AGÊNCIA CBIC
Participação relativa do setor privado na infraestrutura vem caindo desde 2012
06/04/2015 |
Valor Online – 06 de abril Participação relativa do setor privado na infraestrutura vem caindo desde 2012 Ainda não é possível saber como se comportaram os investimentos em infraestrutura em 2014, ano em que a combinação entre estagnação econômica e Lava-Jato começou a se desenhar. Dados mais recentes da ABDIB, que vão até 2013, já indicam que, como proporção do total, o investimento privado perdeu força no primeiro mandato de Dilma: correspondia a 40% do total em infraestrutura em 2011; caiu para 39% em 2012, chegando a 38% em 2013. O percentual mais alto foi registrado em 2004, quando o investimento privado ficou com 50% do total. A despeito das inúmeras demandas para que a segunda rodada de concessões possa deslanchar no segundo mandato, investimentos em infraestrutura vêm subindo nos últimos dez anos – com destaque para os privados. A preços de 2013, a média de investimentos privados durante o primeiro governo Dilma chega a R$ 82,5 bilhões, 38% acima da média de quase R$ 60 bilhões do segundo governo Lula e mais do que o dobro da primeira gestão petista. Além do interesse do investidor tradicional do setor, a forte liquidez internacional é um dos fatores que podem contribuir para manter a tendência. José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), afirma que já consegue visualizar movimentos nesse sentido. O pior dos mundos para o setor de infraestrutura seria contar também com um choque de juros do Federal Reserve (banco central americano), diz Claudio Frischtak, presidente da consultoria Inter B. "O que não ajuda é essa enorme volatilidade. São concessões de 20 ou 30 anos, mas exigem alguma conta", afirma. "Mas o fato é que a alta liquidez em euros, ienes e dólar ajuda bastante". Para Armando Castelar, da FGV, embora a liquidez global seja alta, a recuperação da economia americana indica que investimentos brasileiros terão que competir com alternativas oferecidas pelos EUA, poderoso imã de investimentos. Segundo ele, o ambiente de alta liquidez de alguma forma já estava presente no ano passado e retrasado. Para Frischtak, uma possível saída seria usar o BNDES como indutor de novos instrumentos para trazer parte da liquidez mundial para o mercado interno, em um cenário em que banco não conta mais com aportes vultosos do Tesouro. "É uma instituição muito sólida e faria todo sentido, já que a orientação do governo é explorar mais alternativas de fontes privadas do mercado de capitais. Ele poderia fazer isso junto com o Banco Mundial ou com o BID", diz. Para Martins, da CBIC, é preciso um sinal do governo dando um mínimo de segurança para quem vai financiar os projetos, mostrando que o país está no caminho certo. E o BNDES, ressalta, também precisa se reposicionar, dizendo qual será a sua função nesse processo. O consultor Raul Velloso considera importante ressaltar que o interesse é aumentar não só investimento, mas também a produtividade. "Sem isso não saímos do atoleiro em que estamos." |
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