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01/11/2019

Artigo do Especialista: Cidade do Amanhã, cidade que queremos e buscamos

Ana Rocha Melhado é diretora da proActive Consultoria. Doutora em Tecnologia e Gestão da Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP) e pós-doutorada em Gestão Ambiental de Bairros Sustentáveis.

 

O mundo vive hoje a urgência de buscar soluções para erradicar a pobreza e a desigualdade social. Nesse sentido, o setor da Construção Civil tem o papel de protagonista por fazer parte do problema, mas, sobretudo, por ser peça chave na busca e implementação de soluções.

Em setembro, em Angers, França, foi realizado o 8º Congresso Internacional Cities to Be, organizado pela aliança HQE-GBC e NOVABUILD, com foco na discussão e busca de caminhos para o Desenvolvimento Sustentável de edifícios, bairros, infraestrutura e cidades sustentáveis. Foram discutidos temas tais como: zero carbono, economia circular, saúde e bem-estar, renovação de edifícios, mobilidade urbana, canteiro de obras sustentável, conforto térmico para países de climas quentes e financiamentos verdes. Os problemas debatidos e as soluções propostas visaram a garantia da qualidade de vida, o respeito ao meio ambiente e a dinâmica econômica, elemento chave no sucesso de qualquer programa de trabalho.

Representado o Brasil, a proActive Consultoria teve a oportunidade de contribuir neste debate levando os desafios que enfrentamos para alavancar a Construção Sustentável no Brasil. É importante ressaltar que vivemos em um país continental, com diferentes condições sociais e climáticas. Cada região tem uma particularidade. Por esse motivo, por vezes, existe a dificuldade em estabelecer os pontos fortes e fracos do Desenvolvimento Sustentável no Brasil. No entanto, pode-se destacar o valor do investimento, a falta de incentivos e financiamentos que valorizem as boas práticas em um cenário de crise econômica que passamos. No Brasil, sempre fazemos a pergunta: quem paga o custo extra de um edifício sustentável? Essa é uma preocupação constante do empresariado, visto que esses custos devem ser previstos e adicionados desde as primeiras fases de concepção de um projeto arquitetônico e de engenharia.

Nos últimos 12 anos desse debate no Brasil acumulamos indicadores de sucesso. O mercado de construção sustentável está em um crescimento constante. Edifícios sustentáveis apresentam, em média, redução de 25% no consumo de eletricidade e de 45% de água na fase de operação. Igualmente na fase de execução obtém-se uma redução expressiva, de energia e água e, além disso, uma taxa de beneficiamento que beira os 90% de tratamento de resíduos.

Esses resultados positivos fornecem condições essenciais para a garantia do equilíbrio financeiro de toda a operação. Isso significa que, a partir do momento em medimos os benefícios e demonstramos as partes interessadas com transparência que podemos reduzir os custos, podemos garantir a viabilidade de uma construção sustentável e conquistar o compromisso dos atores envolvidos no processo de produção de um empreendimento.

Ficou claro, no Congresso, que setores públicos e privados de diferentes países estão se mobilizando, se unindo de sorte a mitigar os efeitos às mudanças climáticas. Com a ambiciosa meta de alavancar a implementação concreta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU até 2030, o evento reuniu 1.690 congressistas, 2.654 visitantes, 100 parceiros, 23 expositores e 29 nações em 65 horas de conteúdo.

Uma das conclusões desse importante evento é que as soluções devem partir do consenso dos diferentes atores e devem estar baseadas em uma visão generalista e técnica das disciplinas que irão interagir na formulação de projetos, dando destaque para o papel dos urbanistas, arquitetos, engenheiros, incorporadores, construtores e financiadores. É um trabalho coletivo onde cada um precisa se responsabilizar por sua parte e incentivar o outro a fazer o que lhe cabe.

Para isso, é necessária a definição de metas claras e factíveis, ampliando a importância do papel do projeto e de financiamentos verdes.

*Artigos divulgados neste espaço, não necessariamente correspondem à opinião institucional da CBIC.

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