AGÊNCIA CBIC
Sinduscon-PR comemora 75 anos com debate sobre autorregulação do setor
O auditório do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR) ficou lotado na noite de comemoração ao jubileu de brilhante da entidade, celebrado no dia 10 de junho, na sede social em Curitiba/PR. Para marcar os 75 anos de história, foi realizado um debate sobre a autorregulação da indústria da construção como estratégia para acelerar o crescimento do setor.
Foram convidados o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins; a ministra do Superior Tribunal de Justiça, Eliana Calmon, e o cientista político Leonardo Barreto.
O presidente do Sinduscon-PR, Sério Crema, destacou que a força, o respeito e a representatividade que a entidade tem hoje perante os poderes constituídos e à sociedade são reflexo do trabalho que vem sendo desempenhado pelos diversos empresários da construção, que voluntariamente integraram as sucessivas diretorias desde o início de sua história até os dias atuais.
Ele reforçou o quanto o mundo mudou nos últimos 75 anos. “A inovação e o avanço das novas tecnologias promoveram revoluções em todos os setores, e com o passar dos anos vêm imprimindo um novo ritmo para a nossa indústria. Vivemos já a era da Internet das Coisas, da Inteligência Artificial, da Impressão 3D, da robótica, do BIM e da Industria 4.0. Porém, diante de toda essa transformação, o que não mudou é a necessidade do ser humano de morar. O que mudou, de fato, é a forma de viver, de conviver e de consumir. É sobre isso que precisamos refletir agora. Precisamos nos preparar para o futuro que começa a ser construído hoje”, destacou.
Velhas práticas não cambem mais no Brasil
Ao fazer um retrospecto de 2014 para cá, José Carlos Martins destacou que a indústria da construção foi o setor produtivo mais atingido de toda a economia brasileira. “Nós estamos de 25 a 27% abaixo de onde estávamos há cinco anos. Ou seja, nós teríamos que crescer 7% ao ano até 2024 para voltar ao patamar de 2014. Para somar, também somos o setor que mais está demorando para reagir”, avalia.
Em sua avaliação, essa demora deve-se a uma série de fatores, mas Martins frisou a questão da reputação e da confiança. “Não existe hoje nenhum negócio que se mova sem reputação. Porque nós estamos vivendo a era da economia da confiança. Velhas práticas não cabem mais no Brasil de hoje”, reforça, acrescentado que a CBIC tem percorrido o País com o objetivo de melhorar a imagem do setor que foi manchada por um pequeno grupo de grandes construtoras.
Governo deve melhorar ambiente de negócios
Leonardo Barreto explanou sobre o cenário político brasileiro, frisando que infelizmente o processo eleitoral de 2018 não conseguiu pacificar o País. “O atual governo não montou uma base de sustentação, o que gerou uma situação de impasse no Congresso Nacional, que ainda está em processo de adaptação. Alguns congressistas estão buscando soluções, outros estão aguardando que o governo ceda em algum momento, ou flertam com uma substituição de governo”, destaca.
Ele frisa que é neste contexto turbulento que a indústria da construção precisa seguir adiante, fazendo pressão para que o governo melhore o ambiente de negócios no País.
“A indústria também terá de fazer a sua parte e avançar naquilo que está ao seu alcance: uniformizar a legislação, reduzir a informalidade, criar um ambiente de concorrência mais leal, reduzir custos, negociar com fornecedor, acessar outros mercados, investir em tecnologia, criar laboratórios de inovação, enfim, a indústria realmente tem um desafio grande e real”, reforça.
Solução está na política e nas urnas
Na visão da ministra Eliana Calmon, a maior contribuição da Operação Lava Jato não foram as condenações, mas sim a descoberta do crime institucionalizado, onde diversas quadrilhas atuavam infiltradas dentro do Estado usando de todas as regalias do poder público.
“As armas usadas pelo crime organizado é a falsificação, a obtenção de documentos fraudulentos etc. Mas no crime dito institucionalizado é a caneta e o Diário Oficial, nomeando-se por interesses escusos aquele que vai fazer o edital de licitação, dar as regras do jogo para as concorrências, nomear o primeiro e o segundo escalão”, salientou.
Ela frisou ainda que a operação Lava Jato não será suficiente para banir do Brasil a corrupção, e os meios que o Judiciário tem para barrá-la são muito pequenos.
“A Lava Jato trabalha com as consequências da corrupção, mas para bani-la nós temos de voltar a trabalhar com as suas causas, o que só se faz politicamente. Não se faz com lei, com juiz, nem com condensação penal. Isso se faz com política, que é a parte mais difícil, mas nós já começamos quando mudamos grande parte do Congresso Nacional, tirando algumas figuras carimbadas, como da primeira república. É na urna que podemos mudar os rumos do País”, finaliza.