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AGÊNCIA CBIC

24/02/2015

Consumo das famílias ainda manterá indústria de materiais

"Cbic"
24/02/2015

DCI Online – 24 de fevereiro

Consumo das famílias ainda manterá indústria de materiais

Produção. Em entrevista ao DCI, o presidente da Abramat afirmou que o varejo continua sendo metade do faturamento do setor; o Minha Casa Minha Vida também elevará sua participação

Juliana Estigarríbia

A participação do programa Minha Casa Minha Vida (foto) no faturamento da indústria de materiais de construção pode subir de 7% para 12%

Foto: Mauro Pedroso/pmd

São Paulo – O consumo das famílias continua sendo a maior alavanca da indústria de material de construção. Mesmo com os investimentos do mercado imobiliário e de obras públicas, a demanda de pessoas físicas – inclusive o Minha Casa Minha Vida – ainda deve guiar o crescimento do setor.

O varejo ainda é responsável por 50% do faturamento do setor, que hoje gira em torno de R$ 160 bilhões. O programa de moradias populares do governo federal também já representa uma fatia significativa da indústria, cerca de 7%. E a projeção é que este índice atinja em torno de 12% nos próximos anos.

"Mesmo com o pessimismo do mercado, o varejo ainda vai continuar puxando o desempenho da indústria", afirmou em entrevista ao DCI o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover. O executivo explica que o ímpeto de compra dos consumidores do setor está ligado a três fatores: renda, emprego e crédito.

E apesar das perspectivas de aperto em todas essas variáveis, Cover segue confiante no varejo. "O nível de emprego deve continuar razoável, apesar de alguma variação", informa. "Além disso, a renda não vai ser impactada de forma tão acentuada", aposta o dirigente.

Cover também acredita que o Minha Casa Minha Vida deverá manter a demanda. "Não recebemos nenhuma sinalização do governo federal de que haverá mudanças no compasso de investimentos. A expectativa é que o ritmo de obras dobre nos próximos anos", complementa.

Segundo ele, nos últimos dois anos, o programa apresentou um ritmo de 400 mil casas construídas anualmente. "O número de moradias contratadas foi muito maior", destaca.

Ainda de acordo com Cover, para o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff a promessa é a construção de 3 milhões de moradias. "Isso significa um ritmo de quase 800 mil casas por ano", pontua.

Cenário

Provavelmente, os fabricantes do setor querem esquecer o ano de 2014. No período, as vendas de materiais de acabamento caíram 4% e, os de base, em torno de 8%.

"O ano foi muito ruim. Perdemos não só em volumes, como também nas margens", pondera Cover. Segundo o executivo, houve uma queda mais acentuada em infraestrutura e mercado imobiliário.

"Este último segmento é muito impactado pelo humor dos empresários, que hoje estão inseguros em relação à economia", diz. "Com isso, eles seguram os aportes", assinala.

Neste ano, estes segmentos devem manter a demanda mais enfraquecida e, com isso, o crescimento real projetado para a indústria gira em torno de 1%. "Vamos trabalhar, em 2015, para repetir o patamar de 2011", lamenta Cover.

O presidente da Abramat ressalta que muitas das obras de concessões só devem sair do papel em meados de 2016. "Acredito que teremos mais concorrências em 2015, porém, as obras só devem começar, de fato, no ano que vem", enfatiza.

Cover estima que cerca de seis mil obras estão previstas para os próximos cinco anos, no País, somando em torno de R$ 1,2 trilhão. "O potencial de crescimento da nossa indústria é imenso", avalia.

Economia brasileira

Cover reforça que as medidas econômicas adotadas recentemente pela equipe do governo federal devem levar ao menos seis meses para surtir o efeito desejado. "O País deve retomar aos poucos a confiança", acredita o executivo.

No início deste mês, a Caixa Econômica Federal elevou as taxas de juros da sua linha de crédito destinada para reforma e compra de material de construção, chamada Construcard. As novas alíquotas mensais passaram do patamar de 1,50% a 2,33% para 1,60% a 2,40%.

Ele destaca que, apesar do aperto, o cenário não é de pessimismo total. "O crédito para o segmento imobiliário deve crescer em torno de 5% em 2015, o que deve ser suficiente para cobrir a inflação", avalia.

Segundo Cover, hoje o varejo de material de construção fatura cerca de R$ 100 bilhões, dos quais R$ 6 bilhões são provenientes do Construcard. "Esta linha de crédito continuará importante o setor", diz.

Segundo Cover, assim como o crédito, os incentivos do governo também devem ser de extrema importância para manter a competitividade do setor, que hoje sofre a importação de cerca de R$ 12 bilhões ao ano.

"Temos fábricas e qualidade para fornecer para o mercado doméstico, mas sofremos com a entrada dos importados, principalmente da China", explica.

Atualmente, boa parte dos materiais de construção tem isenção do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI). "A indústria só repassa preços se conseguir, mas definitivamente não tem conseguido", argumenta Cover sobre um possível fim dos benefícios.

Ele ressalta que o setor "não pode se dar ao luxo" de perder o incentivo do IPI, uma vez que a indústria tem perdido cada vez mais competitividade para os importados. "Com a evolução do dólar, o quadro de importações tem melhorado, mas ainda é insuficiente", avalia.

O presidente da Abramat acredita que o câmbio deve chegar a R$ 2,90 até o final do ano. "O dólar a esse patamar segura as piores importações e, ao mesmo tempo, barra um pouco da inflação", avalia.

Agenda

A Abramat, juntamente com outras entidades ligadas ao setor, está levando ao governo federal uma agenda chamada informalmente de "pauta de produtividade", cujo objetivo é discutir questões ligadas principalmente à mão de obra na construção civil.

"A nossa agenda inclui minirreformas de baixo custo. Trata-se muito mais de uma reorganização, que deve trazer alta eficiência para indústria", acrescenta o presidente da Abramat.

Entre os pontos que serão abordados com o governo, estão a flexibilização de leis trabalhistas e a inclusão do debate sobre a terceirização na pauta, principalmente porque a construção é altamente dependente de mão de obra. "Estamos falando de um setor que emprega mais de 10 milhões de trabalhadores e uma parte considerável não é formal", explica Cover.

 


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