Preço de imóveis na Capital começa a se estabilizar

Para Sinduscon-CE, forte indício dessa tendência é a redução no ritmo de vendas, nos últimos três meses

 

 Depois de um longo período de valorização crescente, o preço dos imóveis residenciais em Fortaleza tende a se estabilizar nos próximos meses. A avaliação é do vice-presidente da área imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon – CE), André Montenegro. Segundo ele, um forte indício de que tal previsão se confirme é a redução do ritmo de vendas que vem ocorrendo na Capital cearense nos últimos três meses.

 "O primeiro sinal que os preços já atingiram um patamar de equilíbrio, na relação oferta e procura, é quando a velocidade de vendas diminui. E isso vem acontecendo aqui de três meses para cá", afirma Montenegro, para quem "os valores dos imóveis já chegaram no limite que o consumidor pode pagar".

 Segundo ele, a soma de três variáveis – preço do terreno, custos da produção e da mão de obra – interferem diretamente no valor de venda dos imóveis.

 Com os preços crescentes dos terrenos no mercado local e a falta de mão de obra qualificada, os preços consequentemente aumentaram. Montenegro explica que hoje a situação é outra. "O apagão de mão de obra qualificada estamos combatendo com novas tecnologias e com o treinamento. Quanto aos valores dos terrenos não há mais a mesma empolgação, pois os preços já estão ultrapassando o limite do bolso. Então, embora ainda exista muita demanda, os preços terão que se adequar ao consumidor", afirma.

 Tendência nacional

 O empresário garante que o Brasil todo está migrando para a estabilidade de preços no setor imobiliário, o que também inclui os terrenos. "Há dois anos atrás quando o construtor procurava um terreno, se não comprasse de imediato tentando barganhar o preço, logo ele era vendido a outro interessado. Agora tenho notado que os proprietários estão voltando a nos procurar, até uma semana depois. Isso significa que chegamos ao limite", explica.

 Para André Montenegro, a estabilidade dos preços dos imóveis é positiva para construtores e para o consumidor final. "Quem especula preços do terrenos são seus donos. Nós, construtores, já trabalhamos com nossas margens muito enxutas. Quanto mais estáveis ficarem os preços dos terrenos, mais ganhamos com isso. Em consequência, o comprador do imóvel também", resume.

 O fenômeno não é exclusividade do mercado local. Em São Paulo – maior mercado consumidor do País – especialistas do setor apontam que a diminuição no ritmo de alta deve continuar, pois alegam que a expansão registrada nos últimos anos não era sustentável.

 O valor dos lançamentos de um quarto na Capital paulista subiu 24,5% no primeiro semestre, ante 77,2% no mesmo período de 2010.

 Aluguel aquecido

 Na opinião do presidente da Associação das Administradoras de Imóveis do Ceará (Aadic), Heron Ibiapina, não há previsão de alguma de modificação no valor dos aluguéis em Fortaleza. Segundo ele, apesar das análises econômicas apontarem uma migração dos investimentos na bolsa para o mercado imobiliário, esse fenômeno não deve onerar o bolso de quem paga aluguel na Capital.

 "Em termos de Ceará, acredito que não vai haver alteração até o fim do ano. Isso não tem refletido aqui. O mercado continua aquecido, sem sinalização de retração", fala Heron.

 Quanto ao preço, ele prevê que continuem no mesmo patamar observado neste ano, sem bruscas oscilações para mais ou menos. "Se tivesse alteração a curto prazo seria por causa de uma provável a oferta muito grande de imóveis. Mas a realidade é justamente contrária a isso: a demanda bem maior do que a oferta", pontua o presidente da Aadic, entidade que representa mais de 20 mil imóveis.