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07/03/2012

Seu Beto, pedreiro, dobra renda mensal e tem fila de fregueses

"Cbic"
07/03/2012 :: Edição 281

 

Valor Econômico/BR 07/03/2012
 

Seu Beto, pedreiro, dobra renda mensal e tem fila de fregueses

O crescimento modesto de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2011 embute variações mais positivas em alguns setores. Para quem esteve diretamente ligado ao consumo e à construção civil – setores em que a atividade teve alta superior a 3,5% no ano passado -, não houve motivo para reclamar.
 Há 15 anos sem trabalhar com carteira assinada, o pedreiro José Miranda Campos não viu nenhum sinal de desaceleração em 2011 em relação ao ano anterior. Autônomo por opção, dobrou a renda mensal nos últimos 12 meses por dois fatores principais: a forte demanda por seus serviços e o crescimento da procura de reformas mais elaboradas por parte dos clientes.
 Foi um ano ótimo. Se antes eu tirava uma média de R$ 2 mil por mês, no ano passado ganhei por volta de R$ 4 mil, às vezes até mais, diz. Segundo ele, é mais rentável trabalhar por conta própria. Se quisesse, poderia trabalhar para alguma construtora, não falta emprego nessa área. Mas ganharia R$ 1,5 mil e ainda teria patrão.
 A situação de Seu Beto, como Campos é mais conhecido, foi registrada pelo Índice Nacional da Construção Civil (INCC), da Fundação Getulio Vargas (FGV), em 2011. Puxado pelo aumento no custo da mão de obra e forte demanda no setor, o indicador fechou o ano com alta de 7,48%. No resultado do PIB divulgado pelo IBGE, a indústria da construção civil cresceu 3,6%.
 A dificuldade em encontrar mão de obra, uma das maiores reclamações dos empresários do setor, também foi sentida pelo pedreiro, que trabalha geralmente com mais três ajudantes. Eu pagava R$ 40 por dia para cada um, mas no ano passado tive que aumentar para R$ 70, por causa da concorrência, afirma.
 O ritmo menor de crescimento da economia também passou longe, ao que parece, dos clientes, que tiveram que pagar o aumento no serviço contratado. De um ano para o outro, o preço cobrado por Seu Beto para fazer uma reforma dobrou. Ainda assim, ele tem uma fila de espera de quatro obras para tocar, depois que acabar aquela em que está trabalhando no momento, na zona norte de São Paulo.
 Não bastasse isso, conta que foi obrigado a dispensar mais dois orçamentos nos últimos meses. Até terminar os serviços que estão na fila e começar mais essas reformas iria demorar muito. Antigamente, eu fazia um serviço e ficava esperando o telefone tocar. Hoje, estou com dificuldade até em achar gente para me ajudar. A maioria quer trabalhar por conta própria.
 A prosperidade alcançada durante o ano foi revertida em consumo, o que também aparece no quadro geral. O componente teve o segundo maior crescimento dentro do PIB, com aumento de 4,1% em relação a 2010. Geladeira, televisão, máquina de lavar, computador e celular para o filho adolescente, além de uma reforma na casa, foram as principais compras do pedreiro, que traça planos para este ano.
 Dei entrada em tudo e pago em prestações, mas o principal foi a reforma. Minha casa ficou uma belezinha. Agora vou ver se compro uma televisão de LCD para a sala e um carro, diz Seu Beto.
 A previsão do Banco Central para este ano é de crescimento da atividade econômica em 3,5%, uma perspectiva que já foi incorporada pelo pedreiro. A tendência é aumentar a procura pelos meus serviços, o quanto ganho e o quanto cobro. E do jeito que começou este ano, isso deve acontecer.
 Para economistas consultados pelo Valor , existe um problema nessa dinâmica: o aumento do consumo não tem como contrapartida a alta da produção de bens industriais.
 


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