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AGÊNCIA CBIC

15/04/2015

A mudança do cálculo do PIB

"Cbic"
15/04/2015

Folha de S. Paulo – 15 de abril

A mudança do cálculo do PIB 

THARCISIO DE SOUZA SANTOS

Divulgada em março pelo IBGE, a revisão das séries trimestrais trouxe novidades no cálculo das contas nacionais que não mudam o cenário de extrema dificuldade por que passa a economia brasileira.

Ainda assim, os resultados anteriores de crescimento do Produto Interno Bruto em 2012 e 2013 sofreram ligeiros acréscimos. Os resultados anuais da produção de bens e serviços foram elevados em 0,8%, em 2012, e em 0,2%, em 2013, passando -respectivamente- a indicar crescimentos anuais de 1,8% e 2,7%.

Apesar de ser uma alteração tecnicamente recomendada, é lamentável a ocorrência de modificações no cálculo de variáveis econômicas, que interrompem séries históricas e prejudicam uma análise mais aprofundada das tendências.

Com os ajustes, que se refletem no exercício de 2014, observa-se que a taxa acumulada no ano passa a 0,1%, fugindo do aspecto negativo que as previsões mais pessimistas se valiam, e que apontava para um crescimento negativo do PIB.

Os resultados, no entanto, assinalam o caráter de estagnação da economia, com a indústria apresentando um decréscimo de 1,2% no período, a agropecuária crescendo 0,4% e apenas o setor de serviços mostrando uma capacidade de crescimento ligeiramente maior, com parco 0,7% de expansão.

Apesar de ser tecnicamente recomendada, a modificação prejudica uma análise mais aprofundada das tendências e interrompe séries históricas

Quando se analisa o problema sob a ótica da despesa, constata-se que os investimentos e o comércio exterior foram os responsáveis pelo baixo desempenho global da economia brasileira.

Os primeiros registraram uma redução de 4,4%, provocada pela queda na produção de bens de capital e pelo desempenho medíocre verificado na construção civil (-2,6%).

Ao mesmo tempo, o comércio exterior sofreu uma contração de -0,1%, decorrente de uma redução do volume das exportações equivalente a -1,1% durante o ano.

O que se depreende da análise dos dados do IBGE é que a economia brasileira se acha em um processo de estagnação. Esse fato é mais preocupante ainda quando se verifica que os setores que apresentaram desempenho ligeiramente melhor não são os que se caracterizam pelo uso de tecnologias mais avançadas e, portanto, pela geração de empregos mais qualificados.

Será necessário um esforço enorme para reverter esse processo, não apenas de redução do volume produzido e consequente queda no emprego, como para gerar postos de trabalho de maior valor agregado. Isso só será possível com uma política consistente de investimento em educação e inovação e, como sabemos, essa é uma meta de longo prazo.

Como sempre ocorre com resultados negativos, os problemas não se encerram por aí. É possível que a mudança do cálculo do PIB redunde na solicitação de revisão dos salários de 2014 e na elevação do novo salário mínimo. Isso porque os reajustes devem, de acordo com a medida provisória de março deste ano, seguir a metodologia que recomenda a correção salarial de acordo com a inflação acrescida do aumento de produtividade, constatado por meio da taxa de crescimento do PIB de dois anos anteriores.

Ora, se ocorreu uma revisão das contas e os números do crescimento do PIB são agora maiores para 2012 e 2013, deveria, então, haver uma compensação nos salários. No entanto, nada mais inadequado quando se observa uma contração no emprego: eventual ajuste para cima provavelmente desencadearia um reforço no processo de demissão de funcionários pelos diferentes setores da economia.

THARCISIO BIERRENBACH DE SOUZA SANTOS, 67,  doutor em história econômica pela USP, é professor e diretor do MBA da Faap – Fundação Armando Alvares Penteado

 

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