Rios ainda sem a devida atenção

Uma pesquisa realizada pela Fundação SOS Mata Atlântica, reunindo dados de janeiro de 2011 a março de 2012 em 49 rios do país e abrangendo 11 estados brasileiros, mostra que a situação é crítica e que muito disso se deve à falta de investimentos em saneamento básico. Os dejetos são jogados na rede fluvial sem qualquer tratamento.

 Um ponto importante do levantamento, destacado pela coordenadora do programa Rede das Águas da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, é que, nas duas últimas décadas, por força de normatização legislativa e de uma crescente exigência da sociedade, o setor privado resolveu questões pendentes e investiu no tratamento de seus resíduos. Infelizmente, a mesma coisa não aconteceu com as prefeituras, que continuam a não cumprir com as suas obrigações no tocante ao saneamento, pois permitem que os efluentes de suas populações sejam jogados diretamente nos rios.

 Outro gargalo a ser resolvido está na coleta de lixo. Como ela não é feita de forma adequada, muitos dos excedentes acabam poluindo os rios que banham as cidades. Também não é de se esquecer que existe toda uma cultura de desperdício de recursos hídricos, que não são renováveis. No entanto, mesmo assim, as pessoas insistem com práticas condenáveis, como lavar as calçadas e os carros com água potável. Infelizmente, as legislações municipais estão defasadas e não incentivam a economia de item essencial.

 A avaliação dos cursos de água concluiu que nenhum deles está classificado como bom ou ótimo. Foram avaliadas mostras dos rios dos estados do Ceará, Piauí, da Bahia, do Espírito Santo, Rio de Janeiro, de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, do Rio Grande do Sul, Paraná e de Santa Catarina. Todos eles ficaram entre regular e ruim, o que demonstra que há todo um trabalho pela frente para melhorar a qualidade dessas águas, sob pena de o país dilapidar riquezas ambientais, como rios, florestas e ecossistemas, pagando um alto preço por isso no futuro.