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AGÊNCIA CBIC

10/03/2015

Escândalo de corrupção abre espaço ao pequeno construtor

"Cbic"
10/03/2015

DCI Online – 10 de março

Escândalo de corrupção abre espaço ao pequeno construtor

Cenário. Consórcios com pequenas e médias empreiteiras ganham atenção do mercado para concorrências públicas, já que o apetite das grandes do setor caiu com a Operação Lava Jato

Amauri Vargas

Grandes obras públicas tendem a ficar nas mãos de empresas maiores, em função do alto volume de caixa

Foto: Fotos: Divulgação e Dreamstime

São Paulo – A perspectiva de investimento de R$ 4,5 trilhões em infraestrutura no País até 2022, projetada pela Fiesp, pode ampliar o mercado das construtoras menores. A previsão é que os escândalos de corrupção diminuam o apetite das gigantes por concorrências públicas e abram espaço para consórcios de pequenas e médias.

"O interesse do governo sempre foi fazer negócio com grandes grupos, pelo alto volume de caixa, mas esse cenário deve mudar com a redução do apetite delas por concessões públicas", diz especialista em concorrência e doutor em finanças públicas da Universidade de São Paulo (USP), Roger Andrade.

É nessa perspectiva que o professor acredita no potencial das empresas menores. "As grandes empresas estão com medo após a Operação Lava Jato, que prendeu nove presidentes das maiores construtoras, numa ação inédita no País", disse Andrade.

Para se arriscar em obras públicas, no entanto, é preciso cautela: "Se profissionalizar é a palavra-chave. Não adianta ser o melhor construtor de contra piso da região, e não ter as contas organizadas para conseguir crédito", afirmou.

Consórcios

A iniciativa de formar consórcios de pequenas e médias construtoras não é um sonho tão distante. O Sebrae e o Sinduscon, por exemplo, oferecem cursos de capacitação e colocam empresários em contato para novos negócios.

"Para competir com uma grande construtora, é preciso ter o caixa e o nome que ela tem, e isso só se consegue juntando entre 12 e 15 empresas menores", completou Andrade, lembrando que o pequeno construtor precisa encontrar parceiros com especialidade em ramos diferentes ao próprio.

Empresas

Exemplo de empresa interessada em participar de novas licitações, a Construtora Moreira Ramos, de Minas Gerais, já atua em concessões públicas de menor porte desde 2012, e projeta encontrar parceiros para entrar no ramo de infraestrutura.

"Fizemos escolas, hospitais e outras obras menores em diversas cidades mineiras, mas agora queremos contratos com o governo do estado", disse Marcelo Moreira, presidente do grupo.

A estratégia do empresário para atingir esse objetivo tem sido simples: viajar. "Tenho participado de congressos, conhecido pessoas e encontrado soluções em terceiros para falhas na minha operação. Tudo isso tem dado resultado", explicou ele, prevendo a entrada em pelo menos duas corridas por obras viárias em Minas Gerais até o fim de 2016.

A empresa que espera faturar R$ 100 milhões este ano está com dois projetos de construção de escolas na região da Grande Belo Horizonte. "Podemos aumentar em 30% o número de projetos com a estrutura que temos. O problema são os entraves municipais para uma licitação de porte médio", diz.

Oportunidades até 2022

Segundo estimativas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o setor de infraestrutura deve investir mais R$ 560 bilhões por ano na economia brasileira nos próximos oito anos, somando R$ 4,5 trilhões até 2020, o que abre grande potencial de negócio se for bem aproveitado, disse o diretor titular do departamento da indústria da construção da Fiesp, Carlos Eduardo Auricchio

"O País vai precisar construir aproximadamente 11,5 milhões de moradias até 2020, para minimizar o déficit habitacional de todo o País", previu o executivo em encontro realizado ontem em São Paulo.

Desafios de agora

Para o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, o atual cenário econômico é desafiador e exige empenho do empresário. "A intenção é encontrar de forma criativa uma saída para soluções e conquistar, emprego, desenvolvimento, em meio a tantas dificuldades", afirmou.

Outro ponto de defesa do líder dos industriais é a questão do aumento da tributação e reajuste fiscal, bandeiras do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. "Não aceitamos que nenhuma empresa seja mais onerada do que já é. Nesse sentido queremos ajuste fiscal, mas por meio de economia de dinheiro e não aumento na oneração", diz.

A perspectiva de Skaf é conseguir se aproximar mais dos ministros, para repassar as demandas dos empresários e "Tentar diminuir a fragilidade das empresas no Brasil."

Burocracia

Outro tema discutido durante o 11º Congresso Brasileiro da Construção, da Fiesp, foi o afastamento do interesse do empresários em obras públicas em função da alta burocracia. "Chegou a hora de dar um basta nessa tradição de atrasos", afirmou à imprensa o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz.

Segundo o ministro, a burocracia não deixa que a produtividade evolua. E, em tempos de acusações de corrupção envolvendo contratos públicos, Cedraz defende maior controle por parte do governo para evitar esse tipo de problema. "Mas o controle não predispõe ao aumento da burocracia. A fala de planejamento causa mais burocracia", disparou.

Na visão do líder do TCU, o governo e as empresas podem avançar os métodos de trabalho e de auditorias, mas isso só será possível, se o Brasil avançar na transparência. "Além disso, o Brasil não tem governos digitais e precisa entender que deve ser digital, como em países de primeiro mundo", afirmou.

Atualmente, cerca de 2% dos empreendimentos públicos são barrados pelo TCU. "O problema está no Congresso Nacional que tem esse poder e paralisa por meses, fazendo que o setor percorra a via crucis que é construir aqui", disse o ministro.

Para reduzir este dado, Cedraz defende que a iniciativa precisa ser conjunta. "O maior problema é de governança. Cada um que intervém não tem prazo para entregar sua parte."

 


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