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AGÊNCIA CBIC

15/07/2011

Brasil S/A

"Cbic"
15/07/2011 :: Edição  136

 

Estado de Minas/MG 15/07/2011
 

Brasil S/A

O senhor do dólar se mostra aturdido; a senhora do euro, confiante demais. E o mundo balança  

 
 Antônio Machado 
 
 "Há riscos, muito riscos no cenário mundial", escreveu o analista Sidnei Nehme, da corretora NGO, em seu comentário matinal, ecoando sentimento recorrente em todo o mundo: o de proximidade de eventos decisivos na esteira da grande crise financeira global, que já vai entrando em seu quarto ano, intercalada por tréguas cada vez mais curtas na Europa e nos EUA. O risco de pânico não é exagero.
 No Eurointelligence, serviço diário do economista alemão Wolfgang Münchau, colunista do Financial Times, a nota principal de quinta-feira adverte que cresceu "o risco de um grande acidente na Europa nos próximos dias" pela falta de decisão para a sangria provocada pelo endividamento impagável da Grécia, e agravada pela relutância da Alemanha, o gigante do euro, em tomar as rédeas da crise.
 Lá, como nos EUA, as lideranças políticas se mostram assombradas, incapazes de concordarem com qualquer programa de prazo maior que um semestre, e às vezes nem isso. É o que atesta o embate entre o governo Barack Obama e a oposição republicana sobre a extensão do teto do endividamento público dos EUA, hoje de US$ 14,3 trilhões, vencido há semanas e que se esgotará em 2 de agosto.
 Os republicanos exigem um duro programa de corte de gastos, com o que Obama concorda, se acompanhado de aumento de impostos sobre as grandes fortunas, o seu preço para navalhar políticas sociais como a assistência gratuita de saúde e aposentadoria, e isso depois de já ter enxugado o mastodôntico orçamento militar. O obstáculo é o aumento de imposto, anátema para a direita republicana. Obama está de mãos atadas, já que a oposição tem maioria na Câmara.
 De cada US$ 1 que o governo gasta, segundo o Wall Street Journal, US$ 0,40 são papéis de dívida, tomados, entre outros, pelo Banco Central do Brasil e, sobretudo, pela China e pelos países árabes petroleiros. Sem isso, segundo o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, o governo vai "rodar só no cheiro da gasolina". Órgãos públicos fecharão as portas. Funcionários não serão pagos. Juros da papelada do Tesouro dos EUA não serão honrados. Será o horror.
 O espectro do calote Já foi assim no governo de Bill Clinton, mas por poucos dias, e também por obra dos republicanos, então majoritários no Congresso. Ninguém acredita no pior. Por cautela, a agência de risco Moody"s pôs em observação a nota tríplice A dos EUA, como fizera semanas atrás a Standard & Poor"s. Caso Obama e o Congresso fracassem, a consequência está escrita: o crédito dos EUA será rebaixado. Ficará no ar o espectro do calote dos papéis referenciados pelo dólar. Impossível ficar tranquilo. E ruim demais para ser verdade.
 Coelho na última hora O que vai acontecer nas próximas semanas, com os EUA às portas do calote e o primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou, falando que sem "solução rápida" para a crise ele não será capaz de manter o programa de reformas (leia-se: corte de gasto público, demissão de funcionários, aumento de impostos, enfim, só purgante) que lhe foi imposto pela União Europeia? Não se sabe. E o tempo passando. O analista Ian Cooper, do serviço Wealth Daily, dos EUA, especula sobre o que deve ser o mais provável, misturando pragmatismo com realismo. "A América vai tirar um coelho do chapéu na última hora, evitando a crise da dívida", ele prevê. E prossegue: "A Europa vai continuar a desmoronar, com a morte lenta do euro acompanhada pela imprensa. O desemprego e o mercado imobiliário não vão melhorar".
 Sem razão para relaxar Se tal cenário for o mais otimista, como formadores de opinião da elite nos EUA e na Europa, tipo Münchau e Paul Krugman, colunista do The New York Times e laureado com um Nobel de Economia, dizem que sim, não há razões para relaxar. Nos EUA, o próprio presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, o lorde do dólar, está inseguro. Nesta semana, ele já descartou um terceiro programa de recompra de papéis do Tesouro carregados pela banca, o tal quantitative easing, ou QE, cuja segunda versão terminou em junho, totalizando emissões de US$ 2 trilhões desde 2008. E acenou que poderá haver outro. "Não temos certeza sobre quais serão os desdobramentos de curto prazo da economia", justificou. Bernanke parece perdido. Já a senhora do euro, a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, se mostra, temerariamente, confiante demais. Ela não acha relevante uma cúpula europeia neste fim de semana para tratar de Grécia e do avanço da crise para a Itália. Com esses pilotos no volante da crise, é melhor parar o mundo que eu quero descer…
 
"Cbic"

 

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