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AGÊNCIA CBIC

07/08/2014

País sofre com desencontro entre projeções e a realidade

"Cbic"
07/08/2014

Diário do Nordeste

País sofre com desencontro entre projeções e a realidade

Como exemplo desse "otimista exagerado", Dony De Nuccio cita as projeções otimistas que acontecem no Brasil em relação ao PIB e à inflação FOTO: LC MOREIRA Arnaldo Jabor acredita que as dificuldades pelas quais o Brasil passou e ainda enfrenta no presente estão ligadas ao patrimonialismo Aposta de manutenção do crescimento nos arredores da Capital deve-se, segundo o vice-presidente do Sinduscon-CE, Patriolino Dias, à demanda reprimida de 100 mil unidades habitacionais na região Foto: Kiko Silva

Seria o Brasil um gatinho que se olha no espelho e se acha um leão? O questionamento é do economista Dony De Nuccio, âncora do programa Conta Corrente, da GloboNews. Ele foi um dos palestrantes da segunda edição do "Brasil em Debate", fórum de ideias promovido pela Cooperativa da Construção Civil do Ceará (Coopercon-CE), em parceria com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE) e com apoio do Diário do Nordeste, que aconteceu ontem em Fortaleza.

O evento, voltado para empresários, construtores e sociedade civil organizada, tem como objetivo discutir os rumos da política e economia do País.

No Lulla's Plazzá Buffet, localizado no bairro Água Fria, De Nuccio falou ao público sobre a conjuntura econômica brasileira. Para ele, o atual pessimismo do mercado e a consequente retração nos investimentos privados nos últimos anos estão ligados ao excesso de otimismo dos analistas de mercado e das previsões do governo. Como exemplo desse "otimista exagerado", o economista cita as projeções otimistas que acontecem no Brasil em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e à inflação.

No início deste ano, acreditava-se que a soma de todas as riquezas produzidas no País em 2014, o PIB, fecharia em 3,60%. No entanto, atualmente, o mercado financeiro já prevê alta do indicador menor que 1%. Já a meta da inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), também passou de 4,5% para quase 6,5%, o teto definido pelo governo, para o índice, neste ano.

Conforme avalia De Nuccio, esse desencontro entre as previsões que são feitas para a economia brasileira e os dados reais vêm sendo corriqueiros ao longo dos anos e influenciam o comportamento tanto do setor público como do privado. "O mercado erra por ser excessivamente otimista, o otimismo é exagerado. Isso também repercute nas contas públicas, fazendo com que as despesas do governo cresçam mais que a receita", analisa o especialista.

Gargalos 

 Com base em pesquisa da The World Economic Forum (WEF), o economista apontou os principais gargalos do Brasil, segundo ele, problemas antigos que precisam ser corrigidos para a economia avançar de forma mais rápida. Entre eles estão: infraestrutura inadequada; regulação fiscal; impostos elevados; burocracia; leis trabalhistas restritivas; corrupção; deficiências educacionais; e instabilidade política.

Embora o Brasil seja a 7ª maior economia do mundo, De Nuccio destaca que a nação ocupa o 21º lugar do ranking do que se refere às trocas comerciais com outros países.

Na sua opinião, é preciso ampliar as relações com o comércio exterior a fim de possibilitar aos consumidores brasileiros uma maior variedade de produtos no mercado, aumentando a competitividade entre as empresas. De Nuccio ressaltou ainda que, diferentemente de anos anteriores, o Brasil está sendo visto lá fora como um país frágil, pois passa por uma desaceleração econômica e ainda depende muito do capital estrangeiro. Mesmo com todos os gargalos, ele acredita que as grandes oportunidades de crescimento costumam aparecer em meio a cenários econômico frágeis. "O Brasil está vivendo a melhor época para investir e empreender, pois não enfrenta mais aquela instabilidade da década de 1980. A baixa taxa de desemprego é um dos principais trunfos do Brasil", disse.

Vantagens 

 O economista falou também de outras vantagens do Brasil em relação às demais nações, como o avanço financeiro da população nos últimos anos; a evolução das classes econômicas e o aumento do poder de consumo; o interesse de investidores internacionais no País; as reservas internacionais consideráveis; a expansão do crédito.

Brasil ainda luta para se modernizar ante o atraso 

 Quem também palestrou durante a segunda edição do fórum "Brasil em Debate" foi o jornalista e cineasta Arnaldo Jabor. Para ele, o Brasil está caminhando para uma mudança importante no que se refere à luta entre atraso e modernização, que vem desde o século XVI, na época da colonização.

"O avanço do Brasil é impedido desde a Coroa Portuguesa. O atraso sempre foi desejado. Portugal tinha uma estrutura de estado-nação, mas era muito medieval. Problemas como miséria, desigualdade e injustiça social são consequências desse processo, e não causa", diz.

Jabor acredita que as dificuldades pelas quais o Brasil passou e ainda enfrenta no presente estão ligadas ao patrimonialismo, característica de um Estado que não possui distinções entre os limites do público e do privado. "O Estado era dono do País, e a sociedade existia para a manutenção do Estado. Daí surgiram várias doenças e vícios históricos no Brasil", analisa.

Burocracia 

 Entre essas doenças deixadas pela forma como o País foi governado por séculos, aponta Jabor, estão a burocracia, o clientelismo, a corrupção, bem como a excessiva dependência das pessoas pelo governo e da falta de interesse da sociedade lutar para mudar a nação.

"No Brasil, não há uma consciência profunda de interesse nacional, coletivo. Cada indivíduo vive pelos seus próprios interesses. As oligarquias políticas, que ainda dominam o País, são defeitos que vieram de Portugal", critica o jornalista.

Influência 

 Por outro lado, Jabor destaca que o País vem passando por importantes mudanças nos últimos 30 anos, algo influenciado pela economia mundial.

Na sua opinião, a revolução digital teve e ainda tem papel fundamental nesse processo de transformação.

"O atraso sempre venceu. Talvez agora vença a modernização, que é, em primeiro lugar, a democracia voltada para organizar a sociedade e melhorar a qualidade de vida das pessoas. É colocar a sociedade em primeiro plano, fazê-la participar das decisões do Estado".

Mercado imobiliário deve ficar estável 

 O mercado imobiliário de Fortaleza e da região metropolitana deverá fechar este ano com valor geral de vendas (VGV) de R$ 4,2 bilhões, mesmo valor registrado em 2013 e que denota a estabilidade do setor da construção civil na Capital. A informação é do presidente da Cooperativa da Construção Civil do Ceará (Coopercon-CE), Marcos Novaes, que participou ontem da segunda edição do fórum "Brasil em Debate", evento promovido pela Coopercon-CE pelo Sindicato da Indústria de Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE).

De acordo com ele, o cenário do mercado imobiliário está favorável em Fortaleza, embora o VGV tenho sido menor de janeiro a junho de 2014, totalizando R$ 2 bilhões. Em igual período do ano passado, foram registrados R$ 2,2 bilhões. "Grande parte dos consumidores esperou para comprar imóveis apenas no segundo semestre. A Copa do Mundo, de certa forma, influenciou esse comportamento", explica. Segundo ele, diferentemente do que se especulou, os preços dos imóveis não caíram após o evento esportivo, mas foram reajustados em alguns casos. "Mas, acreditamos que vamos atingir mais R$ 2,2 bilhões neste semestre e manter o desempenho alcançado em 2013", afirma o empresário.

Novaes destaca que o "Brasil em Debate" superou as expectativas e repercutiu em todo o País, reforçando a necessidade de uma transformação social e econômica. Ele acredita que, por acontecer em ano de eleições, o fórum ganhará ainda mais visibilidade. No próximo dia 29 de setembro, será realizada a 3ª edição do evento, com a participação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Demanda reprimida 

 O vice-presidente do Sinduscon-CE, Patriolino Dias, lembra que existe uma demanda reprimida de 100 mil unidades habitacionais em Fortaleza e região metropolitana. A expectativa da entidade é que o setor cresça 3% no próximo ano, considerando os lançamentos previstos. Ele chama a atenção das construtoras e incorporadoras para visar a efetividade das vendas, investindo em pesquisa de mercado.



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