Logo da CBIC
23/11/2018

As normativas de desempenho térmico e o conforto do cliente

Mariana ribeiro, consultora da CBIC

Precisamos falar sobre desempenho térmico. Um tema que em primeiro momento assusta, mas não deve ser encarado pelo incorporador como um problema e sim como uma solução. O grande distanciamento do tema pelo setor da construção resultou em normativas que devem ser respeitadas e que pouco contribuem em benefícios de fato tanto ao incorporador quanto para o cliente, que é o usuário final dos edifícios.

Um projeto adequado ao clima significa um prédio com conforto para o morador considerando cada uma das particularidades que são típicas do nosso país com dimensão continental. O necessário para uma parede, janela ou cobertura na região Nordeste do Brasil certamente não será o que atende as demandas da região Sul, e assim por diante. Os problemas vistos pelos construtores são muitas vezes relacionados a essa questão.

O primeiro passo que demos foi a norma brasileira NBR 15.220, que trata sobre o tema, a qual dividiu o Brasil em oito regiões e para cada uma delas determina diretrizes construtivas que devem ser obedecidas de forma a atender as demandas do clima local. É essa norma que sustenta a conhecida Norma de Desempenho (NBR 15.575), pois é ela quem determina qual cidade pertence a qual zona bioclimática e também dá referências de propriedades térmicas dos materiais. E apesar de ter no nome diretrizes construtivas para Habitações Unifamiliares de Interesse Social, ela acaba sendo extrapolada para todas as habitações por ser a única do tema.

O problema é que se aplicarmos as diretrizes instruídas na norma o resultado não é muitas vezes o esperado, ou seja, ela não resulta em conforto térmico no ambiente interno do edifício, o que segundo a NBR 15.220 estaria no intervalo de temperatura entre 17°C até 26°C dependendo da umidade relativa do ar. E isso deve ser revisto. As normativas são as nossas guias, na ausência de lei são elas que devem ser respeitadas pelos construtores. O setor não pode ter como referência uma exigência que não resulte de fato no que é esperado. As normas devem atender à nossa realidade e as nossas demandas. E embora tenhamos dado um passo inicial com essas duas normas, precisamos aprimorá-las.

Devemos lembrar que desempenho térmico não é apenas temperatura, ele é umidade, é ventilação. E um dos grandes problemas dos incorporadores no pós-venda são relacionados justamente a isso. Problemas com excesso de umidade e mofo dentro tanto de casas como apartamentos estão entre os recordistas de reclamação, o que onera as construtoras e que de fato prejudicam a vida de quem está habitando o edifício. Esse é apenas um exemplo de uma questão que poderia ser mitigada com uma normativa adequada. Caso a norma de desempenho térmico citasse a umidade esperada, quantidade de renovações de ar necessárias, ambos estariam resguardados, comprador e construtor.

Atualmente, com a utilização de softwares é possível simular as condições de temperatura, umidade e ventilação obtidas no interior dos edifícios ainda na fase de projetos, utilizando as condições climáticas locais.

Com o correto projeto e uso da moradia é possível colher melhorias que devem ser constantemente aprimoradas e com resultado verdadeiramente de qualidade.

Precisamos evoluir, mas com guias que nos levem a melhor qualidade do nosso produto e que respondam à nossa necessidade. Precisamos evoluir entregando casas mais confortáveis aos nossos clientes.

COMPARTILHE!

Agenda CMA

Este Mês
Comissão de Meio Ambiente
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.