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AGÊNCIA CBIC

09/03/2015

O construtor das empresas

"Cbic"
09/03/2015

Revista IstoÉ Dinheiro – 07 de março

O construtor das empresas

POR QUE O EMPRESÁRIO ARNALDO PAVAN,  DONO DA LAMPUR, TORNOU-SE O FAVORITO  DE EMPRESAS COMO CAOA, BANCO ITAÚ,  FORD E VOLKSWAGEN PARA LEVANTAR  MODERNAS LOJAS E CONCESSIONÁRIAS  

 Rodrigo CAETANO

O empresário Arnaldo Pavan, presidente da construtora Lampur, de São Paulo, guarda o serrote que ele exibe na foto acima como se fosse um talismã. A ferramenta pertenceu ao seu tataravô, que foi arquiteto na Itália, no século 19. O motivo pelo qual ela foi passada de geração para geração é um mistério. Ninguém da sua família seguiu a carreira do antepassado. Nem mesmo Pavan, que é engenheiro. Mas é por conta da afinidade com a arquitetura que ele construiu sua empresa, uma das preferidas do mercado, atualmente, para a construção de lojas, supermercados, concessionárias e escritórios. "Acredito nas palavras de Charles Darwin: sobrevive não apenas quem é o mais forte ou o mais inteligente, mas aquele que se adapta", afirma Pavan. "E assim que eu conduzo meus negócios." A Lampur já assinou a construção de um total de dois milhões de metros quadrados. Entre seus clientes estão empresas de grande porte, como o grupo CAOA, as montadoras Ford e Volkswagen, o banco Itaú, a varejista de roupas Colombo e os restaurantes Coco Bambu e Eataly.

No entanto, a especialidade são as concessionárias de veículos. Já são mais de cem em todo o Brasil. Algumas delas, como a loja da Hyundai na avenida Sumaré, em Perdizes, bairro de classe média alta de São Paulo, possuem arquitetura moderna e integração com áreas verdes. O método construtivo da Lampur é seu grande diferencial. A empresa utiliza um tipo de construção seca baseada em pilares de aço, técnica muito difundida na Europa e nos Estados Unidos. O sistema, segundo Pavan, possui duas grandes vantagens: é rápido e não gera resíduo. "Demora mais para fazer o projeto do que para levantar o prédio", afirma. Em média, a Lampur conclui as obras em cerca de três meses.

A velocidade se deve ao fato dos materiais já virem prontos para o local da obra. Os pilares de aço são pré-moldados na medida exata. Aos pedreiros, só resta o trabalho de montagem, como um jogo de Lego.

Um relatório produzido pelo Conselho Brasileiro de Construção Sustentável aponta que, na Europa, há uma crescente preocupação em evitar que os materiais de construção fiquem expostos à chuva. A água pode levar produtos químicos perigosos para o lençol freático. Sem contar o desperdício. Estimativas da indústria indicam que, no Brasil, a perda de materiais básicos supera os 30%. Isso significa que, a cada três obras, seria possível fazer outra, idêntica. Em média, as obras ficam 6% mais caras por conta das perdas. A indústria nacional passou a dar mais atenção ao assunto a partir de 2010, segundo a Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil (Abrecon), por conta da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que obriga as empresas a darem um destino correto para seus resíduos.

A adaptação a que o empresário se refere, em sua carreira, passa por uma mudança de mercado. Até 2004, Pavan atuava no ramo da incorporação. Sua antiga empresa realizou diversos empreendimentos residenciais na capital paulista, especialmente no bairro de Moema, um dos mais caros da cidade. Em 2004, no entanto, ele tomou a decisão de vendê-la. "A empresa tinha uma estrutura muito grande, fazia tudo em casa", afirma Pavan. "A Lampur é enxuta." A decisão de trocar o mercado residencial pelo corporativo também se mostrou acertada. Dados da empresa de pesquisas ITC, especializada em construção civil, mostram que, de janeiro a setembro de 2014, apesar de ter respondido por apenas 35% da área construída no País, o mercado de empreendimentos comerciais concentrou 58% dos investimentos.


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