Cury estima lançar mais projetos de incorporação

Valor Online – 25 de março 

Cury estima lançar mais projetos de incorporação

"A baixa renda sente que, se não comprar agora, a oportunidade vai embora", diz Fabio Cury, presidente da incorporadora na qual a Cyrela tem 50% de participação

A Cury – empresa na qual a Cyrela tem 50% de participação – estima crescimento de lançamentos e vendas no segmento de incorporação neste ano. A incorporadora é focada na produção de empreendimentos para a baixa renda – faixa 2 do Minha Casa, Minha Vida e projetos enquadrados no Sistema Financeiro da Habitação (SFH) – e atua na faixa 1 do programa habitacional. A projeção de expansão em 2014 não inclui a faixa 1.

Em incorporação, os lançamentos da Cury aumentaram 164% no ano passado, para R$ 374 milhões. Desse total, projetos com financiamento pelo SFH corresponderam a R$ 215 milhões e empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida, aos demais R$ 159 milhões.

Já as vendas líquidas caíram 9%, para R$ 391 milhões. A comercialização de imóveis do SFH teve queda de 3%, para R$ 104 milhões, enquanto a de unidades do programa habitacional encolheu 11%, para R$ 287 milhões. O presidente da incorporadora, Fabio Cury, diz estar atento aos indicadores de confiança do consumidor, mas que a demanda por imóveis para a baixa renda ainda não foi afetada. "A baixa renda sente que, se não comprar agora, a oportunidade vai embora", diz Cury.

No ano passado, a Cury dobrou seu banco de terrenos destinado à incorporação, para o equivalente ao Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 900 milhões. Ainda assim, a incorporadora teve geração de caixa recorde de R$ 107 milhões, 27% superior à de 2013. Isso foi possível, segundo o presidente da empresa, devido ao pagamento das áreas por meio de permuta e ao longo das obras. A Cury, que atua em São Paulo e no Rio de Janeiro, pretende aumentar a participação do interior paulista em seus negócios.

A incorporadora fez dois lançamentos neste início de ano. Um deles tem VGV de R$ 75 milhões, com unidades de R$ 250 mil e financiamento pelo SFH. O outro possui VGV de R$ 25 milhões, com unidades de R$ 120 mil, nos moldes da faixa 2 do Minha Casa, Minha Vida. "É um balão de ensaio para a faixa 1 FGTS", diz o presidente da empresa.

A expectativa é que a chamada faixa 1 FGTS combine incentivos dos dois primeiros segmentos do programa habitacional, com parcela dos recursos originada do Tesouro Nacional e outra fatia do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e faça parte da terceira fase do programa. A Cury tem participado de conversas com o governo federal para elaboração da terceira etapa do Minha Casa, Minha Vida. "A nova fase sairá ao longo deste ano. O governo está acertando detalhes", diz Cury.

De acordo com o presidente da incorporadora, o setor tem discutido com o Ministério das Cidades sobre a possibilidade de o programa abranger projetos de torres mais altas com elevador. "Acredito que esta será uma das novidades da terceira fase", afirma o presidente da Cury.

Em 2014, não houve contratações da Cury para a faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida. Segundo o presidente da incorporadora, os preços dos imóveis desse segmento ficam defasados no último ano do programa, e as margens, muito baixas.

A Cury continuará a comprar terrenos para incorporação neste ano. "Não queremos ficar tão dependentes do Minha Casa, Minha Vida como no início do programa. A faixa 1 passou a ser um bônus, não é mais estratégica", diz o diretor financeiro da incorporadora, Gustavo Artuzzo. O executivo diz esperar que a fatia destinada à faixa 1 seja menor nesta fase do programa do que nas duas primeiras etapas.

No ano passado, a Cury teve lucro líquido recorde de R$ 135 milhões, 28% acima de 2013. A receita bruta subiu 19%, para R$ 916 milhões. O retorno sobre patrimônio (ROE) foi de 40%.