º Trimestre de 2018

  • Os lançamentos apresentaram um aumento de 4,2%;
  • As vendas também apresentaram um aumento de 9,7%;
  • A oferta final apresentou uma queda de 8,6%.

“De novo, nossos números demonstram um crescimento lento, gradual e preciso, mas constante, desde 2017”, afirmou Martins, sobre a pesquisa, que é desenvolvida pela consultoria Brain e abrange 41% do mercado imobiliário brasileiro. Ela reúne dados em 23 capitais e regiões metropolitanas de todo o país.

José Carlos Martins explicou a queda nos números da oferta final, ou do estoque de imóveis novos, que já chegou a ser de 21 meses e agora está em 11,6 meses. “Quando a gente olha os últimos dois anos, os números estão muito parecidos. Há uma tendência clara no aumento dos lançamentos e de vendas. Entretanto, os lançamentos ainda não estão adequados à venda, por isso temos o estoque em queda”, informou o presidente da CBIC.

Uma oferta final menor pode ser um dos motivos que levaram ao crescimento real do valor de venda de 3,2% para os imóveis novos em comparação com o Índice Nacional da Construção Civil (INCC), segundo Martins.

Efeito sazonal impacta comparação entre último trimestre de 2018 e primeiro trimestre de 2019

A separação dos dados e comparação entre os trimestres tem objetivo de isolar efeito sazonal na análise. “Nós temos um efeito sazonal muito forte no final do ano, quando as pessoas vão às compras, as empresas fazem mais lançamentos. Por isso, no primeiro trimestre – normalmente por causa de férias, Carnaval, esse tipo de coisa – temos um arrefecimento em lançamentos e vendas em relação ao último trimestre do ano anterior”, explicou.

1º Trimestre de 2019 x 4º Trimestre de 2018

  • Os lançamentos tiveram uma queda de 62,5% em relação ao último trimestre de 2018;
  • As vendas diminuíram 18,9% em relação ao último trimestre de 2018;
  • A oferta final apresentou uma queda de 6,0% em relação ao trimestre anterior.

Emprego, crédito e reforma da Previdência sinalizam recuperação para a construção civil

Celso Petrucci destacou o impacto dos lançamentos e das vendas na geração de empregos no segmento. “Depois de cinco anos de PIB [Produto Interno Bruto] negativo na construção civil, estamos percebendo também no emprego, pela primeira vez, essa reversão de expectativa negativa. Em 2019, de janeiro a abril, já estamos com mais vagas criadas que nos 12 meses de 2018”, disse o vice-presidente, ao lembrar os dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia. “Isso, em parte, é resultado de novas obras, que refletem seu crescimento na empregabilidade”, afirmou.

Confira a íntegra do estudo.

Confira o vídeo da apresentação.

Para ele e Martins, o andamento das reformas, em especial a aprovação, no Congresso Nacional, do novo regime de previdência social, deve dar mais segurança para o empresário e para o consumidor investirem, movimentando o mercado e o aumentando o número de postos de trabalho.

“Esperamos que as reformas aconteçam mais rapidamente e com isso o Brasil volte à tranquilid­ade. Isso é um fator decisivo no nosso mercado. As pessoas protelam a decisão de compra do imóvel se elas veem que há um mínimo de possibilidade futura das coisas não acontecerem como elas estão imaginando”, disse Martins. “Acredito que possamos ter um crescimento de 10 a 15% do mercado, se as reformas se encaminharem. Mas se houver problemas, a reversão de expectativas das empresas e das pessoas vai gerar um impacto significativo”, complementou Petrucci

O Futuro do Minha Casa Minha Vida e a participação no mercado

Petrucci também comemorou uma maior aplicação de recursos da caderneta de poupança em empreendimentos imobiliários, quer para a produção, quer para a aquisição – independentemente da expectativa de mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, que opera com recursos do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) e com o Orçamento Geral da União (OGU), em diferentes proporções a depender da faixa de público. “Os demais mercados não terão problemas de crédito e devem crescer mais que o MCMV, que tem recursos limitados”.

Martins comentou que os lançamentos imobiliários, que em trimestres anteriores eram em torno de 50% oriundos do MCMV, neste primeiro trimestre passaram a somar apenas 30%. Ele acredita que isso se deve à oferta de recursos da caderneta de poupança, enquanto o FGTS está limitado ao orçamento feito. “Com isso, quem vai puxar o crescimento neste ano é a habitação de mercado, diferentemente do que ocorreu nos últimos anos, com o Minha Casa, Minha Vida na dianteira”, reforçou.

Questionado durante a entrevista de imprensa sobre possíveis mudanças no MCMV, o presidente da CBIC citou as palavras do ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, segundo o qual um programa com 10 anos de história e R$ 60 bilhões em investimentos anuais não sofreria mudanças de forma açodada ou sem que sejam ouvidos os diversos setores.

“As diversas ideias que têm surgido não serão efetivadas de uma hora para a outra. Ninguém falou em mudar o que já existe. Você pode agregar complementos”, explicou José Carlos Martins. Ele informou que a CBIC deverá participar de uma reunião no dia 4 de junho com equipes dos ministérios do Desenvolvimento Regional e da Economia, para apresentar propostas.

“Nós entendemos que a primeira fase do programa foi voltada à aquisição da casa própria. Agora nós temos que ir para o que era o objetivo inicial, que é prover a moradia. Existem várias formas de você acessar a moradia – via locação, moradia temporária, leasing, direito de uso, oferecimento de lotes urbanizados ou revitalização de centros urbanos e ocupação articulada, por exemplo – além da própria aquisição. O que precisamos agora é agregar uma série de outros produtos para que o programa seja de moradia, em conceito mais amplo, do aspecto de lazer, emprego, mobilidade, entre outros”, comentou Martins.

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