Logo da CBIC

AGÊNCIA CBIC

08/05/2015

Atividade fraca leva a alta do desemprego em todo o país

A desaceleração da atividade econômica provocou piora generalizada no mercado de trabalho do país no primeiro trimestre, mas os efeitos foram distintos entre as regiões e os Estados. No Nordeste, que já convive com uma taxa de desemprego próxima a 10% desde o ano passado, a conta chegou pela renda, que caiu 1,9% em termos reais na comparação ao mesmo período do ano passado. No Sudeste, a deterioração foi mais forte no aumento da taxa de desemprego e no baixo crescimento de novos postos de trabalho, mas o rendimento médio ainda cresceu 0,7% acima da inflação. Também chamou atenção o Centro-Oeste, pelo maior aumento percentual do desemprego, que passou de 5,9% para 7,3% da força de trabalho, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na média nacional, a taxa de desemprego passou de 7,2% para 7,9% entre o primeiro trimestre de 2014 e igual período deste ano. O Estado com maior nível de desemprego é o Rio Grande do Norte, onde ele já atinge 11,5% da população. A menor taxa é a de Santa Catarina – 3,9% da população ativa. No país todo, 7,9 milhões de pessoas estavam desempregadas no primeiro trimestre, 885 mil pessoas mais do que no mesmo período do ano passado.

Apesar de ter sido a região onde o desemprego menos avançou entre o primeiro trimestre de 2014 e de 2015 – de 9,3% para 9,6% -, o Nordeste foi o local em que os indicadores de emprego mostrados pela Pnad Contínua mais desaceleraram entre os períodos. Entre janeiro e março de 2014 e o mesmo intervalo deste ano, o crescimento da ocupação em relação aos mesmos períodos dos anos anteriores desacelerou de 4,8% na região para 1,5%. Na média do país, a passagem foi de 2% em 2014 para 0,8%.

Essa perda de fôlego, destaca Bruno Campos, da LCA Consultores, deu-se principalmente em virtude do desempenho da construção civil – setor em que o volume de ocupados, depois de crescer 6,3% no primeiro trimestre de 2014, recuou 2,8%, na mesma comparação – e do comércio – com desaceleração de 6,7% para 0,2% entre os dois períodos.

Os rendimentos se comportaram de maneira semelhante. Enquanto na média nacional a alta da renda média real de todos os trabalhos desacelerou de 3,8% para uma estabilidade nos três primeiros meses de 2015, no Nordeste a alta de 6,1% no primeiro trimestre de 2014 transformou-se em queda de 1,9% entre janeiro e março. Pernambuco foi o Estado com maior retração nesse indicador, de 7,5%.

Mesmo com as diferenças regionais, o economista ressalta que a tendência de aumento do desemprego sinalizado ontem pelo levantamento do IBGE é nacional, com desaceleração da geração de novos postos de trabalho e aumento da procura por emprego. "A tendência é parecida com a da PME [Pesquisa Mensal de Emprego], ainda que o nível seja diferente", pondera. Entre o primeiro trimestre de 2014 e o mesmo período de 2015, o desemprego avançou de 7,2% para 7,9% na Pnad Contínua e de 5% para 5,8% na PME (levando em conta a média do trimestre), um aumento de 0,7 e de 0,8 ponto percentual, respectivamente.

Para Rodrigo Leandro de Moura, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), os dados do Nordeste mostram que a taxa já alta de desemprego – próxima a 10% – reduziu o poder de barganha dos trabalhadores e levou à queda da renda que ainda não foi vista nos demais locais. "Na região, o ajuste está se dando via renda nesse momento", diz Moura. Ele avalia, contudo, que o movimento mais rápido de alta do desemprego já registrado na outras regiões – em três delas a taxa subiu acima de 1 ponto percentual – também chegará ao Nordeste neste ano.

Moura também considerou expressivo o aumento da taxa de desemprego no Centro-Oeste, uma região dependente da agropecuária, um dos poucos setores para o qual não se espera queda de atividade neste ano.

 

A economista Camila Saito, da área de cenários regionais da Tendências Consultoria, avalia que o Nordeste, por ser a região em que a economia cresceu de forma mais expressiva nos últimos anos – 3% ao ano entre 2009 e 2014, contra 2,6% da média nacional, de acordo com estimativas da instituição -, deve sofrer desaceleração forte neste ano. A Tendências projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) da região, depois de aumentar 1,5% no ano passado, suba apenas 0,1% em 2015.

Para ela, entretanto, o Sudeste vai ser a região mais afetada, já que concentra alguns dos setores mais expostos às "turbulências macroeconômicas" do período – o de máquinas e equipamentos, a construção civil e o automotivo. "Além disso, o tarifaço de energia elétrica e o racionamento de água devem afetar fortemente o desempenho do Sudeste", completa. Por isso, a estimativa para o PIB da região é de queda de 2,6%, desempenho ainda pior do que o previsto para o país, uma retração de 1,4%.

Os efeitos do Lava-Jato, ela avalia, deverão ser relevantes em ambas as regiões. No caso específico do Nordeste, pesam as demissões no estaleiro pernambucano Atlântico Sul e os cancelamentos dos projetos das refinarias do Maranhão e do Ceará. "Por outro lado, há importantes investimentos em maturação neste ano no Nordeste, como a primeira fase da refinaria de Abreu e Lima e a planta da Fiat em Pernambuco e a maturação de uma planta de celulose no Maranhão".

Além da geração mais fraca de vagas no primeiro trimestre, o IBGE destacou na Pnad Contínua a entrada de 1,7 milhão de pessoas na força de trabalho, que cresceu 1,7% sobre igual intervalo de 2014. No período, a população ocupada avançou 0,8%, com geração de 772 mil postos. "Há uma pressão no mercado de trabalho", afirmou o coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo.

A oferta mais modesta de emprego em outros segmentos da economia, ele pondera, pode ajudar a explicar o crescimento do trabalho doméstico nos três primeiros meses deste ano. O segmento cresceu 1,5% em relação ao primeiro trimestre de 2014, passando a contar 6,019 milhões de pessoas. "Talvez por falta de oportunidades, vem crescendo esse tipo de ocupação", completou Azeredo. / Valor Online

COMPARTILHE!

Abril/2024

Parceiros e Afiliações

Associados

 
Sinduscon-Norte/PR
ANEOR
Sinduscon-AP
Sinduscon-RR
Sinduscon-Brusque
Sinduscon-MA
Sinduscon-MG
Sinduscon-JP
Sinduscon Anápolis
Associação Nacional de Correspondentes Caixa Aqui
Sinduscon-MS
Assilcon
 

Clique Aqui e conheça nossos parceiros

Afiliações

 
CICA
CNI
FIIC
 

Parceiros

 
Multiplike
Mútua – Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea