Enic: Desafios das pequenas construtoras

Oficina debateu implementação de certificações e o acesso ao crédito

A última oficina do 93º Enic trouxe uma temática de suma importância para as pequenas construtoras. Com o título ‘Pequenas construtoras: desafios no acesso ao crédito e a busca por melhorias nos processos’, o debate levantou questões como a certificação PBQP-H e o desafio dessas empresas em conseguir apoio financeiro dos bancos diante das exigências burocráticas.

Um dado apresentado por Marcos Galindo, representante da CBIC no CTECH/PBQP-H e diretor do Sinduscon-BA, mostrou que aproximadamente 40% das empresas fazem obras em até 500 m2 de área por ano e somente 20% das empresas fazem obras em áreas de 1000 a 2000 m2. Destas pequenas empresas, 70% são dedicadas à construção de casas e  somente 10% está na produção de pequenos edifícios.  

“A ideia é criar dentro da certificação um outro sistema ou um subsistema com foco  na qualidade das obras e na rastreabilidade do desempenho da qualidade das obras e não necessariamente das empresas”, lembrou Galindo.

O  presidente do COMAT-CBIC, Dionyzio Klavdianos, ressaltou que pequenas construtoras fazem investimentos utilizando o próprio recurso, segundo pesquisa recentemente elaborada pela CBIC. “Nós fizemos uma pesquisa que mostrou que a maioria das pequenas empresas investem com recursos próprios. Essas empresas ajudam no desenvolvimento social, na construção de habitação de interesse social e como elas não utilizam nenhum sistema de certificação é um desafio conseguir financiamento”, comentou.

Certificação – Dentre os desafios enfrentados, a certificação PBQP-H, exigida pela Caixa Econômica (e demais instituições financeiras) para ter acesso a financiamento construtivo acaba sendo um entrave para pequenas construtoras.

“A principal diferença do pequeno construtor e construtora é a capilaridade, ou seja é estar onde a grande não está. E uma das maiores dificuldades que esse pequeno construtor tem é a implementação da certificação PBQP-H. O pequeno construtor tem receio de percorrer todo esse caminho de certificação e posteriormente não conseguir tramitar na burocracia dos bancos públicos e entes governamentais para ter acesso ao apoio à produção,” analisou João Victor Ribeiro, presidente da FENAPC.

Segundo César Rissete, gerente de Competitividade do SEBRAE, todo processo de legislação, certificação e adequação de parâmetros deve estar adequado ao porte da empresa. “Nós precisamos olhar e perceber a diferença e as características da construtora de menor porte. À medida que a gente avança em um processo que respeite as diferenças dessas construtoras, a gente consegue como instituição focar no produto que ajude a empresa a operacionalizar e acessar a certificação, concluiu. 

Enic – O 93º Enic é uma realização da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e conta com apoio do Serviço Social da Indústria (Sesi Nacional), do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional) e de entidades do setor, com patrocínio do Sebrae, OrçaFascio, Konstroi, Agilean, Brain Inteligência Estratégica, Mútua e Predialize.

A oficina tem interface com o projeto “Inovação e Tecnologia na Indústria da Construção”, da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (Comat) da CBIC, com correalização do Senai Nacional.