AGÊNCIA CBIC
Devagar quase parando
02/02/2015 |
Revista IstoÉ Dinheiro Devagar quase parando Criação de vagas com carteira assinada em baixa, em 2014, reforça a preocupação com o emprego no País Por Denize Bacoccina A manifestação de trabalhadores na avenida Paulista, em São Paulo, na quarta-feira 28, contra as mudanças nas regras do seguro-desemprego e das pensões da Previdência é um sinal dos tempos. A alteração dos benefícios trabalhistas acontece justamente num momento em que o mercado começa a gerar um número bem menor de vagas. Em 2014, foram criadas apenas 396,9 mil postos, o pior desempenho desde 1999, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho. Em contrapartida, a pesquisa mensal de emprego, realizada pelo IBGE, mostra um desemprego de 4,8% em 2014, o menor da série histórica. Mas essa é uma realidade que já ficou para trás. O primeiro sinal foi a queda do salário médio em dezembro em relação ao mês anterior. No ano passado, foram criados novos postos de trabalho apenas nos setores de serviços, comércio e, em menor escala, na administração pública. Na indústria e na construção civil, as empresas estão demitindo. "A tendência, a partir de agora, é ficar muito pior", diz José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, setor que fechou 106,4 mil vagas em 2014. "A expectativa é de um cenário ruim para o emprego", afirma Renato da Fonseca, gerente executivo de pesquisa e competitividade da Confederação Nacional da Indústria. O governo foca no copo meio cheio. "O grande desafio agora é a qualificação do trabalhador", afirma o ministro do Trabalho, Manoel Dias. Os sindicalistas, que promoveram o protesto na semana passada, prometem endurecer as negociações para evitar mudanças nas regras do seguro-desemprego, justamente num momento em que esse instrumento de proteção deve ser mais requisitado. "Queremos a revogação das mudanças e abrir negociação do zero", diz o presidente da Força Sindical, Miguel Torres. Uma nova reunião com o governo está marcada para terça-feira, 3 de fevereiro. A presidenta Dilma, que antes tinha de provar ao mercado que está disposta a adotar a austeridade em seu governo, terá de enfrentar uma batalha, que promete ser longa, com sua base eleitoral, nem um pouco disposta a pagar a conta do ajuste na economia. |
|