
No ENIC, especialistas defendem projeto e planejamento para sucesso da NR-18

A garantia de segurança nos canteiros de obras depende basicamente de duas coisas: projeto e planejamento. Essa é a receita para o sucesso na adoção da Norma Regulamentadora 18 (NR-18), que versa sobre as condições de segurança e saúde no trabalho na construção civil, na avaliação dos expositores do painel As novas NBRs que tem interface com a NR-18”, durante o Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC), na tarde da sexta-feira (11/04). Promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o evento acontece em conjunto com a 29ª edição da Feicon, no pavilhão 8 da São Paulo Expo.
Auditor fiscal do Trabalho e coordenador do projeto da construção da Seção de Segurança e Saúde no Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho (SRTb/SP) no Estado de São Paulo, Antonio Pereira do Nascimento afirma que quando é feita uma análise sobre as principais causas de acidentes no setor é possível perceber que são situações em que um bom projeto teria feito a diferença. “Estamos percebendo que falta a palavra engenharia, falta cálculo envolvimento. É preciso aderir à NR-18 desde o início. Quanto mais cedo tiver essa adesão, maior o ganho”, diz.
Por isso, planejamento é a segunda estratégia defendida por Nascimento e endossada pelos demais painelistas. Ainda segundo ele, o engenheiro de segurança do trabalho e o técnico de segurança deveriam ser chamados para atuar na fase inicial de planejamento. “Muitas vezes eles são chamados para resolver o problema da fiscalização e esse não deveria ser o papel dele, ele deveria ser chamado antes. A ideia é que as NBRs (Normas Brasileiras) sejam subsídios para esses profissionais e para os engenheiros de forma geral”, diz.
O Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC) é uma realização da CBIC, em parceria com a RX | FEICON, apoio do Sistema Indústria e correalização com SESI e SENAI. O evento conta com o patrocínio oficial da Caixa Econômica Federal e Governo Federal, além do patrocínio da Saint-Gobain, no Hub de Sustentabilidade e Naming Room de Sustentabilidade; do Sebrae Nacional, no Hub de Inovação, e da Mútua, no Hub de Tecnologia. Também são patrocinadores do ENIC: Itacer; Senior; Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, Associação Brasileira das Indústrias de Vidro – Abividro, Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas – Abrafati, Anfacer, Sienge, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex Brasil, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI, Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo – CAU/SP; Multiplan; Brain; COFECI-CRECI; CIMI360; Esaf; One; Agilean; Exxata; Falconi, Konstroi; Mais Controle; Penetron; Seu Manual; Totvs; Unebim, Zigurat; Yazo.
Laboratório – A NR, de acordo com ele, é fundamental por dar a referência e abarcar as NBRs, que são são documentos normativos desenvolvidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). “Ou seja, não se define o material, se define as cargas e as práticas. Hoje há NR-18 define, por exemplo, para prevenção de quedas redes capazes de segurar 90 kg, 66 kg e 22 kg. Não importa será de grafeno ou de titânio, desde que aguente aquela carga. E a gente não tinha essa referência antes”, explica.
É como se a norma deixasse claro aos agentes do setor o que fazer. “A NR-18 não diz como fazer, mas direciona para o que fazer”, explica José Bassili, gerente de Segurança Ocupacional do Seconci-SP. Bassili, que participou do processo de construção da norma, contou que a atualização da NR-18 foi feita por técnicos, o que fez com que sua aprovação fosse ágil e permitisse maior aderência do setor. Segundo ele, o grupo, agora, trabalha na atualização da NBR que trata sobre segurança em andaimes.
Paralelo à atualização das normas de segurança, há um trabalho constante de teste sobre os materiais usados para previnir acidentes. Engenheiro de Saúde e Segurança no Trabalho do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Piracicaba, Eduardo Buoso, cita as redes de proteção como exemplo. De acordo com ele, o que diferencia a rede de segurança e a rede de proteção é a absorvição de energia. “Não basta proteger, ela precisa absorver impacto. Mas não basta dizer que absorve o impacto, é preciso ter essa garantia”, diz.
Buoso coordena um laboratório de testes e cita como exemplo um trabalho recente que tem liderado. “Pegamos uma rede que saiu de uma fábrica, novinha e a protegemos dos raios ultravioleta. Ou seja, ela estava novinha. E pegamos uma rede que foi exposta ao sol por um ano e fizemos uma avaliação da degradação. Para nossa surpresa, a deterorização foi de 36% da capacidade de resistência. A vida útil que era em torno de quatro anos está diminuindo. Isso indica que teremos vários desafios, especialmente de adequação”, finaliza.
O tema tem interface com o projeto “Conhecimento, Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção”, da Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT) da CBIC, com a correalização do Serviço Social da Indústria (Sesi).