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23/04/2019

Artigo: Paris III – Nossa Notre Dame

Dionyzio Antonio Martins Klavdianos é vice-presidente de Área da CBIC e presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (Comat)

A catedral de Notre Dame foi uma das duas paradas em que nos foi permitido descer durante o city tour, a outra, óbvio, a Torre Eiffel. Era domingo de Ramos, as portas da igreja estavam cerradas. Para passar pelo cordão de isolamento em torno da igreja nos exigiam abrir as bolsas e a fila de fiéis e turistas aguardando a vez era enorme.

Na segunda-feira logo pela manhã partimos para a primeira visita técnica do dia (Missão técnica dos vencedores do Prêmio CBIC de Inovação e Sustentabilidade, entregue no fim do ano passado), os laboratórios de testes de materiais do Centro Técnico e Científico da Construção (CSTB). Criado no ano de 1947 para centralizar o controle dos trabalhos de reconstrução da cidade, o centro hoje é referência mundial no que tange a avaliação de materiais, componentes e sistemas.

O laboratório de fogo foi o primeiro visitado, lá conhecemos o vulcão, uma estrutura de concreto armado modular que pode atingir até 9 m de altura e 3 m de comprimento, variando de acordo com o ensaio que será realizado.

Catedral de Notre Dame.

Na França não se combate fogo com sprinklers, mas garantindo-se que em caso de incêndio a segurança da estrutura, a compartimentação dos ambientes e a propagação de fumaça será preservada no tempo adequado para evacuação do prédio. No momento em que visitávamos o laboratório estava em teste uma porta de aço que lacra túneis em caso de propagação de incêndio.

Ao final do dia esse foi o laboratório que mais gerou questionamentos por parte dos interessados. Ficou claro, inclusive reforçado pelo diretor do laboratório, a preocupação do país, que normas rígidas em vigor desde a década de 1970, com o tema.

Chamou a atenção a torre de andaimes numa das fachadas da igreja. No dia seguinte ao da tragédia um diretor da CSTB com que jantamos nos disse que a reforma já durava cerca de 15 anos. Difícil não encontrar hoje em dia um monumento histórico mundial que não passe anos assim, envelopado.

Perambulávamos pelos jardins de Luxemburgo quando demos conta da fumaça escura e densa no céu, pela internet a notícia do incêndio na catedral. Fomos para o local, o fogo intenso na região dos andaimes, a maior possibilidade é que tenha sido um curto circuito numa das fiações provisórias da obra.

Obra a muito tempo requisitada e necessária no Museu Nacional do Brasil, destruído no final do ano por um incêndio que teve início, de acordo com a perícia, numa ligação elétrica de ar condicionado malfeita.

No jantar escutamos do diretor da CSTB que, em menos de 24 horas, já foram arrecadados quase U$ 1 bilhão de dólares para a reconstrução da catedral. Passados quase sete meses da tragédia carioca e 24 horas da francesa a semelhança entre as duas parece ter ficado mesmo só na sua origem.

 

 

A premiação é uma iniciativa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em correalização com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), e conta com o patrocínio da Caixa Econômica Federal.

Veja também o Artigo: Paris I – A quem interessa melhorar nossa produtividade (unidade de energia é joule, não caloria)? 

e o Artigo: Paris II – Arrondissements.

 

*Artigos divulgados neste espaço, não necessariamente correspondem à opinião da entidade.

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