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28/06/2019

Entrevista: Especialista fala sobre Segurança e saúde no Trabalho na era da Inovação

O Futuro da Construção: Inovação e Trabalho foi um dos temas de destaque do 91º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic), realizado de 15 a 17 de maio, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Em entrevista exclusiva ao CBIC Hoje+, o especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, engenheiro Hugo Sefrian Peinado – um dos palestrantes, que na ocasião abordou o tema “Segurança e Saúde no Trabalho na era da Inovação” – destaca que as novas tecnologias, dentre elas o Building Information Model (BIM), pode garantir melhor saúde e segurança ao trabalhador, além de um ganho significativo para a empresa.

O painel conjunto foi realizado no dia 16 de maio pelas Comissões de Política de Relações Trabalhistas (CPRT), de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (Comat) e de Responsabilidade Social (CRS) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Na ocasião, foram apresentadas e discutidas as novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas para a indústria da construção, que conduzem à maior segurança e qualificação das atividades e, por consequência, os desafios para gestores, trabalhadores e empresas diante das exigências de novos conhecimentos, novas habilidades e novas atitudes frente aos novos tempos.

Confira alguns trechos, a seguir:

 CBIC Hoje+: As novas tecnologias podem garantir melhor saúde e segurança ao trabalhador?

Hugo Sefrian Peinado: O campo da Segurança e Saúde no Trabalho (SST) acaba sendo beneficiado pela movimentação das novas tecnologias. Um exemplo é o Building Information Model (BIM). No início, houve uma busca pela compatibilização de projetos (3D). Depois, no modelo tridimensional, se implantou o cronograma (4D) e as informações do Orçamento (5D). Houve um incentivo bastante grande no desenvolvimento de inovação, buscando prazo, qualidade da edificação e desempenho atrelado à qualidade. E a SST acabou sendo beneficiada nesse viés, porque hoje o setor desenvolve um modelo tridimensional em que se pode identificar riscos com facilidade. As novas tecnologias permitem esse ganho, porque é possível ver a edificação e, assim, identificar possíveis riscos no modelo tridimensional, que não é possível no modelo bidimensional. Desta forma, sim, a gente tem muito a ganhar com essas novas tecnologias.

C.H.+: Das tecnologias que estão sendo desenvolvidas, quais o senhor destacaria?

H.S.P.: Dentre os modelos tridimensionais para implementarmos, destaco três que têm um viés bastante forte: o Building Information Model (BIM), que é um modelo tridimensional, que vai ter todas as informações da edificação, além da Realidade Virtual e da Realidade Aumentada.

As três são trabalhosas, principalmente a parte da modelagem da informação, que é o BIM, mas os ganhos são gigantescos.

C.H.+: Qual a diferença entre a Realidade Virtual e a Realidade Aumentada?

H.S.P.: A Realidade Virtual trabalha exclusivamente com o ambiente virtual. Exemplo: um jogo de videogame, criado com base em fatos reais ou não em um ambiente com foco em aprendizagem.

Já a Realidade Aumentada traz o espaço real. Exemplo: uma filmagem em que são acrescentados elementos virtuais.

C.H.+: Qual o ganho de cada uma dessas modalidades?

H.S.P.: No BIM, a partir do 4D já se trabalha com segurança do trabalho, em razão da inclusão da variável tempo – cronograma – no modelo tridimensional, o que possibilita ver o andamento e a evolução da obra, facilitando a identificação da situação de riscos.

Para a geração NET, o treinamento com as metodologias da Realidade Virtual e da Realidade Aumentada tem mais resultado do que com a passiva (instrutor). O foco principal é o treinamento por meio de jogos, escolhidos para serem utilizados nos canteiros de obra tanto para funcionários quanto para a área gerencial, onde são submetidos a situações de riscos para a tomada de decisões. Em outros, tem que tomar uma decisão frente, por exemplo, ao risco de queda em altura. A empresa precisa ver uma forma eficiente de treinar o seu setor gerencial e mão de obra.

C.H.+: Gestores, trabalhadores e empresas estão preparados para aplicar essas tecnologias?

H.S.P.: A Sondagem da Construção de setembro de 2018, realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia, mostra que ainda não estamos preparados. Pela pesquisa, apenas 7,5% das empresas fazem uso da tecnologia BIM e, dessas empresas, 47% delas ainda estão na fase da análise de projetos, que é a de identificar as incompatibilidades de projetos. Ou seja, metade ainda está trabalhando no 3D, não evoluiu para o 4D, que é onde está a parte de segurança do trabalho – a questão do tempo, a evolução da obra -, onde é colocado o cronograma da obra no modelo tridimensional e identificados os riscos. As que trabalham com 4D somam 25% e com 5D, 28%.

A condição atual não é favorável e o argumento das empresas por não utilizarem o BIM são: desconhecimento da tecnologia, crise econômica setorial e o elevado alto custo de investimento para implementação. No entanto, as empresas que ainda não aplicam o BIM desconhecem seus benefícios. O custo inicial é elevado, mas efetivamente depois de implantado os ganhos e a economia vão para outros patamares. O BIM interfere até na questão do retrabalho.

C.H.+: Na sua visão, qual a participação da CBIC na divulgação de ações que reforcem a importância de novos conhecimentos, habilidades e atitudes frente às novas tecnologias?

H.S.P.: Na minha percepção, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) tem uma expressividade política muito grande e um papel fundamental na disseminação da tecnologia e desse modelo de trabalho, mostrando os ganhos gigantescos com a implementação da tecnologia e o movimento mundial de uso da tecnologia. Além das inúmeras publicações, em parceria com o Sesi e o Senai Nacional, o que faz com que o mercado mude.

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