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19/02/2015

Investimento voltou a cair no 4ºtri, dizem analistas

"Cbic"
19/02/2015

Valor Online – 19 de fevereiro

Investimento voltou a cair no 4ºtri, dizem analistas

O fim das incertezas eleitorais e da paralisação da atividade provocada pela Copa do Mundo não foi suficiente para alavancar o investimento no quarto trimestre. Economistas consultados pelo Valor  calculam que o consumo aparente de bens de capital – medida que soma a produção nacional e as importações desses itens, descontadas as exportações – caiu de 1,6% a 5,2% de outubro a dezembro em relação aos três meses anteriores, feitos os ajustes sazonais, forte sinal de que os investimentos voltaram a encolher no período.

Depois de ter crescido 1,3% no trimestre encerrado em setembro, os analistas ouvidos estimam que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida das contas nacionais do que se investe em máquinas e construção civil), diminuiu entre 0,3% e 4,3% nos últimos três meses de 2014. Caso as previsões sejam confirmadas, em seis trimestres desde julho de 2013, cinco terão sido negativos para a formação de capital fixo.

A revisão da metodologia de cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) – que será divulgada pelo IBGE junto aos dados do quarto trimestre do ano passado, no fim de março – colocou dúvidas nas previsões de agora. Como, no entanto, a produção de bens de capital recuou mais de 7% na comparação trimestral, economistas dão como quase certo que o resultado será negativo para a FBCF.

Com o ajuste das contas nacionais ao padrões internacionais, investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e software serão incluídos na conta da formação bruta, assim como custos com licenças e perfurações na área de óleo e gás.

As alterações colocam alguma cautela nas projeções para o quarto trimestre, diz Fernando Rocha, sócio da JGP Gestão de Recursos, mas a queda de 5,2% do consumo interno de máquinas e equipamentos indica variação negativa do investimento.

De acordo com os cálculos de Rocha, o tombo foi puxado principalmente pela produção interna de bens de capital, que ficou 7,4% menor de outubro a dezembro. Já a produção de insumos típicos da construção civil, que também compõe a FBCF, diminuiu 2,9%. Juntando estas informações, o economista prevê retração leve dos investimentos no trimestre, de 0,3%.

"É um recuo relativamente pequeno, mas o investimento já caiu muito ao longo do ano", afirma Rocha, que trabalha com redução de 7% da formação bruta em 2014. Segundo o economista, a confiança dos empresários chegou a ensaiar uma recuperação com a indicação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, mas o aumento das chances de um racionamento de água e energia elétrica e a piora do ambiente político, em função dos problemas da Petrobras, abortaram a retomada incipiente, o que colocou os investimentos em compasso de espera.

Na medição da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice de Confiança da Indústria (ICI) cresceu 1,8% em outubro e 3,6% em novembro, mas voltou a recuar em dezembro (-1,5%). Para Felipe Beraldi, da Tendências Consultoria, a piora das perspectivas para o desempenho do PIB e da atividade industrial em 2015 pesaram negativamente sobre o humor dos empresários e os investimentos no fim de 2014. Beraldi calcula que o consumo doméstico de bens de capital caiu 1,6% entre o terceiro e o quarto trimestres, enquanto a formação bruta deve ter diminuído 4%.

"A atividade continua enfraquecida e as perspectivas para 2015 se tornaram ainda piores", diz Beraldi. A consultoria reviu recentemente seu cenário para o PIB deste ano, de alta de 0,6% para retração de 0,5%, levando em conta os impactos da Operação Lava-Jato sobre os investimentos da Petrobras e das construtoras envolvidas no escândalo.

A estimativa para a variação da formação de capital fixo saiu de avanço de 1,1% para queda de 4,3%. Na avaliação de Beraldi, os dados do último trimestre de 2014 são reflexo da deterioração do ambiente econômico na virada do ano e indicam em boa medida o que está por vir em 2015.

Segundo André Muller, da Quest Investimentos, mesmo com as mudanças bem-vindas na política econômica, a materialização de riscos relevantes nos últimos meses, com destaque para o de racionamento, dificulta prever um cenário de melhora da economia mais à frente. Além disso, apesar da forte redução na produção de bens de capital – que caiu 23% apenas em dezembro – os estoques desses fabricantes seguem elevados, o que limita uma possível reação dos investimentos.

Muller calcula que, na passagem do terceiro para o quarto trimestre, a demanda interna por máquinas e equipamentos cedeu 3,2%, o que aponta para queda parecida para a formação de capital fixo no PIB, de 3%. Caso a previsão se concretize, os investimentos terminarão 2014 em nível 7% inferior ao registrado em 2013. Olhando para o início do ano, o viés também é negativo, comenta o economista, já que os efeitos da Lava-Jato e da piora das expectativas devido à falta de água e à restrição energética tendem a se aprofundar.

Leandro Padulla, da MCM Consultores, estima que o investimento dentro do PIB vai recuar quase 6% neste ano, depois de já ter encolhido mais de 8% no ano passado. Assim como a volta mais lenta que o esperado da confiança do empresariado, que reagiu muito pouco à mudança na equipe econômica, Padulla afirma que os maiores riscos de apagão também vão levar ao engavetamento de projetos, algo que já começou a ser observado no fim de 2014. Nas estimativas da MCM, a formação de capital fixo diminuiu 4,3% entre o terceiro e o quarto trimestres.

Além dos fatores conjunturais que têm derrubado os investimentos, Rocha, da JGP, destaca uma questão mais permanente que têm contribuído para a piora desse componente do PIB: a perda de poupança doméstica.

"Acredito que a poupança que tem caído foi a das empresas, e não a das famílias, e isso limita a capacidade de investimento", diz o economista, assim como a desvalorização cambial, que encarece a importação de máquinas e equipamentos. Na passagem do terceiro para o quarto trimestre, Rocha calcula que o volume importado de bens de capital caiu 1,6%.



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