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AGÊNCIA CBIC

09/03/2011

Construção civil já seduz mulheres

09/03/2011 :: Edição 052

Jornal da Cidade de Bauru/BR   |   08/03/2011

construção civil já seduz mulheres

Quem
disse que construção civil é coisa de homem? O número de mulheres que trabalham
no setor, que impulsionou o crescimento da economia no ano passado, aumenta
cada vez mais. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a
contratação de profissionais do sexo feminino deu um salto de 44,5% no País
entre 2007 e 2009, quando o número de mulheres contratadas na área era de
172.734 (7,78% do total) contra 119.538 de dois anos antes.

O crescimento foi maior do que o registrado nas contratações de trabalhadores
na construção civil com um todo, que teve taxa de 32,65%. Esse cenário foi
avaliado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) como uma
conquista da sociedade e das mulheres em um segmento historicamente dominado
pelos homens.

A participação das mulheres na atuação da construção civil, porém, pode ser
muito maior do que a apontada pelos números. Renato Parreira, diretor regional
do Sindicato da Construção (SindusCon-SP) em Bauru, afirma que a contratação
formal de mulheres é uma realidade na Capital do Estado. No entanto, a maioria
delas, inclusive na região de Bauru, trabalha de forma autônoma, realizando
principalmente serviços de acabamento nas obras.

É o caso da pedreira Andréia Cristina Andrade, 43 anos. Casada e mãe de quatro
filhos, ela conta que há 10 anos largou o emprego de cabeleireira, que exercia
em um salão de beleza da cidade, para aprender o ofício com o marido. “Comecei
como servente de pedreiro. Ele ia trabalhar e me ensinava tudo. Hoje, meu
marido faz a parte dele do trabalho e, depois, eu faço a minha, e ganho mais do
que no antigo trabalho”, afirma.

Quanto às limitações físicas para a atividade no setor, a pedreira explica que,
quando começou, sentia muitas dores nas pernas e nos braços ao fim do dia. “Mas
hoje é como se fosse minha academia de ginástica. Já estou acostumada e gosto
muito do que faço”, conta.

Pensando em se matricular em alguns cursos para aperfeiçoar seu trabalho,
Andréia diz que, quando começou a trabalhar na construção civil, muitas pessoas
não entendiam como uma mulher poderia fazer esse tipo de serviço e alguns até a
criticavam. “Tinha gente que torcia o nariz, mas hoje, depois de muito
trabalho, a maioria dos meus serviços é feita por indicação de clientes. Meu
marido e eu trabalhamos como autônomos”, explica a pedreira, orgulhosa.

Preconceito

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e do Mobiliário
de Bauru, Cláudio da Silva Gomes, confirma que ainda existe preconceito na
contratação de mulheres neste setor. “A maioria ainda atua na área
administrativa das obras. Em muitos casos estão, inclusive, ocupando as vagas
que eram de homens nesse segmento. No entanto, já temos algumas trabalhadoras
na área produtiva aqui na região e a tendência é de que isso aumente, apesar
dos obstáculos”, aponta.

Ele explica que o sindicato reivindica a implantação de reserva da mão de obra
de, pelo menos, 5% para trabalhadoras do sexo feminino no setor produtivo da
construção civil. “Se a média nacional é de mais de 7%, estamos muito aquém. A
contratação de mulheres em obras é bem mais recorrente nas regiões Norte e
Nordeste. Ainda precisamos avançar muito” afirma.

O dirigente sindical comemora, porém, a diminuição constante do trabalho
informal na construção civil. “A maioria de homens e mulheres são contratados
com carteira assinada ou atuam como autônomos”, garante.

Salários ainda são desiguais entre sexos

O número de mulheres contratadas em importantes atividades econômicas do País
segue em crescimento. Em dezembro de 2010, elas eram 17,9 milhões, ocupando
41,48% das 43,3 milhões de vagas de empregos formais. Em 2006, a taxa era de
40,64%.

Apesar da expressividade cada vez maior das mulheres no mercado de trabalho
brasileiro, elas ainda são em menor número na maioria das 99 atividades que
fazem parte da Classificação Nacional de Atividades Econômicas. Em apenas nove
delas as mulheres ocupavam mais postos de trabalho em 2010. A maioria são
atividades nas quais o gênero feminino tradicionalmente se destaca, como nas
áreas de confecção, educação, alimentação, saúde, doméstico, organizações
associativas e outras atividades de serviços pessoais.

Para a presidente do Conselho Municipal de Condição Feminina, Acyr Santinho, a
diferença entre os salários de homens e mulheres que ocupam as mesmas funções
ainda é o principal desafio no mercado de trabalho. Acyr aponta também a
violência doméstica contra as mulheres e a baixa representatividade política do
sexo feminino como problemas que precisam ser superados.

“A eleição de Dilma Rousseff abriu caminhos. Em Bauru temos uma vice-prefeita,
o que é importante. Por outro lado, apenas uma mulher está na Câmara Municipal.
Nas secretarias municipais, apenas duas comandam pastas.”

Falta qualificação profissional

A entrada das mulheres no mercado de trabalho da construção civil é confirmada
pelo diretor regional do SindusCon-SP em Bauru, Renato Parreira. Ele destaca
como ponto positivo, principalmente, a qualificação técnica da mão de obra
feminina e a vantagem em relação aos homens na execução de alguns serviços.
“Elas não estão sendo contratadas para fazer força, mas para aplicar seus
conhecimentos técnicos, principalmente nos trabalhos de acabamento, como
pintura e revestimento de pisos e azulejos. Elas são mais cuidadosas que os
homens e podem fazer isso melhor”, destaca.

Parreira aponta também o crescimento no número de matrículas de alunas nos
cursos técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-Bauru),
especialmente no de Edificações. Larissa Fiorenzi, 16 anos, é uma dessas
alunas. Moradora de Pederneiras, ela também cursa o 2º ano do ensino médio no
Sesi. “Eles apresentaram três tipos de cursos técnicos para a gente e eu me
interessei muito pelo de Edificações porque pode me ajudar na carreira de
arquiteta que eu quero seguir”, explica.

Segundo a estudante, apesar do equilíbrio entre alunos do sexo masculino e
feminino no curso, as mulheres são maioria na turma de Larissa, que iniciou as
atividades no começo desse ano. “Nós estamos na frente, mostrando para a
sociedade que não existem atividades exclusivas de homens ou mulheres. Todos
podemos fazer tudo o que quisermos”, destaca.

Larissa Caires Stratassoni, 17 anos, também está matriculada no curso de
Edificações do Senai e mostra estar bastante empolgada com as aulas. “No
mercado de trabalho, a gente fica no meio termo entre o arquiteto e o mestre de
obras. Quando me formar, posso assinar construções de prédios menores. Temos
aulas teóricas, práticas e de desenho técnico. Já aprendi a assentar tijolos e
medir o nivelamento da obra”, conta animada.


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