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16/12/2020

Último painel do 92º ENIC debateu a valorização da engenharia no país

A ‘Valorização da Engenharia no Brasil’ foi o tema do painel de encerramento do 92º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), realizado no dia 10 de dezembro. O painel também foi o último “Quintas da CBIC” de 2020.

A mesa redonda foi composta por grandes nomes da engenharia nacional. Ao todos foram sete representantes: da academia, dos conselhos, do conhecimento intrínseco (história), dos profissionais e das empresas. O objetivo do painel foi discutir a importância da engenharia sobre todos os pontos de vistas das áreas dos participantes.

Entre os painelistas estavam:

  • Presidente da Comissão de Obras Industriais e Corporativas (COIC/CBIC), Ilso José de Oliveira;
  • Presidente da Comissão de Infraestrutura (Coinfra/CBIC), Carlos Eduardo Lima;
  • Professor, PhD em Engenharia de Estruturas pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e consultor da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) Aécio Lira;
  • Presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros, Virginia Campos de Oliveira;
  • Presidente do Instituto de Engenharia, Eduardo Lafraia, e
  • Presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Joel Krüger.

Com mediação do presidente da CBIC, José Carlos Martins, o painel encerrou a maratona online do 92º ENIC homenageando todos os engenheiros e engenheiras brasileiros, em especial ao engenheiro Joaquim Cardozo, que possibilitou a concretização dos ousados traços de Oscar Niemeyer. “É um orgulho pertencer a esse grupo”,  enalteceu José Carlos durante as boas-vindas aos painelistas e participantes.

Durante o evento, o presidente da COIC/CBIC, Ilso Oliveira, ressaltou a importância da engenharia frente aos valores totais dos projetos. “A engenharia representa cerca de 5% do valor total do projeto, sendo que é responsável direta pelo sucesso e segurança do empreendimento”. Ele ainda pontuou sobre o imenso custo dos atrasos em obras e o quanto vale a falta da engenharia e a engenharia deficitária.

O professor Aécio Lira tratou do ensino superior e lembrou que o Brasil tem um belo elenco de instituições de valor internacional, com algumas reconhecidas e renomadas como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o Mackenzie, a Politécnica da USP, entre outras. Porém, externou sua preocupação com a qualidade do ensino da engenharia em instituições menos reconhecidas e jogou a seguinte provocação:  “Falar de valorização da engenharia é responder à seguinte pergunta: as nossas ações entregam valor de verdade?” Aécio abordou também os cenários do mundo 3.0, do  mundo 4.0  e da tecnologia BIM (Building Information Modeling) na engenharia.

De acordo com o presidente do Instituto de Engenharia, Eduardo Lafraia,  é preciso haver uma mudança de cultura para que a engenharia seja usada de forma correta. ”Quando se faz um empreendimento, é preciso pensar no ciclo de vida dele. Qual engenharia será jogada dentro desse projeto? É preciso pensar a médio e longo prazos”, exemplificou. Lafraia ponderou também sobre os problemas da educação básica brasileira. Ele acredita que para investir na engenharia é preciso investir também na educação básica brasileira. Ele contou que participou de um seminário sobre educação que apresentou um dado importante, 40 % dos erros da prova de matemática ocorreram porque os alunos não entenderam o problema. Lafraia concluiu que é preciso fazer uma campanha em prol da educação para assim melhorar a engenharia brasileira.

Para Joel Krüger, presidente do Confea, é preocupante o número de estudantes que são proficientes em matemática no país. “140 mil estudantes proficientes em matemática, é pouco”, apresentou. O presidente do Confea ressaltou também sobre um projeto, que conta com a participação do Confea, do Ministério da Educação (MEC), da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Associação Brasileira Nacional de Engenharia, a fim de melhorar a qualidade dos cursos de engenharia. Krüger contou também que o conselho tem buscado ficar mais próximo do setor empresarial e mencionou sobre a recente e importante aprovação no Legislativo do Projeto de Lei (PL) 4.253/2020 que veio para substituir a lei das licitações (Lei 8.666/1993).

Krüger, ao responder os questionamentos dos participantes, expôs sua opinião sobre a temática do “exame de certificação de engenharia”, uma prova a ser aplicada aos engenheiros nos moldes do exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O presidente do Confea não é favorável ao exame para os engenheiros. “Acredito que não vai resolver o nosso problema de qualidade,  só vai criar mais uma barreira”, justificou.

Virginia Campos, presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros, comentou sobre a importância da percepção da sociedade acerca do valor da engenharia. “A engenharia está em tudo, mas nem sempre o cidadão tem essa percepção”, destacou. Ela complementou ainda dizendo que geralmente essa percepção está ligada à infraestrutura e a construção civil, mas lembrou que a engenharia está também no enfrentamento à covid-19, como a engenharia genética.

O presidente da Comissão de Infraestrutura (Coinfra) da CBIC, Carlos Eduardo Lima, também acredita na importância de mostrar o quanto a engenharia está presente no dia a dia das pessoas e na inclusão social.  Ele lembrou da luta pela aprovação no Congresso Nacional do marco legal do saneamento básico em 2020, o PL 4.162/2019.

Lima lembrou do “Labirinto das Obras Públicas”, projeto da Coinfra que percorreu diversos estados do Brasil para entender os entraves locais, buscou soluções para destravar as obras públicas das regiões e  que também foi tema de painel específico do  92º ENIC. “As empresas do setor da construção tentam ser mais eficientes no setor público, mas há um grande desincentivo a isso nos órgãos de controle e na gestão pública”, relatou.

Acesse a íntegra do evento.

O 92º ENIC foi realizado pela CBIC e correalizado por Asbraco-DF, Sinduscon-DF e Ademi-DF. O evento tem como patrocinador silver o Sebrae, como patrocinador platinum Arcelormittal Brasil e Caixa Econômica Federal, e conta com o apoio de Sesi Nacional e Senai Nacional.

Este painel integra o projeto “Fortalecimento das Empresas de Obras Industriais e Corporativas” da COIC/CBIC com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional).

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