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AGÊNCIA CBIC

08/04/2015

Voto e gestão planejada

"Cbic"
08/04/2015

Correio Braziliense – 08 de abril

Voto e gestão planejada

José Carlos Martins

Presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção(Cbic)

Vivemos um período histórico estável e democrático, em que governos se sucedem depois de eleitos pelo voto direto e secreto dos cidadãos. Mas a sociedade clama por gestão pública eficiente e transparente, capaz de oferecer serviços de qualidade em áreas prioritárias como transporte, saúde, educação e segurança. Quem elege cobra, imediatamente, eficiência dos governantes.

Por que isso acontece? Por que não conseguimos criar modelo de administração pública que atenda à expectativa da maioria dos brasileiros? Haverá diversas respostas para essas questões, e uma delas está, certamente, na ausência de planejamento estratégico nas ações dos diversos níveis de governança (federal, estadual e municipal).

Tivemos, em nossa história recente, exemplos de governos que planejaram as ações, embora não tenham sido eficientes no resultado. Nos anos 1950, o presidente Juscelino Kubitschek reforçou a imagem de político moderno ao conciliar espírito público e gestão empreendedora. O plano de metas de JK, que contemplava investimentos maciços em obras de infraestrutura e produção de energia, além de Brasília, é considerado uma das primeiras experiências efetivas de planejamento governamental no Brasil. Mas o governo JK foi marcado também pela inflação alta, provocada pela emissão de moeda para alavancar investimentos, gerando desequilíbrio fiscal.

Vieram depois os Planos Nacionais de Desenvolvimento (PND) do período militar, que, apesar de bem-intencionados, tiveram como lastro um regime autoritário e antidemocrático, que excluía a possibilidade de diálogo com os diversos segmentos da sociedade. Nos últimos anos, o Brasil evoluiu muito no plano institucional, com instituições cada vez mais sólidas e atuantes. No novo cenário, de amadurecimento político, precisamos aprender a planejar com equilíbrio e respeito aos princípios da responsabilidade fiscal.

O momento histórico que vivemos não é trivial. As conquistas passadas criaram um cidadão e um consumidor que não aceitam mais conviver com problemas sem soluções. Exige-se nova atitude de governantes e políticos. Há muito que fazer para consolidarmos modelo de gestão pública eficiente, responsável e previsível. A política deve estar a serviço do cidadão e, portanto, precisa responder aos seus anseios e interesses. A democracia, importante conquista da sociedade brasileira, correrá sério risco se a população perder a confiança nos líderes. O discurso deve ser pautado em dados e em planejamento para não se tornar demagógico.

Devemos considerar que, hoje, há relação estreita entre o imediatismo do processo eleitoral e a ausência de planejamento de longo prazo na gestão pública. Falta vontade política para dar continuidade aos programas e para encarar os desafios, mesmo quando impopulares a curto prazo. A crise hídrica e energética, por exemplo, não poderia ter sido evitada se o planejado tivesse sido executado? Se tivéssemos feito planos com horizontes maiores do que o período de um mandato?

Fica claro que, para responder satisfatoriamente a essas questões, devemos levar em conta a variável chamada eleitor. Só existirá planejamento de fato quando isso for necessário para vencer as eleições. Ou seja, só o eleitor pode mudar o quadro já angustiante, com cobrança e vigilância, antes e depois da hora do voto.

A nova realidade começará a ganhar vulto quando houver mudança de cultura no país. Quando a nossa jovem democracia atingir níveis de evolução e maturidade que permitam ao cidadão optar, de forma consciente, entre a proposta séria e aquela que representa tão-somente a busca imediata de poder. Esse é o maior desafio a ser vencido para que os brasileiros possam sonhar, novamente, com processo sustentado de desenvolvimento econômico e social. Trabalhar para que isso aconteça deve ser responsabilidade de todos nós.

José Carlos Martins

 

"Cbic"

 

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